A “modernidade” do século XX que se desviou pelos caminhos que foram ter nos campos de concentração nazistas, no sacrifício de Hiroshima pela bomba atômica, nas ditaduras do Leste, na Guerra do Vietnã, na Guerra do Golfo, decorreu de uma combinação de vontade de poder e uso de tecnologias novas indiferentes aos valores da humanização e da socialização. Só nos resta denunciar a inconsciência feroz que se ocultou sob a fachada de racionalização. (...) Para o físico Ampère, a palavra cibernética significava uma arte que, segundo o étimo grego (kybernétes: piloto), deveria “assegurar a todos os cidadãos a possibilidade de fruir plenamente dos benefícios deste mundo”.
(Alfredo Bosi. Dialética da colonização. São Paulo: Companhia das Letras, 1992. p. 361)
A bomba
é uma flor de pânico apavorando os floricultores
A bomba
é o produto quintessente de um laboratório falido
A bomba
é miséria confederando milhões de misérias
Esses versos iniciais já indicam a estrutura fixa de um longo poema de Carlos Drummond de Andrade, “A bomba”. O procedimento básico dessa estrutura implica o seguinte efeito: