Essa semana é a Semana do Hip Hop, sendo 12 de novembro a data escolhida para celebrar o dia dessa cultura que está presente em todo o mundo. Se antes o Hip Hop era considerado cultura “marginal” e de periferia, hoje o gênero rende bilhões à indústria fonográfica. Por isso, o Hip Hop é um gênero que vai agregar e muito ao seu repertório sociocultural.
Se engana quem pensa que esta cultura se resume às letras de rap. Na verdade, estamos falando de uma cultura muito mais ampla, com fundamento em cinco elementos: breakdance, grafite, DJ, MC e conhecimento. Surgido nos EUA na década de 70 como manifestação de uma cultura urbana negra.
A data de 12 de novembro remete à fundação da ONG Zulu Nation por Afrika Bambaataa, considerado um dos pais do movimento. A Zulu Nation tinha a proposta de emancipar jovens da periferia a partir do Hip Hop, da educação e do conhecimento, criando oportunidades e afastando-os do crime.
No Brasil o movimento ganhou força durante a década de 1980, onde se formaram os primeiros grupos de rap, principalmente na cidade de São Paulo. Em 1988 é lançada a coletânea “Hip-Hop Cultura de Rua”, de Thaíde e DJ Hum, MC Jack e Código 13, considerado o primeiro álbum exclusivamente de rap do Brasil.
A cultura acabou sendo a voz de uma geração que falava sobre o cotidiano das periferias, a realidade social, o racismo e a exaltação da cultura negra. Em São Paulo, os encontros aconteciam na praça Dom José de Barros e depois passaram a acontecer no Largo do São Bento.
Dentre os nomes de maior projeção nacional, pode-se citar Thaíde & Dj Hum, Racionais MC’s, Sabotage, MV Bill, Afro-X, Pavilhão, Rappin Hood, Criolo, Emicida, Negra Lee, Câmbio Negro e Karol Conká. Se liga então na lista que o Estratégia Vestibulares preparou com letras de Hip Hop para ampliar o seu repertório sociocultural.
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9 letras de Hip Hop para ampliar seu repertório sociocultural
Grande parte dos raps brasileiros possuem tom de crítica social e de narração do cotidiano nas periferias brasileiras. Exatamente por isso, o gênero é muito explorado pelos vestibulares, especialmente em questões que relacionam a cultura com a realidade socioeconômica.
A Unicamp, por exemplo, tem em sua lista de obras obrigatórias o álbum “Sobrevivendo no Inferno”, dos Racionais MCs. Outras questões sobre o Hip Hop já foram cobradas no Enem. No ano passado, por exemplo, a prova usou trechos do rapper Emicida na frase de confirmação. As letras de rap podem ser usadas e mencionadas em uma série de temas de redação que se proponham a refletir sobre questões sociais, econômicas e culturais. Segue o ritmo!
1. O homem chora – Expressão Ativa
Hoje eu sei quanto mal eu causei
Cada tiro que eu dava escutava o grito
Me perdoa meu Deus os tiros e as dores hoje sou eu quem sinto
A música do grupo Expressão Ativa retrata um diálogo de um homem no leito de morte com Deus, onde implora perdão pelos seus crimes durante a vida. Baleado pela irmã de uma de suas vítimas, o homem se arrepende e ganha uma nova chance para se redimir. Com apelo religioso, é importante para refletir a relação entre a criminalidade, pobreza e a religião.
2. Naquela Sala – Ao Cubo
Sabe quanto eu lutei
Pra fazer você feliz
Eu te eduquei não tinha dinheiro
Mas te ensinei a minha parte eu sei que eu fiz
A canção do grupo Ao Cubo é um verdadeiro hino do rap nacional e tem a proeza e sensibilidade de relatar a vida de um criminoso desde seu nascimento, com ênfase na relação familiar, a luta contra a pobreza por parte dos pais e as formas sutis que a criminalidade tem para cooptar jovens pobres da periferia. O lamento da mãe pelo seu filho morto “naquela sala” tem um tom profundo da dor que diversas mães de vítimas pela criminalidade compartilham.
3. Eu queria mudar – Pacificadores
Esse mundo me ensinou a roubar
Esse mundo me ensinou a matar,
Esse mundo me ensinou a viver de um jeito que não dá pra mudar,
Eu queria poder viver bem,
Eu queria um dia ser alguém,
Infelizmente o que se quer não se tem,
Preto rico tem um entre cem!
A música do grupo Pacificadores ficou famosa pelos insistentes versos que dizem “Eu queria mudar”. Além do ritmo envolvente da música, quem tem um ouvido mais atento percebe a agonia no tom da música, quanto é narrado as formas pelas quais o jovem da periferia é corrompido e aprende a viver de um jeito violento devido à própria violência do mundo, em um ciclo que se perpetua.
