A sintaxe de concordância é um dos pilares da sintaxe da língua portuguesa, pois trata das relações entre os elementos de uma oração que devem estar articulados de forma lógica para garantir uma comunicação eficaz.
Logo, o domínio da concordância de verbos e nomes é crucial para transmitir uma mensagem clara e precisa. Ademais, esse assunto é indispensável para quem busca se destacar tanto na resolução de questões quanto na redação das provas de vestibulares.
Pensando nisso, o Estratégia Vestibulares preparou este guia, que vai te ajudar a compreender a sintaxe de concordância. Confira!
Navegue pelo conteúdo
Concordância verbal
Na concordância verbal, em geral, o verbo deve concordar com o sujeito em número (singular/plural) e pessoa (1ª, 2ª ou 3ª pessoa).
Exemplos:
- “O menino dorme.” (singular)
- “Os meninos dormem.” (plural)
Concordância verbal: casos particulares
Sujeito coletivo
Sem determinante
O verbo concorda no singular com o coletivo, ainda que o termo em si expresse a ideia de que há mais de um elemento.
Exemplos:
- “A multidão aplaudiu.”
- “O grupo entregou a atividade.”
Com determinante
O verbo pode concordar com o sujeito coletivo (singular) ou com o determinante no plural.
Exemplos:
- “O grupo de alunos entregou a atividade.” ou “O grupo de alunos entregaram a atividade.”
- “A multidão de alunos aplaudiu de pé.” ou “A multidão de alunos aplaudiram de pé.”
Expressões partitivas
As expressões partitivas são aquelas que indicam uma parte de um todo. Por exemplo: a maioria de, a minoria de, a metade de e grande parte de, entre outras. Veja as regras de concordância a seguir:
Sem determinante
O verbo concorda com o partitivo.
Exemplo:
- “A maioria votou a favor.”
Com determinante
A concordância é facultativa, podendo o verbo concordar com o sujeito coletivo (singular) ou com o determinante no plural.
Exemplo:
- “A maioria dos deputados votou a favor da proposta.” ou “A maioria dos deputados votaram a favor da proposta.”
Sujeito oracional
Quando o sujeito é uma oração subordinada, o verbo fica no singular.
Exemplos:
- “Saber a verdade é essencial.”
Sujeito oracional: “saber a verdade”
Verbo: “é”
- “Convém reclamar por justiça.”
Sujeito oracional: “reclamar por justiça”
Verbo: “convém”
Sujeito composto
Quando o sujeito possui mais de um núcleo, a concordância varia conforme a posição do sujeito em relação ao verbo:
Anteposto ao verbo
O verbo fica no plural.
Exemplo:
- “José e Maria foram ao parque.”
Posposto ao verbo
Concordância no plural ou com o núcleo mais próximo.
Exemplo:
- “Foram ao parque José e Maria” ou “Foi ao parque José e Maria.”
Pessoas gramaticais diferentes
A concordância deve seguir a prioridade na ordem 1ª pessoa do plural > 2ª pessoa do plural > 3ª pessoa do plural.
Exemplos:
- “Eu e tu faremos o relatório.” (Concordância na 1ª pessoa do plural)
- “Tu e ele fizestes o relatório.” (Concordância na 2ª pessoa do plural)
Verbos impessoais
Os verbos impessoais são invariáveis, pois não possuem sujeito. Veja, a seguir, exemplos de verbos impessoais:
Fenômenos da natureza
- Chover: “Choveu muito ontem à noite.”
- Nevar: “Nevou no sul do país.”
- Amanhecer/entardecer: “Amanheceu cedo hoje.”
Verbo “haver” no sentido de existir
- Errado: “Haviam muitos alunos na aula.”
- Correto: “Havia muitos alunos na aula.”
Atenção: o verbo “haver” quando trocado por “existir”, deve concordar com o sujeito da frase.
Exemplo na poesia
- “Há homens que andam no mar como se andassem na rua.” (Segredo, Carlos Drummond de Andrade)
Ao substituir “há” por “existir”, a concordância muda para o plural, ficando da seguinte forma: “Existem homens que andam no mar como se andassem na rua.”
Verbo “fazer” indicando tempo decorrido
- Errado: “Fazem dois anos que nos mudamos.”
- Correto: “Faz dois anos que nos mudamos.”
Outros casos especiais de concordância verbal
Verbo “ser”
A concordância do verbo “ser” geralmente é feita com o sujeito gramatical da oração, como em “Eu sou confiável”. Porém, há casos em que o verbo concorda com o predicativo do sujeito. Confira a seguir:
“tudo”, “nada”, “isto”, “isso” e “aquilo” como sujeito
Exemplos:
- “Isto é um caso raro que pode acontecer.”
- “Isto são casos raros que podem acontecer.”
- “Tudo o que ela quer é passear e se divertir.”
“que” ou “quem” como sujeito
Exemplos:
- Que é este presente?
- Quem são estas meninas?
Nos exemplos acima, “este(s) presente(s)” e “esta(s) menina(s)” são os predicativos com os quais o verbo deve concordar.
“ser” indicando tempo e distância
O verbo concorda com o numeral.
Exemplos:
- “São dez horas.”
- “É um quilômetro até a escola.”
- “Hoje são treze de maio.”
Porém, quando a palavra “dia” está explícita ou subentendida, o verbo permanece no singular:
- “Hoje é (dia) treze de maio.”
- “Amanhã é dia treze de maio.”
