O tempo perguntou pro tempo quanto tempo o tempo tem. O tempo respondeu pro tempo que o tempo tem tanto tempo quanto tempo o tempo tem. A indagação presente no jogo verbal popular constitui-se numa das mais intrigantes questões que acompanham os homens de todas as épocas: compreender as razões do tempo. Oswald de Andrade assegura que as coisas vão e vêm não em vão; outros autores brasileiros também têm apresentado suas reflexões, imagens, metáforas e representações literárias do tempo.
Esta prova focaliza o tema do tempo e o tratamento a ele concedido por diferentes escritores brasileiros, em momentos de nossa história literária.
Leia o texto que segue, intitulado “Amanhã”, do poeta Gonçalves Dias.
Amanhã! – é o sol que desponta,
É a aurora de róseo fulgor,
É a pomba que passa e que estampa
Leve sombra de um lago na flor.
Amanhã! – é a folha orvalhada,
É a rola a carpir-se de dor,
É da brisa o suspiro, – é das aves
Ledo canto, – é da fonte – o frescor.
Amanhã! – são acasos da sorte;
O queixume, o prazer, o amor,
O triunfo que a vida nos doura,
Ou a morte de baço palor.
Amanhã! – é o vento que ruge,
A procela d’horrendo fragor,
Mal soltando um alento de dor.
É a vida no peito mirrada,
Amanhã! – é a folha pendida.
É a fonte sem meigo frescor,
São as aves sem canto, são bosques
Já sem folhas, e o sol sem calor.
Amanhã! – são acasos da sorte!
É a vida no seu amargor,
Amanhã! – o triunfo, ou a morte;
Amanhã! – o prazer, ou a dor!
Amanhã! – o que val’, se hoje existes
Folga e ri de prazer e de amor;
Hoje o dia nos cabe e nos toca,
De amanhã Deus somente é Senhor!
Sobre o texto, pode-se afirmar que:
I. A imprevisibilidade do tempo é o tema do poema.
II. O poeta constrói várias metáforas relacionando o tempo à natureza.
III. A imagem recorrente da dor reforça o tom negativo do poema.
IV. O poeta atribui aos homens a responsabilidade pelo controle do tempo.
V. O homem deve aproveitar o presente, porque esse é o tempo de que dispõe.
Pela análise das afirmativas, conclui-se que estão corretas, apenas,