“O populismo é produto de uma situação política geradora da ‘proletarização’ de amplas camadas sociais, que em meio à transição para uma sociedade desenvolvida industrialmente perde sua identidade social, transformando-se em ‘massa de manobra’. O fenômeno populista aflora na identificação pelas massas de uma liderança julgada capaz para o exercício do poder de sorte a protegê-la do desemprego e da miséria. O populismo estabelece uma relação direta entre o líder e as massas, exalta o poder público e transforma o líder na própria encarnação do Estado protetor dos trabalhadores pobres e humildes. Nesta relação, os interesses de classe ficam subordinados aos interesses ‘nacionais’, propondo dessa forma a identificação dos trabalhadores com a nação (...) Nestes últimos anos, os historiadores têm procurado reavaliar o sentido que é atribuído ao fenômeno populista. Neste processo em que se estabelece uma relação inorgânica direta entre o líder e as massas, não há apenas uma subordinação mecânica do povo trabalhador com a autoridade no exercício do poder. Há como uma troca que permite, em contrapartida, o fortalecimento dos canais representativos das demandas populares, sejam elas os sindicatos ou partidos, sendo que no caso brasileiro os primeiros foram muito contemplados. Assim, não teria existido uma via de mão única a beneficiar somente os interesses governamentais e sim conquistas – embora tardias – que vieram a atender efetivamente os trabalhadores”.
Lincoln de Abreu Penna. República brasileira. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1999. p. 197 – adaptado).
Com base no texto acima e nos conhecimentos sobre o populismo no Brasil, pode-se afirmar que: