Sobre a obra “O Cortiço”, de Aluísio Azevedo, leia o trecho reproduzido e responda à questão seguinte.
“Ouviam-se protestos entre os compradores:
- Me avie, Seu Domingos! Eu deixei a comida no fogo!
- Ó peste! dá cá essas batatas, que eu tenho mais o que fazer!
- Seu Manuel, não me demore essa manteiga!
Ao lado, na casinha de pasto, a Bertoleza, de saias arrepanhadas no quadril, o cachaço grosso e negro, reluzindo de suor, ia e vinha de uma panela à outra, fazendo pratos, que João Romão levava de carreira aos trabalhadores assentados num compartimento junto. Admitira-se um novo caixeiro, só para o frege, e o rapaz, a cada comensal que ia chegando, recitava, em tom cantado e estridente, a sua interminável lista das comidas que havia. Um cheiro forte de azeite frito predominava. O parati circulava por todas as mesas, e cada caneca de café, de louça espessa, erguia um vulcão de fumo tresandando a milho queimado. Uma algazarra medonha, em que ninguém se entendia! Cruzavam-se conversas em todas as direções, discutia-se aos berros, com valentes punhados sobre as mesas. E sempre a sair, e sempre a entrar gente, e os que saíam, depois daquela comezaina grossa, iam radiantes de contentamento, com a barriga bem cheia, a arrotar.”
AZEVEDO, Aluísio. O Cortiço. FTD: São Paulo, 1998. p. 59-50.
O romance em estudo é um dos mais importantes do Naturalismo Brasileiro, e apresenta muitas passagens que o determinam como um “Romance de Multidão”. Sobre a obra e o trecho lidos, é correto afirmar: