Sobre o poema “O Poeta do Hediondo”, de autoria de Augusto dos Anjos, é CORRETO afirmar que:
I. Os batimentos acelerados do coração sugerem um estado doentio do sujeito lírico, que congrega todas “as desgraças humanas”, levando-o a se dedicar ao canto da “poesia de tudo quanto é morto”. Percebemos, assim, que a poética de Augusto dos Anjos choca pela agressividade, uma vez que esse tipo de poesia não era o que se costumava ouvir nos saraus literários da sociedade da Belle Époque brasileira.
II. Trata-se de uma poesia que se formaliza por meio da matéria orgânica, trazendo a percepção de que tudo aquilo que tem vida caminha rumo ao aniquilamento. Em outras palavras, inserir a putrefação e a decomposição de tudo o que teve vida é, sem dúvida, uma maneira de poetizar o hediondo, o feio, o repulsivo.
III. A partir da influência do niilismo, o poeta se mostra cético em relação à existência ou à possibilidade de uma dimensão espiritual após a morte. A falta de sentido da vida faz com que o poeta mergulhe em um mar de pessimismo diante da certeza da desintegração da matéria.
IV. Para expressar a visão angustiante sobre a existência, Augusto dos Anjos lança mão de uma linguagem que se processa por meio de imagens consideradas antipoéticas, de desagradável efeito, tal é a dramaticidade agressiva que seus versos trazem, deformando a realidade. Nesse sentido, pode-se ver, na poesia do autor, traços do Expressionismo, vanguarda artística que será bastante valorizada pelos artistas que farão parte da Semana de Arte Moderna de 1922.