O romance “Terra Sonâmbula” do moçambicano Mia Couto e uma manifestação literária que contribuiu para a formação da identidade nacional de Moçambique. Nesse sentido, leia o trecho a seguir e assinale a alternativa que articula a proposta argumentativa do texto e do romance:
“E assim seguia nossa criancice, tempos afora. Nesses anos ainda tudo tinha sentido: a razão deste mundo estava num outro mundo inexplicável. Os mais velhos faziam a ponte entre esses dois mundos. Recordo meu pai nos chamar um dia. Parecia mais uma dessas reuniões em que ele lembrava as cores e os tamanhos de seus sonhos. Mas não. Dessa vez, o velho se gravatara, fato e sapato com sola. A sua voz não variava em delírios. Anunciava um facto: a Independência do país. Nessa altura, nos nem sabíamos o verdadeiro significado daquele anuncio. Mas havia na voz do velho uma emoção tão funda, parecia estar ali a consumação de todos seus sonhos. Chamou minha mãe e, tocando sua barriga redonda como lua cheia, disse: - Esta criança ha-de ser chamada de Vinticinco de Junho. Vinticinco de Junho era nome demasiado. Afinal, o menino ficou sendo só Junho. Ou de maneira mais mindinha: Junhito. Minha mãe não mais teve filhos. Junhito foi o ultimo habitante daquele ventre.”
(COUTO, Mia. Terra sonambula)