No relato de Claudius Hermann, em Noite na Taverna, Eleonora deixa sobre o leito um papel contendo versos, cujo autor é o próprio Hermann, referindo-se ao seu passado de libertinagem.
“Não me odeies, mulher, se no passado
Nódoa sombria desbotou-me a vida,
- É que os lábios queimei no vício ardente
E de tudo descri com fronte erguida.
A máscara de Don Juan queimou-me o rosto
Na fria palidez do libertino:
Desbotou-me esse olhar... e os lábios frios
Ousam de maldizer do meu destino.
Sim! longas noites no fervor do jogo
Esperdicei febril e macilento
E votei o porvir ao deus do acaso
E o amor profanei no esquecimento!
Murchei no escárnio as coroas do poeta,
Na ironia da glória e dos amores:
Aos vapores do vinho, à noite insano
Debrucei-me do jogo nos fervores!
A flor da mocidade profanei-a
Entre as águas lodosas do passado...
No crânio a febre, a palidez nas faces,
Só cria no sepulcro sossegado!
E asas límpidas do anjo em colo impuro
Mareei nos bafos da mulher vendida,
Inda nos lábios me rouxeia o selo
Dos ósculos da perdida.
a) Nota-se, no poema, a imagem do fogo representando o vício que consumiu Hermann em seu passado devasso. Cite ao menos três vocábulos presentes no poema que confirmem essa imagem.
b) O mesmo poema condensa temas de todas as narrativas de Noite na Taverna. Identifique ao menos um deles presente no poema.
c) Tanto os narradores de Noite na Taverna quanto o de Morte e Vida Severina desejam a morte como solução. Estabeleça a diferença de suas razões.