Os soldados já estavam nas trincheiras, armas à mão; o canhão tinha ao lado a munição necessária. Uma lancha avançava lentamente, com a proa alta assestada para o posto. De repente, saiu de sua borda um golfão de fumaça espessa: Queimou! —gritou uma voz. Todos se abaixaram, a bala passou alto, zunindo, cantando, inofensiva. A lancha continuava a avançar impávida. Além dos soldados, havia curiosos, garotos, a assistir o tiroteio, e fora um destes que gritara: queimou! Com o tempo, a revolta passou a ser uma festa, um divertimento da cidade.... Alugavam-se binóculos e tanto os velhos como as moças, os rapazes como as velhas, seguiam o bombardeio como uma representação de teatro: "Queimou Santa Cruz! Agora é o 'Aquidabã'! Lá vai". E dessa maneiraa revolta ia correndo familiarmente, entrando nos hábitos e nos costumes da cidade.
BARRETO, Lima. Triste fim de Policarpo Quaresma. 17. ed. São Paulo: Ática, [s.d.]. (Bom Livro).
Ambientado durante a República da Espada, o Triste Fim de Policarpo Quaresma retrata o cotidiano de um movimento ocorrido no Rio de Janeiro intitulado: