Se te pareço noturna e imperfeita
Olha-me de novo. Porque esta noite
Olhei-me a mim, como se tu me olhasses.
E era como se a água
Desejasse
Escapar de sua casa que é o rio
E deslizando apenas, nem tocar a margem.
Te olhei. E há tanto tempo
Entendo que sou terra. Há tanto tempo
Espero
Que o teu corpo de água mais fraterno
Se estenda sobre o meu. Pastor e nauta
Olha-me de novo. Com menos altivez.
E mais atento.
Hilda Hilst (Disponível em: https://www.culturagenial.com/hilda-hilst-melhores-poemas/ Acesso em 19 de agosto de 2021)
Na primeira e na penúltima estrofe, a palavra “se” repete-se em condições morfológicas distintas. Seus sentidos também evidenciam a diferença de uso, uma vez que revelam respectivamente