Questão
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Pernambuco - IFPE
2009
Fase Única
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Na obra Morte e vida severina, de João Cabral de Melo Neto, há um “momento” em que ocorre uma conversa entre Severino, o retirante sertanejo, e Seu José, mestre carpina, um habitante dos manguezais de Recife. Nessa conversa, Severino pergunta a mestre carpina “se não vale mais saltar / fora da ponte e da vida”. Antes de começar a responder a Severino, mestre carpina é chamado por uma vizinha, que lhe anuncia o nascimento do filho esperado. Depois de ver as saudações a seu filho, mestre carpina continua, com Severino, a conversa interrompida. Observe essa conversa.

– Severino retirante,
deixa agora que lhe diga:
eu não sei bem a resposta
da pergunta que fazia,
se não vale mais saltar
fora da ponte e da vida;
nem conheço essa resposta,
se quer mesmo que lhe diga;
é difícil defender,
só com palavras, a vida,
ainda mais quando ela é
esta que vê, severina;
mas se responder não pude
à pergunta que fazia,
ela, a vida, a respondeu
com sua presença viva.
E não há melhor resposta
que o espetáculo da vida:
vê-la desfiar seu fio,
que também se chama vida,
ver a fábrica que ela mesma,
teimosamente, se fabrica,
vê-la brotar como há pouco
em nova vida explodida;
mesmo quando é uma explosão
como a de há pouco, franzina;
mesmo quando é a explosão
de uma vida severina.

MELO NETO, João Cabral. Morte e vida severina. In: Poesias completas. 3ª Ed. Rio de Janeiro: J. Olympio, 1979, p.236-241

Em “mesmo quando é uma explosão/ como a de há pouco, franzina;/ mesmo quando é a explosão/ de uma vida severina”, a repetição da palavra “mesmo” reforça a idéia de que
A
apesar de tudo, há esperança e, por isso, Severino não deve “saltar fora da ponte e da vida”.
B
a vida nessas condições (“pequena”, “franzina”) não vale a pena e, por isso, é melhor que Severino salte “fora da ponte e da vida”.
C
a explosão é tão “pequena” e “franzina”, que provavelmente não vingará; assim, não há esperança.
D
sendo “a explosão de uma vida severina”, as esperanças de renovação são mínimas; por isso, é melhor Severino saltar “fora da ponte e da vida”.
E
embora Severino tenha assistido à “explosão de uma vida”, esta é “severina”, ou seja, nada vai mudar e ele não deve ter esperança.