Verbo “ser” invariável
Há ainda outras situações em que “ser” sempre fica no singular:
Indicação de quantidade ou medida
- “Dois quilos de farinha de trigo é muito para estas receitas.”
Sujeito acompanhado da expressão “é que”
- “Eu é que te admiro.”
Concordância com resumidores “tudo”, “nada” e “nenhuma”
- “Maçã, banana, laranja, nenhuma dessas frutas é do meu gosto.”
- “Camisas, calças, casacos, tudo está limpo.”
- “Chocolate, sorvete, bolo, nada disso é saudável.”
Concordância verbal com partícula “se”
Partícula apassivadora
Quando a partícula “se” é apassivadora, para transformar verbos transitivos diretos em uma voz passiva sintética, o verbo deve concordar em número (singular ou plural) com o sujeito paciente da oração.
Exemplos:
- “Vende-se esta casa.” (Isso é equivalente a “esta casa é vendida”)
- “Vendem-se casas.” (Isso é equivalente a “casas são vendidas”)
Partícula de indeterminação
Quando “se” funciona como partícula de indeterminação do sujeito, a concordância sempre é feita com a terceira pessoa do singular. Ocorre com:
Verbos intransitivos
Exemplos:
- “Vive-se bem nestas cidades pequenas.”
- “Dorme-se bem nesta cama.”
Verbos transitivos indiretos
Exemplos:
- “Precisa-se de professores.”
- “Confia-se em pessoas honestas.”
Veja, a seguir, um trecho de “Memórias póstumas de Brás Cubas”, de Machado de Assis:
“Suporta-se com paciência a cólica do próximo”.
Analisando o trecho acima, o verbo “suportar” é transitivo direto, e o “se” atua como partícula apassivadora, indicando a voz passiva sintética. A expressão “com paciência” funciona como um adjunto adverbial de modo deslocado, cuja posição não altera a transitividade do verbo. Logo, a reescrita direta da frase seria: “Suporta-se a cólica do próximo com paciência.” Nesse caso, o verbo explicitamente concorda com o sujeito paciente, que é “a cólica do próximo.”
Concordância nominal
Na concordância nominal, o substantivo deve concordar em gênero e número com seus determinantes, ou seja, com o artigo, numeral, pronome ou adjetivo.
Exemplos:
- “A flor colorida.”
- “As flores coloridas.”
Perceba que nos exemplos acima, há uma perfeita concordância em número e gênero entre o artigo definido “a”, o substantivo “flor” e o adjetivo “colorida”.
Concordância nominal: casos especiais
Um adjetivo para dois ou mais substantivos
Adjetivo após os substantivos
A concordância poderá ser realizada com o substantivo mais próximo ou com o todo.
Exemplos:
- “Conheci rapazes e moças educadas.”
- “Conheci rapazes e moças educados.”
Adjetivo anteposto aos substantivos
Em geral, a concordância obrigatoriamente se dará com o substantivo mais próximo.
Exemplos:
- “Descartei velhos casacos, meias e sapatos.”
Atenção: quando o adjetivo exercer a função de predicativo, ele poderá concordar só com o substantivo mais próximo ou ir para o plural, de acordo com a concordância do verbo.
Exemplos:
- “Está contratada a mulher e o homem.”
- “Estão contratados a mulher e o homem.”
Entretanto, caso o adjetivo anteposto se referir a nomes próprios, o plural será obrigatório.
Exemplo:
- “As talentosas Ana e Beatriz cantam no coral.”
Demais concordâncias nominais
Concordância nominal com “Só”
Significado de “sozinho(a/os/as)”:
“Só” é adjetivo e deve flexionar-se para fazer a concordância.
Exemplos:
- “A menina sentia-se só.” (sozinha)
- “Os irmãos ficaram sós em casa.” (sozinhos)
Significando “apenas” ou “somente”:
Com função de advérbio, “só” é invariável. Além disso, a locução adverbial “a sós” também é invariável.
Exemplos:
- “Quando a festa acabar, só haverá bagunça.”
- “A mulher só queria um descanso.”
- “Ficaram a sós para conversar.”
Concordância nominal e pronome de tratamento
Quando o adjetivo se referir a um pronome de tratamento, deverá concordar com a pessoa a quem o pronome está se referindo. Logo, isso vai depender do contexto em que está sendo aplicado.
Exemplos:
- “Vossa Excelência foi justo com o caso.” (Para se referir a um juiz).
- “Vossa Excelência foi justa com o caso.” (Para se referir a uma juíza).
Concordância em expressões comuns
Expressões, como “é bom”, “é necessário” e “é proibido” permanecem no masculino singular quando o sujeito é genérico, sem artigo ou outro determinante. Porém, quando o sujeito é específico, a expressão concorda em gênero e número.
Exemplos:
- “É proibido entrada” / “É proibida a entrada”.
- “Carne é bom” / “As carnes são boas”.
- “Paz é necessário” / “A paz é necessária”.
+ Veja também: Flexão nominal e flexão verbal: conceitos, tipos e aplicações
Estude online com a Coruja!
Prepare-se para o vestibular de maneira personalizada e eficiente! Com a plataforma interativa do Estratégia Vestibulares, você cria sua própria trilha de estudos, adaptada às suas necessidades. Estude no seu ritmo, no formato que preferir (videoaulas, resumos, simulados e questões inéditas) e de onde estiver. Clique no banner e comece já a se preparar com o Estratégia Vestibulares!