O padre jesuíta Antônio Vieira (1608-1697) foi um dos maiores oradores sacros da língua portuguesa. Leia o que escreveu sobre os escravos negros africanos:
Em um engenho sois imitadores de Cristo crucificado: (...) porque padeceis de um modo muito semelhante o que o mesmo Senhor padeceu na cruz, e em toda a sua paixão. (...).
Os dolorosos (...) são os que vos pertencem a vós, como os gozosos aos que, devendo-vos tratar como irmãos, se chamam vossos senhores. Eles mandam, e vós servis; eles dormem, e vós velais; eles descansam, e vós trabalhais; eles gozam o fruto de vossos trabalhos, e o que vós colheis deles é um trabalho sobre outro. (...) E posto que os que o logram é com tão diferente fortuna da vossa; se vós porém vos souberdes aproveitar dela, e conformá-la com o exemplo e paciência de Cristo, eu vos prometo primeiramente que esses mesmos trabalhos vos sejam muito doces, como foram ao mesmo Senhor (...) e que depois – que é o que só importa – assim como agora imitando a São João, sois companheiros de Cristo nos mistérios dolorosos de sua cruz; assim o sereis nos gloriosos da sua ressurreição e ascensão.
(Sermões do rosário: sermão XIV, 1633. Citado por Inês Inácio e Tânia de Luca, Documentos do Brasil Colonial)
Nesse trecho, o Padre Vieira