A visão literária de Guimarães Rosa (1908-1967) ao mesmo tempo recolhe e transcende a realidade, trazendo-a de volta mediante linguagem e imagens inesquecíveis. Quando perguntavam a Rosa como podia escrever sobre o sertão fisicamente longe do verdadeiro sertão, respondia ele, apontando a própria testa e o coração, que o seu sertão era “metafísico”, estava ali dentro, na sua mente, em forma de ideia e sentimento. O sertão, em outro sentido, é o próprio mundo, desde que, dentro dos limites daquela região geograficamente restrita, experimentemos com radicalidade tudo o que diz respeito à vida humana.
Grande sertão: veredas, sua obra-prima, é uma grande aula sobre importantes temas existenciais: o amor, a maldade, a morte, a coragem, o medo, o destino, a liberdade, a dúvida, a crença. O aluno é aquele “senhor” a quem o protagonista e narrador Riobaldo se dirige constantemente ao longo do relato. Em dado momento, explicando-lhe como se faz o pacto com o demônio, de como o Coxo, o Capiroto, o Cujo aparece numa encruzilha, à meia-noite, Riobaldo pergunta: “O senhor imaginalmente percebe?”.
(Revista Educação, agosto de 2008, edição 136)
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