O véu foi, originalmente, introduzido nas antigas civilizações da Pérsia e da Mesopotâmia e, mais tarde, na cultura greco-romana. Caracterizava o status feminino elevado, conferindo-lhe uma certa inacessibilidade.
Habitual entre as mulheres judias, tornou-se, também, uma referência das damas cristãs em Bizâncio e na Idade Média ocidental. O profeta Mohammed [Maomé] instituiu o uso do véu no século VI, na Arábia, para que as muçulmanas também gozassem da mesma dignidade das demais seguidoras entre os povos do Livro, isto é, da Torá e do Evangelho. Deste modo, numa época selvagem e belicosa, quando a lei mal se delineava, o véu era uma salvaguarda. Porém, mais do que isso, o seu uso simbolizava a elevação espiritual da condição feminina, assim como o turbante concedia aos homens a sacralização da cabeça.
O Islã pretendeu, através do sacerdócio universal, estender a toda a Umma (Comunidade) uma vestimenta que tornasse os fiéis iguais diante de Deus. Portanto, o uso do véu nunca designou a submissão feminina, embora uma política gradualmente machista — muito distante da época em que as mulheres muçulmanas cavalgavam e guerreavam ao lado dos homens — refreou suas liberdades e, na mesma medida, seu rosto foi se tornando anônimo.
Com o tempo, o véu — burkas, xadors e abayas — veio a cair nas mãos de uma intolerância patriarcal cada vez maior, tornando-se motivo de apologia entre os fundamentalistas: wahabbitas da Arábia Saudita, radicais xiitas do Irã pós-Khomeíni, talibãs afegãos e guerrilheiros do Hamas, na Palestina. Para estes, o véu se tornara uma arma de controle e exclusão da mulher, privada de escolha quanto à sua própria indumentária. Países, como o Iraque e o Líbano, nas últimas décadas, promoveram uma progressiva libertação do corpo feminino e seus costumes.
Entretanto, hoje em dia, essa questão se reverte, pois muitas mulheres muçulmanas passaram a reivindicar o uso do véu, tanto no Oriente Médio quanto na Europa, como uma afirmação de sua identidade religiosa e como um ato de resistência cultural. (ANUKIT, 2007).
De acordo com o texto,