austera: caráter severo; 

rígido; rigoroso 

caudal: que jorra ou escorre em abundância 

legião: corpo ou divisão de qualquer exército 

Quimera: fantasia, sonho, ilusão

01) A poesia de Cruz e Sousa, marcada por traços filosóficos e pela angústia metafísica, faz uso frequente de maiúsculas alegorizantes (“Esfera”; “Primavera”; “Quimera”), ultrapassando o sentido denotativo dos substantivos comuns. Desse modo, as palavras ganham força expressiva.

02) Denominados de nefelibatas (gente que vive nas nuvens), os simbolistas entendiam a natureza como meio de acesso que possibilitaria a entrada no mundo das essências, dos sentidos. No poema, os termos “Estrelas”, “flores”, funcionando como símbolos, podem ser considerados vias de investigação acerca do desconhecido (“Quem sabe”).

04) O soneto apresenta prosopopeia (“No fundo melancólico da Esfera,”) e intensa exploração de musicalidade expressa principalmente na métrica (versos decassílabos), nas aliterações (“Finas flores”; “pérolas e prata,”), nas assonâncias (“Toda a caudal das ilusões insanas.”); nas rimas interpoladas e emparelhadas.

08) A busca do eu, traço característico da poesia simbolista, apresenta-se no poema quando o eu lírico indaga: “Quantos mistérios andarão errantes, / Quantas almas em busca de Quimera,” e “Soluçarão, nos altos céus radiantes.”. Na última estrofe, essa busca fica ainda mais clara: “Quem sabe, pelos tempos esquecidos, / Se as estrelas não são os ais perdidos

/ Das primitivas legiões humanas?!”

16) O emprego de elementos que remetem às cores claras, bem como os efeitos sinestésicos sugeridos pelos sentidos da visão (“flores de pérolas e prata”) e da audição (“Soluçarão”) colaboram para a realização das correspondências entre a postura materialista da sociedade carioca, que busca a verdade na realidade concreta, e o retrato da aristocracia hipócrita do fim do século XIX e início do século XX.