[...] O uso social do corpo é uma dimensão da antropologia da pessoa que assinala como socialmente construída a maneira como caminhamos, sorrimos ou rimos, olhamos, escutamos ou empreendemos muitas das funções consideradas naturais de nossos corpos. Quando duas pessoas se olham, por exemplo, há diferenças notáveis conforme a nacionalidade: os brasileiros podem olhar alguém de seu próprio sexo ou do outro sexo de forma muito direta, com contato direto entre os olhos. No entanto, em países europeus, não se deve olhar frontalmente nos olhos do outro, pois isso pode significar uma tentativa de sedução. Os brasileiros se comunicam com outras pessoas por diversas formas de contato corporal muito direto: pelo olhar, com abraços e beijos, tocando no corpo alheio para chamar a atenção – o que, por exemplo, na França, seria considerado inadequado e possivelmente interpretado como um avanço indesejado e talvez agressivo.
HEILBORN, Maria Luiza. Entre as tramas da sexualidade brasileira. Estudos Feministas, Florianópolis, v. 14, n. 1, p. 336, janeiro-abril/2006.
Considerando o fragmento de texto acima e as elaborações de Émile Durkheim, responda aos itens abaixo.
A) Explique como as diferenças de significado da “troca de olhares” entre diferentes nacionalidades podem ser compreendidas como parte da consciência coletiva.
B) Explique de que maneira o uso social do corpo, descrito no exemplo acima, pode ser considerado um fato social.