A Revolução de 1930 marcou o colapso do sistema político da Primeira República e representou a transição para um Estado mais centralizado e interventor. Surgiu de um conjunto de fatores sociais, econômicos e políticos que demonstravam o esgotamento do modelo vigente.
Sua importância histórica está na inauguração da Era Vargas, período que transformou profundamente a estrutura política, econômica e social do Brasil. É compreendida como um marco fundador da modernização política e econômica do país no século XX.
Nesse texto, você vai entender como a crise das oligarquias, a economia abalada e os conflitos políticos levaram à Revolução de 1930 e à ascensão de Vargas. Acompanhe abaixo.
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As causas estruturais da crise oligárquica
O desgaste da política do café com leite
Durante a Primeira República, o cenário político do Brasil era dominado pelas influências de São Paulo e Minas Gerais. Havia uma colaboração conhecida como a política do café com leite, em que se revezavam na escolha do candidato.
Dado o poder que exerciam sobre o eleitorado e a força dos coronéis, a cada nova eleição para presidente, o respectivo candidato vencia. Entretanto, com o passar dos anos, essa aliança começou a dar mostras de que não era mais tão sólida.
Grupos poderosos de estados como o Rio Grande do Sul, da Paraíba, da Bahia e do Rio de Janeiro, viam-se deixados de lado nas decisões importantes. Eles defendiam que o sistema político fechado já não comportava as rápidas mudanças da sociedade brasileira.
A crise do coronelismo e a ascensão das classes urbanas
Na década de 1920, o Brasil começava a experimentar urbanização, industrialização inicial e o surgimento de novos grupos sociais. Dentre eles estavam os industriais, operários urbanos, profissionais liberais e parte da emergente classe média.
Esses grupos não se viam representados num sistema dominado por coronéis, votos de cabresto e fraudes eleitorais do modelo agrário-exportador. O país urbano começava a questionar o país rural que dominava o poder.
O legado do Tenentismo
Havia também o descontentamento de setores do Exército, especialmente os tenentes. Esses jovens oficiais criticavam a corrupção, o domínio oligárquico e a falta de modernização política.
As rebeliões tenentistas da década de 1920, demonstraram a existência de uma força militar organizada e disposta a desafiar o sistema. Esse movimento, posteriormente, se tornaria fundamental na Revolução de 1930.
O estopim econômico e político
A Crise de 1929 e o impacto no Brasil
O crash da Bolsa de Nova York, em 1929, atingiu violentamente o Brasil. Como a economia dependia quase inteiramente do café, a queda do preço do produto desestruturou as finanças nacionais.
Milhões de sacas encalharam nos portos e o governo tentou manter artificialmente os preços, comprando e até queimando café para evitar prejuízos maiores. Mas o presidente Washington Luís, não conseguiu conter a crise, ampliando o desgaste da oligarquia paulista.
A ruptura do pacto oligárquico e formação da Aliança Liberal
Em meio à crise, era esperado que Washington Luís indicasse um mineiro para sucedê-lo, mantendo o antigo equilíbrio. Contudo, ele rompeu o pacto e lançou o paulista Júlio Prestes à presidência, deixando Minas Gerais insatisfeita e rompendo o arranjo tradicional.
Revoltados com a decisão, Minas Gerais uniu-se ao Rio Grande do Sul e à Paraíba, formando a Aliança Liberal. Essa coligação marcou a união das oligarquias excluídas com militares tenentistas e setores urbanos.
Assim configurou-se a formação de uma frente ampla contra São Paulo e o governo federal. Esse novo aglomerado de forças lançou a chapa Getúlio Vargas (para presidente) e João Pessoa (para vice).
Eleição, assassinato e início da revolução
As eleições de março de 1930 tiveram intensa disputa. Júlio Prestes venceu com larga margem. No entanto, a Aliança Liberal denunciou fraude, alegando manipulação do voto pelos coronéis e pela máquina governista e não reconheceu o resultado.
