No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus.
Ele estava no princípio com Deus.
(Frase bíblica do Livro de João, capítulo 1.)
É evidente que no princípio foi a interjeição, por causa do espanto diante do fogo, do raio. Depois foi o substantivo para designar a pedra e a chuva. E logo o adjetivo, que fazia tanta falta para ofensas. Mas eles continuam insistindo em que no princípio era o verbo.
(Millôr Fernandes. Millôr Definitivo – A bíblia do caos, 2000. Adaptado.)
No descomeço era o verbo.
Só depois é que veio o delírio do verbo.
O delírio do verbo estava no começo, lá onde a criança diz:
Eu escuto a cor dos passarinhos.
(...)
Em poesia que é voz de poeta, que é a voz de fazer nascimentos –
O verbo tem que pegar delírio.
(Manoel de Barros. O livro das ignorãças, 1993.)
Analise as afirmações:
I. Para Manoel de Barros, o ato poético consiste em transformar a palavra em um espaço de efervescência criativa, muito bem representada pelo substantivo delírio.
II. A frase – Eu escuto a cor dos passarinhos – apresenta uma incompatibilidade semântica entre o produto da ação verbal – cor dos passarinhos – e o sentido do verbo escutar.
III. Millôr Fernandes atribui à interjeição o papel de expressar as emoções diante dos acontecimentos mundanos.
Está correto o que se afirma em