“Nos meus chats de pais do colégio no WhatsApp, ainda não VI. até agora dois pais [homens] comentarem entre si: ‘Vem cá, vai ter casals [curso de férias, em catalão]? Quem vai se matricular?’ Que coisa, né, porque entre as mães não se fala de outra coisa.” Paula é autônoma, tem duas filhas menores de 10 anos e já trabalhava em casa antes da pandemia. Seu marido, assalariado, passou ao teletrabalho desde março, e juntos procuram dividir “meio a meio” a educação e os cuidados com as meninas, assim como as tarefas de manutenção do lar. Ela, entretanto, se sente oprimida por duzentas outras tarefas mentais de controle e administração de seu núcleo familiar. (...) O confinamento e a nova normalidade deixam as mulheres esgotadas, estressadas e dedicando mais horas à manutenção e cuidados que seus pares masculinos. “Os dados mostram que as mulheres estão arcando com a maior parte da carga das tarefas domésticas durante o confinamento”, diz Libertad González, professora de Economia e Empresa da Universidade Pompeu Fabra (UPF), de Barcelona, e membro do Centro de Estudos de Gênero (CEDG). González e Lídia Farré, professora da Econometria, Estatística e Economia Aplicada da Universidade de Barcelona (UB), coordenaram um estudo dividido em duas rodadas que deve provar que o confinamento e a dita nova normalidade não igualaram a balança no lar.
(El País, 28/mai de 2020. Disponível em: https://brasil.elpais.com/smoda/2020-05-28/trabalho-de-madrugadaporque-nao-dou-conta-de-tudo-em-casa-a-nova-normalidademassacra-as-mulheres.html. Acesso em: 28/05/2020)
A pandemia do novo coronavírus direcionou as atenções das relações sociais para os domicílios, pois o isolamento social tornou a vida privada mais rotineira do que a vida pública na ruas, locais de trabalho e estabelecimentos comerciais. Nesse sentido,