Questão
Pontifícia Universidade Católica de Campinas - PUC Campinas
2012
Fase Única
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A luta abolicionista de Joaquim Nabuco faz parte do processo de modernização que se seguiu ao fim do tráfico negreiro em 1850. (...) A modernização proposta por Nabuco extinguiria não só o trabalho compulsório, mas todos os seus condicionamentos econômicos. “Acabar com a escravidão não basta. É preciso destruir a obra da escravidão”. Modernização escorada no contrato de trabalho, mas sem aderir à panaceia do imigrantismo, que foi a solução exclusivista levada a efeito pelas oligarquias sequiosas de mão de obra, mas inteiramente alheias à valorização do trabalhador brasileiro; o ex-escravo foi deixado ao léu; o sertanejo pobre, dito livre, continuou submetido a uma estrutura agrária iníqua ou se viu obrigado a virar um pária urbano nos mocambos esquálidos que já começavam a cogumelar nas periferias das grandes cidades.

(Alfredo Bosi, “Joaquim Nabuco memorialista”. In: Joaquim Nabuco. Minha Formação. São Paulo: Editora 34, 2012. p. 30 e 31)

De tudo quanto propunha a Lei de Terras, de 1850, somente tiveram êxito as determinações que dificultavam o acesso à terra por meio da posse ou a compra a baixo preço. Em suma, na sua execução prevaleceram unicamente os dispositivos que estavam em harmonia com o objetivo imediato da classe latifundiária...

(Adaptado de Alberto Passos Guimarães. Quatro séculos de latifúndio. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1968. p. 134)

Com base nos textos de Alfredo Bosi, de Alberto P. Guimarães e no conhecimento histórico é correto afirmar que a condição de miséria, de insegurança e marginalidade dos ex-escravos, resultou da
A
dificuldade de adaptação dos negros alforriados à condição de trabalhador assalariado, na fase de transição para a República oligárquica e impeliu os negros a se dedicarem a atividades do setor de serviços.
B
indisposição da população negra de promover uma longa e árdua luta por igualdade de direitos, na sociedade brasileira e reduziu a possibilidade de se tornar proprietários através da posse de terras devolutas.
C
falta de uma reforma agrária, na transição do Império para a República, que abriu uma enorme “ferida social" e produziu efeitos tão profundos na sociedade brasileira que podem ser notados ainda, nos dias atuais.
D
ausência de uma estratégia dos negros alforriados do sul do país para se inserirem na sociedade estratificada dos brancos e impediu que o negro lutasse por melhores condições na sociedade pós-escravista.
E
falta de formação de uma poupança, no processo de abolição, dificultou a luta para a obtenção da cidadania plena por boa parte dos negros brasileiros, que são as vítimas diretas da escravidão, até os dias atuais.