4. Thaide e DJ Hum – Que tempo bom
Por isso Black Power permanece vivo
Só que de um jeito bem mais ofensivo
Seja dançando break, ou um DJ no scratch
Mesmo fazendo Graffiti, ou cantando RAP
O refrão envolvente de “Que tempo bom” de Thaide e DJ Hum figura o imaginário do brasileiro e é um dos dos primeiros sons do rap nacional a cair na cultura e imaginário popular do País. Hoje é quase impossível pensar nos anos 90 sem lembrar da música, que celebra a cultura negra nacional e internacional. Uma escuta atenta permite observar que trata-se de uma grande análise das tradições e culturas afro-brasileiras no passado e no presente.
5. Olha o menino – Negra Li e Helião
Dinheiro ninguém viu?!
Negreiro pro navio, negreiro!!
É… e pode ser um pesadelo
Olha o menino está perdido por inteiro
Está perdido por inteiro
A música de Negra Li e Helião também narra como se formam os produtos sociais, as dificuldades econômicas e problemas educacionais influenciam negativamente na formação cultural e na realidade dessas pessoas. Os versos também fazem críticas aos políticos e o descaso com as pessoas mais pobres.
6. Levanta e Anda – Emicida e Rael
Irmão, você não percebeu
Que você é o único representante
Do seu sonho na face da terra
Se isso não fizer você correr, chapa
Eu não sei o que vai
Com tom de motivação e sem deixar a crítica de lado, a canção de Emicida e Rael se tornou um verdadeiro hino do rap brasileiro na última década, voz de uma geração. Com críticas sociais, a música faz críticas a classe média de esquerda que fecha os olhos para as questões mais profundas da pobreza e desigualdade.
7. Levante sua cabeça – Rap Plus Size e Tássia Reis
Mulher, eu sei que às vezes
O mundo parece gigante
E sempre sua batalha diária é estressante
A cada instante uma dificuldade recorrente
Mas seja mais, enfrente, pra frente
Contra a corrente
Mesmo quando tentarem a todo custo te diminuir
Mesmo quando falarem que você é frágil e não vai conseguir
Quando tentarem te provar que você não tem valor
Levante a cabeça mulher
A música da dupla Rap Plus Size e da rapper Tássia Reis se propõe a dar força e motivação para mulheres da periferia que estão na luta diária. Com proposta de emancipação feminina e empoderamento, a mensagem busca ressaltar a necessidade de libertação das amarras sociais impostas ao gênero feminino.
8. Diaba – Urias
Sua lei me tornou ilegal
Me chamaram de suja, louca e sem moral
Vão ter que me engolir por bem ou por mal
Agora que eu atingi escala mundial
Navalha debaixo da língua (Trrá, trrá)
Tô pronta pra briga
Navalha debaixo da língua
Cheia de metáforas e associações sobre a vivência travesti e transexual, a música Diaba de Urias é um grito sobre a existência de corpos fora de uma norma socialmente imposta. “Diaba” é aquilo que é associado ao demoníaco, à maldade e a antítese de Deus, segundo a crença cristã. Sob essa justificativa, diversas formas de existir foram perseguidas pela igreja ao longo da história. Urias traz essa perspectiva em sua letra, voltada ao público LGBT.
9. Negro Drama – Racionais Mc’s
Periferias, vielas, cortiços
Você deve tá pensando
O que você tem a ver com isso?
Desde o início, por ouro e prata
Olha quem morre, então
Veja você quem mata
Recebe o mérito a farda que pratica o mal
Me ver pobre, preso ou morto já é cultural
Histórias, registros e escritos
Não é conto nem fábula, lenda ou mito
Negro Drama talvez seja um dos raps com maior impacto na cultura brasileira desde a sua criação. Trata-se de uma extensa denúncia sobre situação dos negros no país, as dificuldades da vida nas periferias, cadeias e o genocídio da juventude negra pelo Estado. Negro Drama é uma obra que pode ser abordada e explorada de inúmeras formas sobre a maior parte das questões sociais do Brasil.
Como o Hip Hop pode cair no vestibular
É fato que o Hip Hop tem um impacto cultural gigantesco em todo o mundo, com letras que mostram a realidade nua e crua, sem mistificações, mas sem perder a poesia e a rima. Por isso, é uma forma muito eficaz de compreender a realidade brasileira e treinar o olhar para os problemas sociais que afetam a todos. Fazer isso é a forma mais natural de ampliar seu repertório sociocultural, seja com o Hip Hop ou qualquer outro produto cultural.
As questões podem abordar desde a origem do movimento em seus aspectos culturais e elementos constituintes, sua relação enquanto cultura de periferia. Suas obras podem servir como texto de apoio e leitura para resolução de questões sociais e momentos históricos do país. Por isso, é importante ficar ligado.
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