Questão
Universidade Federal do Maranhão - UFMA
2008
1ª Fase
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A questão a seguir refere-se a uma passagem da Bíblia Sagrada (“Primeira Epístola do Apóstolo Paulo aos Coríntios”) e a uma canção do grupo Legião Urbana, intitulada “Monte Castelo”. 



Legião Urbana - Monte Castelo

Ainda que eu falasse a língua dos homens.
E falasse a língua dos anjos, sem amor eu nada seria.

É só o amor, é só o amor.
Que conhece o que é verdade.
O amor é bom, não quer o mal.
Não sente inveja ou se envaidece.

O amor é o fogo que arde sem se ver.
É ferida que dói e não se sente.
É um contentamento descontente.
É dor que desatina sem doer.

Ainda que eu falasse a língua dos homens.
E falasse a língua dos anjos, sem amor eu nada seria.

É um não querer mais que bem querer.
É solitário andar por entre a gente.
É um não contentar-se de contente.
É cuidar que se ganha em se perder.

É um estar-se preso por vontade.
É servir a quem vence, o vencedor;
É um ter com quem nos mata a lealdade.
Tão contrário a si é o mesmo amor.

Estou acordado e todos dormem todos dormem todos dormem.

Agora vejo em parte. Mas então veremos face a face.

É só o amor, é só o amor.
Que conhece o que é verdade.

Ainda que eu falasse a língua dos homens.
E falasse a língua dos anjos, sem amor eu nada seria.

Da leitura dos textos acima, depreende-se que a canção “Monte Castelo”, do grupo Legião Urbana retoma dois outros gêneros textuais consagrados como a “Primeira Epístola do Apóstolo Paulo aos Coríntios” e o soneto de Camões. Para os compositores de “Monte Castelo”
A
a “Primeira Epístola do Apóstolo Paulo aos Coríntios” se aproxima do soneto de Camões no que concerne às contradições do espírito humano, ora soberbo e hipócrita, ora humilde e verdadeiro. 
B
o soneto de Camões contraria o pensamento bíblico, na medida em que enaltece a contradição inerente às paixões humanas, mergulhadas na luxúria e na posse do ser amado. 
C
tanto o apóstolo Paulo quanto Camões concebem o amor enquanto sentimento que transcende as paixões humanas e trilha o caminho da edificação espiritual.
D
Camões, por pertencer à época do Renascimento, valoriza a condição humana em detrimento da divina, o que o distancia, conseqüentemente, da mensagem espiritual do apóstolo Paulo.
E
o diálogo entre o discurso bíblico e o poema camoniano atinge as raias da inépcia, dado o comportamento impassível do eu-lírico diante da coita d’amor.