O ponto decisivo ocorreu em julho de 1930 foi o assassinato de João Pessoa em Recife. Embora o crime tenha origem em disputas políticas locais na Paraíba, a Aliança Liberal transformou sua morte em símbolo nacional contra o governo federal.
Ele se tornou o “mártir da revolução”, fornecendo a legitimação emocional e política para o levante armado. A mobilização revolucionária iniciou-se em 3 de outubro daquele ano.
As tropas do Rio Grande do Sul marcharam para o norte sob a liderança de Vargas. Enquanto isso, forças nordestinas também se levantaram contra o governo federal. A adesão militar cresceu rapidamente, ameaçando levar o país à guerra civil.
O golpe e o fim da primeira República
Antes que Getúlio Vargas chegasse ao Rio de Janeiro, generais do próprio Exército depuseram Washington Luís para evitar um confronto armado. Criou-se uma Junta Governativa Provisória, que entregou o poder a Vargas poucos dias depois.
Com Vargas nomeado Chefe do Governo Provisório, a Constituição de 1891 foi suspensa, marcando simbolicamente o fim da República Velha. A partir daí, ele passou a governar de forma centralizadora. Algumas das suas medidas foram:
- Suspensão do Congresso Nacional;
- Destituição de governadores;
- Nomeação de interventores federais, muitos deles tenentes;
- Desmantelou o antigo poder coronelista;
- Criação de novos órgãos para centralização administrativa.
O país entrava em um novo estágio político.
O significado da Revolução de 1930
A Revolução de 1930 não foi uma revolução social, mas sim uma profunda reconfiguração do poder político. Ela marcou o fim da hegemonia cafeeira paulista e a ascensão de um Estado centralizador e interventor.
Assim, iniciava-se a Era Vargas (1930–1945), período associado à industrialização, nacionalismo econômico e à criação da legislação trabalhista. Foi também uma fase de forte propaganda política e de consolidação do Estado brasileiro.
A partir de 1930, o Brasil deixou de ser conduzido prioritariamente pelos interesses agrários. Nesse momento, passou a construir um projeto de desenvolvimento urbano-industrial, essencial para compreender o século XX brasileiro.
Questões do vestibular sobre a Revolução de 1930
Universidade de Passo Fundo – UPF (2011)
Observe a charge que mostra Getúlio Vargas chutando um velho, numa alusão à Revolução de 1930, que pôs fim à República Velha.

O movimento que iniciou em 3 de outubro de 1930 teve dentre seus fatores motivadores:
A) A vitória da oposição nas eleições e o temor de revanchismos nas oligarquias derrotadas.
B) A dissidência das oligarquias nas eleições de 1930, fortalecendo a Aliança Liberal, derrotada, contudo, pela fraude da máquina do governo.
C) O programa da Aliança Liberal não identificado com as classes médias urbanas.
D) A sólida situação econômica do núcleo cafeeiro no início da década de 30.
E) O apoio dos jovens militares, tenentistas, à política oligárquica dos anos 20.
Alternativa correta:
B
Facape (2023)
Alguns historiadores afirmam que a Revolução de 1930 foi um golpe militar, outros que foi de fato uma revolução, porque alterou as estruturas políticas e promoveu uma troca nos donos do poder. Este evento deu início ao governo de Vargas e mudou para sempre os rumos da política brasileira.
O que foi a Revolução de 1930? Disponível em: < https://shre.ink/PfW >. Acesso em: 12 jun. 2022.
A Revolução de 1930 é considerada um dos principais momentos da história da República brasileira, devido:
A) a Getúlio Vargas ter sido promovido à presidência como representante dos trabalhadores paulistas pelos direitos trabalhistas.
B) ao crescimento da produção industrial, deslocando café e outros produtos agrícolas na pauta de exportação do Brasil.
C) ao fim da hegemonia de São Paulo e Minas Gerais e a emergência do Rio Grande do Sul como o novo centro político do país.
D) ao aumento do poder do Estado que passou a ser o gestor da modernização do país, a criação da CLT e diálogo político com diferentes grupos sociais.
E) ao compromisso do governo Vargas com a construção da ordem democrática e da igualdade social.
Alternativa correta:
D
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