texto 2
Sete anos de pastor Jacó servia
Labão, pai de Raquel, serrana bela;
Mas não servia ao pai, servia a ela,
E a ela só por prêmio pretendia.
Os dias, na esperança de um só dia,
Passava, contentando-se com vê-la;
Porém o pai, usando de cautela,
Em lugar de Raquel lhe dava Lia.
Vendo o triste pastor que com enganos
Lhe fora assim negada a sua pastora
Como se a não tivera merecida,
Começa de servir outros sete anos,
Dizendo: — mais servira, se não fora
Para tão longo amor tão curta a vida!
CAMÕES, Luís de. Lírica; organização de José Lino Grünewald. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1992, p. 58.
texto 3
Serviu a uma Pastora Indiana, e bela,
Porém serviu a Índia, e não a ela.
Que à Índia só por prêmio pretendia.
Mil dias na esperança de um só dia
Passava contentando-se com vê-la:
Mas Fr. Thomás usando de cautela,
Deu-lhe o vilão, quitou-lhe a fidalguia.
Vendo o Brasil, que por tão sujos modos
Se lhe usurpara a sua Dona Elvira,
Quase a golpes de um maço, e de uma goiva:
Logo se arrependeram de amar todos,
E qualquer mais amara, se não fora
Para tão limpo amor tão suja Noiva.
MATOS, Gregório de. Obra poética. Rio de Janeiro: Record, 1992, p. 678.
Em uma leitura comparativa entre os Textos 2 e 3, é possível afirmar que