A tradição oral tem a função de preservar histórias, de garantir às novas gerações indígenas ou afro-brasileiras o conhecimento de seus antepassados. Para muitos grupos a oralidade é a única forma de resgatar e preservar sua ancestralidade. Hoje, mais de um milhão de brasileiros não possuem o português como sua língua materna. Temos mais de 200 línguas em nosso território, onde muitas são indígenas e não possuem qualquer tradição escrita. Essas línguas aos poucos vêm se perdendo. A cada ano a preservação pelas novas gerações tem se tornado um desafio maior. Atualmente, milhares de brasileiros com ancestrais afro-brasileiros e indígenas desconhecem sua própria história ou acreditam não ter uma de fato.
Quando nossas histórias não estão em livros e as únicas referências a nossos ancestrais estão fundadas em frases como: “Os europeus chegaram ao Brasil e…”, “Milhares foram mortos…” ou “Tantos foram escravizados…”, é compreensível acreditar que nós não carregamos uma história para além de genocídios e sofrimentos e pensar que nossos ancestrais não têm nada a nos ensinar… Mas eles têm o que ensinar e já vêm nos ensinando há muito tempo, não apenas para nós (afro-brasileiros e indígenas) mas para toda uma sociedade. O conhecimento e as práticas religiosas, o uso de plantas medicinais, o cultivo do alimento, o combate às pragas, as danças, as histórias, a pesca, a caça, tudo isso nos foi passado através da oralidade, não existem livros que nos expliquem como é a reza que nossa bisavó fazia ou o poder da planta que ela utilizava, mas nem por isso os desconhecemos.
(Fabiana Pinto. “Tradição oral e a preservação de culturas”. www.revistacapitolina.com.br, 24.03.2016. Adaptado.)
As informações do texto evidenciam que a tradição oral é um