A maior violação do dever de um ser humano consigo mesmo, considerado meramente como um ser moral (a humanidade em sua própria pessoa), é o contrário da veracidade, a mentira […]. A mentira pode ser externa […] ou, inclusive, interna. Através de uma mentira externa, um ser humano faz de si mesmo um objeto de desprezo aos olhos dos outros; através de uma mentira interna, ele realiza o que é ainda pior: torna a si mesmo desprezível aos seus próprios olhos e viola a dignidade da humanidade em sua própria pessoa […]. Pela mentira um ser humano descarta e, por assim dizer, aniquila sua dignidade como ser humano. […] É possível que [a mentira] seja praticada meramente por frivolidade ou mesmo por bondade; aquele que fala pode, até mesmo, pretender atingir um fim realmente benéfico por meio dela. Mas esta maneira de perseguir este fim é, por sua simples forma, um crime de um ser humano contra sua própria pessoa e uma indignidade que deve torná-lo desprezível aos seus próprios olhos.
(𝗜𝗺𝗺𝗮𝗻𝘂𝗲𝗹 𝗞𝗮𝗻𝘁. 𝗔 𝗺𝗲𝘁𝗮𝗳𝗶𝘀𝗶𝗰𝗮 𝗱𝗼𝘀 𝗰𝗼𝘀𝘁𝘂𝗺𝗲𝘀, 𝟮𝟬𝟭𝟬.)
Em sua sentença dirigida à mentira, Kant