Em meados de 1916, Anita Malfatti havia retornado de seus estudos na Alemanha e nos Estados Unidos. Com a cabeça cheia de ideias, ela colocou os pés em uma São Paulo conservadora, que claramente ainda não estava pronta para o modernismo.

Assim, a artista decidiu criar uma exposição didática, a fim de apresentar um novo tipo de representação à elite, em 1917. Através de 53 obras autorais, Anita não procurava causar polêmica — se fosse assim, ela exporia seus retratos de nudez masculina.
O fato é que, de volta à São Paulo, Anita sabia que lidaria com um público muito mais atrasado do que em outros lugares que já experimentaram as vanguardas. Para Monteiro Lobato, no entanto, o objetivo não foi alcançado.
Criador do famoso Jeca Tatu, o autor visitou a exposição de Anita e, pouco tempo mais tarde, publicou uma crítica no Estadão. Em 20 de dezembro de 1917, então, o público ficou sabendo sobre a opinião de Monteiro em relação aos quadros de Anita.
De tão rígida, a nota publicada fez com que cinco das oito obras modernistas da artista compradas na exposição fossem devolvidas. Mais tarde, em 1950, Anita contaria que “um amigo de casa ameaçou meus quadros com a bengala, desejando destruí-los”.
Nas folhas de jornal, Monteiro não economizou palavras para reconhecer que, apesar do “talento vigoroso” e “fora do comum” de Anita, a pintura, na verdade, produzia uma “arte anormal”.
Palavras como “paranoia” e “mistificação” também caracterizavam os quadros.

Uma Estudante – Anita Malfatti (1914)
(Disponível em < https://aventurasnahistoria.uol.com.br/noticias/almanaque/arte-de-manicomio-o-inusitado-conflito-entre-monteiro-lobato-e-anita-malfatti.phtml> Acesso em 25 jan. 2021)
Produzida em 1914, a obra Uma Estudante, de Anita Malfatti, utiliza procedimentos de composição que revelam sua aproximação com o