Por Estratégia Vestibulares
A Fuvest, responsável pela elaboração e aplicação do vestibular da Universidade de São Paulo (USP), divulgou as listas de obras de leitura obrigatória para as edições de 2026, 2027, 2028 e 2029 do exame. A novidade das novas listas é que de 2026 a 2028 foram escolhidas apenas obras escritas por mulheres, e em Língua Portuguesa. A ideia dos organizadores da prova é valorizar o papel da mulher na Literatura.
“Muitas delas foram alvo de décadas de invisibilidade pelo fato de serem mulheres”, comentou a presidente do Conselho Curador da Fuvest e vice-reitora da USP, Maria Arminda do Nascimento Arruda, ao jornal da USP, ao anunciar as listas. Autores homens como, por exemplo, Machado de Assis e Érico Veríssimo retornarão apenas na lista de obras da edição de 2029 do vestibular. Conheça, a seguir, quem são as autoras da nova lista de obras obrigatórias da Fuvest:
Natural do Rio Grande do Norte, Nísia nasceu em 1810 e viveu em vários lugares do Brasil e da Europa. No Velho Continente, conviveu com Augusto Comte, filósofo que inaugurou o Positivismo. A filósofa e escritora é considerada uma das primeiras feministas brasileiras, e foi a primeira mulher a publicar textos em jornais, questionando o papel social das mulheres e defendendo direitos para negros e indígenas. – Obras cobradas: Opúsculo Humanitário (1853) e Conselhos à minha filha (1842).
Narcisa Amália de Campos além de escritora, poetisa e crítica literária, foi a primeira mulher a se profissionalizar no jornalismo no Brasil. Nascida em 1852, no interior do estado do Rio de Janeiro, começou cedo na carreira literária e, aos 20 anos, escreveu o poema “Nebulosas”, que exalta a natureza, a pátria e as lembranças da infância. Em 1884, fundou o jornal quinzenal “O Gazetinha”, onde defendia a República, a abolição e os direitos das mulheres. – Obra cobrada: Nebulosas (1872).
Nascida em 1862, no Rio de Janeiro, Júlia mudou-se com a família, ainda na infância, para o interior de São Paulo, onde publicou seus primeiros textos literários na “Gazeta de Campinas”. Anos mais tarde, passou a publicar no jornal carioca “O País” e na revista feminista “A Mensageira”, de São Paulo. Júlia também integrou o grupo de escritores que criou a Academia Brasileira de Letras (ABL). Seu nome constava na primeira lista dos 40 “imortais” que fundaram a entidade. – Obra cobrada: Memórias de Martha (1899).
Nascida em 1910, em Fortaleza, Rachel foi a primeira mulher a entrar para a Academia Brasileira de Letras e a primeira mulher a receber o Prêmio Camões. Na década de 1930, tornou-se militante do Partido Comunista Brasileiro (PCB), o que a fez ser presa e publicar o livro “O Caminho das Pedras”, em 1937. – Obras cobradas: João Miguel (1932) e Caminho de pedras (1937).
Clarice nasceu na Ucrânia, em 1920, sob o nome de Haya Pinkhasovna Lispector. Sua família era judia e ao imigrar para o Brasil também precisaram mudar seus nomes. A escritora iniciou sua carreira como redatora da “Agência Nacional”, em 1941. Na carreira como escritora, Clarice ainda colecionou prêmios como Jabuti e Graça Aranha. Nunca se candidatou para ingressar na Associação Brasileira de Letras, por se considerar "terrivelmente mortal". – Obra cobrada: A paixão segundo G. H. (1964).
A escritora e poetisa nasceu em 1919, na cidade de Porto, em Portugal, e é considerada uma das mais importantes poetisas do País no século XX, tendo sido, inclusive, a primeira mulher portuguesa a receber o Prêmio Camões. Sophia teve forte atuação política, militando contra a ditadura de Salazar (1926 – 1974). Foi candidata pela Oposição Democrática nas eleições legislativas de 1969, e após a queda da ditadura, foi deputada da Assembleia Constituinte. – Obras cobradas: O Cristo Cigano (1961) e Geografia (1967).
A escritora nasceu em Maputo, uma cidade de Moçambique, em 1955. Na juventude teve grande participação política, atuando na Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), durante a Guerra de Independência contra Portugal. Seu primeiro romance, “Balada de amor ao vento”, foi publicado em 1990, aos 35 anos. As obras de Paulina são caracterizadas pela prevalência da voz feminina, crítica de costumes e exaltação da diversidade cultural de seu país. – Obra cobrada: Balada de amor ao vento (1990).
Considerada uma das mais influentes escritoras do pós-modernismo brasileiro, Maria da Conceição Evaristo de Brito nasceu em 1946, na favela do Pindura Saia em Belo Horizonte. Na capital carioca e em Niterói, já nos anos 70, Conceição foi professora primária e, após anos de estudos, foi pesquisadora-docente na UFF. Escreveu livros nos gêneros de poesia, conto, ensaio e romance. Várias das obras são ou foram parte de listas de vestibulares brasileiros. – Obra cobrada: Canção para ninar menino grande (2018).
Ana Djaimilia dos Santos Pereira de Almeida Brito é uma escritora nascida em Luanda, capital de Angola, em 1982, mas criada em Lisboa, Portugal. Seu primeiro livro, chamado “Esse Cabelo”, foi publicado em 2015 e trata da experiência de uma garota de pele negra e cabelo crespo, na sociedade portuguesa nos anos 1980. Atualmente ela escreve para a “Revista Quatro Cinco Um” e é professora na New York University (NYU). – Obra cobrada: A visão das plantas (2019).
Nascida na capital paulista, em 1923, Lygia publicou seu primeiro livro de contos, “Porão e Sobrado”, aos 15 anos. Ainda estudante, colaborou com os jornais “Arcádia” e “A Balança”, e frequentou encontros de literatura com os modernistas Mário de Andrade e Oswald de Andrade. Lygia foi membro da Academia Paulista de Letras, da Academia Brasileira de Letras, Academia de Ciências de Lisboa e colecionou prêmios como o Jabuti e o Prêmio Internacional de Escritoras. – Obra cobrada: As meninas (1973).
Web Stories: Leonardo Del Sant Textos: Beatriz Santana, Isabela Giordan, Larrani Ferreira e Leonardo Del Sant Imagens: Governo do Estado de São Paulo, Divulgação, Fernando Frazão/Agência Brasil, Reprodução/Facebook, Reprodução/Universidade de Coimbra, Acervo Instituto Moreira Salles, Wikipedia, Acervo Mulheres Ilustres do Brasil, Shutterstock, Freepik.