O Mundo Moderno, ou Modernidade, é um conceito da história e das ciências sociais que descreve não apenas um período histórico, mas uma nova forma de organização social, política, econômica e cultural que emergiu na Europa e se difundiu globalmente. Seu marco inicial é frequentemente situado entre os séculos XV e XVI, com eventos como o Renascimento, a Reforma Protestante e as Grandes Navegações, estendendo-se até meados do século XX. Sua essência reside em uma ruptura com a visão de mundo medieval, pautada na tradição e na autoridade religiosa, e na ascensão da razão, do indivíduo e da crença no progresso como as novas forças motrizes da história.
As características do Mundo Moderno são marcadas por um conjunto de transformações interligadas. No plano político, houve a consolidação do Estado-Nação, com governos centralizados e aparatos burocráticos. Economicamente, o capitalismo firmou-se como sistema dominante, impulsionado pela Revolução Industrial, que promoveu a urbanização em massa e a criação de novas classes sociais. No campo cultural e intelectual, a Modernidade é definida pelo Iluminismo, que valorizou o racionalismo, o método científico e o pensamento crítico, resultando em um profundo processo de secularização e na afirmação de ideais como liberdade, igualdade e direitos humanos.
A experiência da Modernidade, no entanto, é marcada por uma profunda ambivalência e contradição. Por um lado, ela representou a promessa de emancipação humana, do domínio sobre a natureza através da técnica e da construção de uma sociedade mais justa e racional. Por outro lado, gerou fenômenos como o colonialismo, a exploração capitalista, a alienação do trabalhador, a devastação ambiental e as guerras mundiais, que expuseram o potencial destrutivo da própria razão instrumental. Essa tensão fundamental levou a críticas contundentes e, para muitos teóricos, a uma eventual crise do projeto moderno, abrindo caminho para o debate sobre a Pós-Modernidade.
Fontes:
- BERMAN, Marshall. Tudo o que é sólido desmancha no ar: a aventura da modernidade. Tradução de Carlos Felipe Moisés e Ana Maria L. Ioriatti. São Paulo: Companhia das Letras, 1986.
- GIDDENS, Anthony. As Consequências da Modernidade. Tradução de Raul Fiker. São Paulo: Editora Unesp, 1991.
- HOBSBAWM, Eric J. A Era das Revoluções: 1789-1848. Tradução de Maria Tereza Lopes e Marcos Penchel. 25ª ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2012.