Questão
Simulado USP - FUVEST
2020
1ª Fase
VER HISTÓRICO DE RESPOSTAS
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O pícaro é um herói único porque, por meio de suas atitudes, rebaixa a si mesmo, por desprezo à classe social à qual pertence, mas também rebaixa as classes privilegiadas, por inveja.

Como seu grande objetivo é ascender socialmente, comporta-se como os ricos — não trabalha e ostenta uma falsa imagem por conta do vestuário. Vive de aparências porque este é o caminho mais simples para ser um “homem de bem”, sua meta final. Evidencia assim não só a sua ilicitude, como também a daqueles que detêm o poder. Esse anti-herói nada mais é que uma paródia da promoção social burguesa, em uma sociedade que despreza os valores dessa classe.

É certo que toda obra literária, mesmo que não intencionalmente, reflete a sociedade em que está inserida, algumas vezes relacionando-se à função de compensação, outras de crítica etc. Isso fica ainda mais claro quando tomamos por base o que é o pícaro. Torna-se evidente, através da sua trajetória de vida, a crítica, ou melhor, a sátira a uma estrutura social específica. Então, é possível concluir que o romance picaresco não pode ser visto desvinculado do período histórico ao qual pertence.

(Ferreira, Ana L.P.M. “A Relíquia -Romance Neopicaresco Vitoriano”. Tese de Mestrado, acessível em http://livros01.livrosgratis.com.br/cp060288.pdf, consultado em 28.08.2019)

Esse texto apresenta uma análise de A Relíquia a partir do personagem principal, Raposão, que se configura como um pícaro. Assinale a alternativa que comenta apropriadamente a função do pícaro com o protagonista.
A
Raposão pode ser considerado pícaro somente porque deseja ascensão social e manifesta esperteza suficiente para se tornar um grande burguês no final de sua trajetória.
B
O protagonista, apesar de viver das aparências, acaba por se tornar um homem de bem, já que promete ser sempre sincero.
C
Sua promoção social é irônica e serve como uma paródia, na medida em que a hipocrisia que ele revela em sua conduta leva o leitor a desprezá-lo, embora sejam valores burgueses.
D
A sua trajetória serve como crítica somente a padres e à tradição cultural portuguesa, preservando o burguês representado no romance na figura do bom Crispim.
E
O protagonista manifesta a necessidade de compensação numa sociedade burguesa, pois ele passa da hipocrisia para a sinceridade.