No livro Sociedade do cansaço, traduzido para o português em 2015, o sul-coreano Byung-Chul Han, argumenta que os sofrimentos psíquicos são compreendidos atualmente, sobretudo, como desvios neuroquímicos. Byung-ChulHan sustenta que as sociedades ocidentais não são mais designadas pela negatividade típica de épocas e dispositivos “imunológicos”, cujos mecanismos de defesa são a reação, o estranhamento e o isolamento do estranho como formas de proteção. A sociedade contemporânea distingue-se pelo excesso de positividade. Em sua forma especificamente social, a nomeação adequada do sistema é “sociedade do desempenho”. É dessa maneira que o sul-coreano designa o modo de funcionamento da sociedade ocidental contemporânea pós-disciplinar, já apreendida por outros autores como, por exemplo, “sociedade pós-industrial” (Bell, 1999), “sociedade de controle” (Deleuze, 1992), “capitalismo cognitivo” ou “economia material” (Negri e Lazzarato, 2001;) e “biopolítica” (Foucault, 2008). O excesso de positividade investido para alcançá-la conduz o indivíduo, de forma inexorável, ao esgotamento típico dos sofrimentos psíquicos da nossa época, que são, aos olhos de Han, especialmente a síndrome de burnout e a depressão. Sua tese é explícita: “[a] sociedade disciplinar ainda está dominada pelo não. Sua negatividade gera loucos e delinquentes. A sociedade do desempenho, ao contrário, produz depressivos e fracassados. [...] Esses estados psíquicos [de esgotamento] são característicos de um mundo que se tornou pobre em negatividade e que é dominado por um excesso de positividade”
Considerando o texto que aborda a “sociedade do cansaço”, está correto afirmar que: