Questão
Universidade Regional do Cariri - URCA
2023
Fase Única
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O romance Sonhos D’Ouro, de José de Alencar, veio precedido de um prefácio que se tornou famoso: “Benção Paterna é uma extensa reflexão que Alencar elabora acerca de sua própria obra, das relações da Literatura Brasileira com a crítica nacional e estrangeira, além de apresentar um esquema simplificado dos temas elaborados em seus romances, em subconjuntos a que ele chamou de fases. O alentado prefácio se encerra com a seguinte frase: “O povo que chupa o caju, a manga, o cambucá e a jabuticaba, pode falar uma língua com igual pronúncia e o mesmo espírito do povo que sorve o figo, a pera, o damasco e a nêspera?”. O argumento oculto na pergunta aparentemente ingênua do romancista cearense:
A
demonstra que o espírito romântico nacionalista promove uma das primeiras tentativas de descolonização da cultura, ao propor que o português usado no Brasil devesse diferenciar-se do português e das demais línguas europeias.
B
 revela que o autor absorveu os conselhos do crítico francês Ferdinand Denis, que recomendará a intelectualidade brasileira a adoção de temas e linguagem de caráter universal, mais próximos do gosto europeu.
C
 exemplifica mais um dos momentos em que o pensamento de Jose´ de Alencar se volta para o combate da anglicização de nossa cultura e de nossas letras, que estavam profunda- mente marcadas por uma hegemonia do gosto anglo-saxão.
D
 entra em contradição com o enredo do romance cuja apresentação pretendia fazer, uma vez que recomenda nacionalizar os meios de expressão, ao mesmo tempo em que produz um enredo ambientado nos anos dourados da Grécia clássica.
E
 e´ apenas mais um episódio em que o romancista se deixa dominar pela obsessão que alimentou, ao longo de toda a sua obra, pelo emprego de vocábulos representativos das transformações que a língua portuguesa sofreu em contato com as línguas dos nossos povos originários.