O poema em prosa A perda da Auréola, de Charles Baudelaire, descreve o encontro entre dois homens em que um relata para o outro sobre a perda de sua “auréola”. Na sua fala o homem diz: “Meu caro, você conhece meu pavor pelos cavalos e pelos carros. Ainda há pouco, enquanto eu atravessava a avenida, com grande pressa, e saltitava na lama por entre este caos movediço em que a morte chega a galope por todos os lados ao mesmo tempo, minha auréola, num movimento brusco, escorregou da minha cabeça para a lama da calçada. Não tive coragem de juntá-la. Julguei menos desagradável perder minhas insígnias do que deixar que me rompessem os ossos. E depois, pensei, há males que vêm para bem. Posso agora passear incógnito, praticar ações vis e me entregar à devassidão, como os simples mortais. E eis-me aqui, igualzinho a você, como vê!”
(Adaptado de Charles Baudelaire, Perda de auréola, in Pequenos poemas em prosa. Edição bilíngue. Florianópolis: Editora da UFSC; Aliança Francesa de Florianópolis, 1988, p. 217.)
No excerto adaptado que você leu, há menção à possibilidade de passar incógnito como “a perda da auréola”. A auréola trata-se de uma figura de linguagem para