Se você está se preparando para uma prova, com certeza já se pegou pensando em como estudar as obras obrigatórias do vestibular, certo? Seja em processos seletivos de universidades públicas, como da USP, ou particulares como o da Cásper Líbero, as leituras e análises de obras são um ponto a ser levado a sério durante os estudos.
É necessário ler todo o livro? Posso só adicionar a música na minha playlist? Para tirar todas as suas dúvidas, conversamos com a professora Luana Signorelli, de Literatura, para entender como as obras obrigatórias do vestibular devem ser analisadas. Confira.
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Quais obras são cobradas nos vestibulares?
Mesmo que o formato de obra mais comum cobrado pelas bancas dos vestibulares seja livros, há também os processos seletivos em que os candidatos precisam analisar canções, filmes, artes plásticas, visuais e obras de arquitetura.
Por que os vestibulares cobram obras obrigatórias?
Ao exigir a análise de uma obra, os vestibulares formulam questões baseadas naquele produto cultural. Segundo a professora Luana Signorelli, o objetivo da banca é contribuir também para a formação crítica daquele candidato que deseja ingressar na instituição.
Para ela, a análise da obra é importante para “ganhar bagagem cultural, melhorar os argumentos da redação, construir vocabulário, ampliar a maneira de ver a vida”.
Como estudar as obras obrigatórias do vestibular?
São várias as possibilidades de obras a serem analisadas, confira a seguir como estudar cada categoria:
Literatura
No caso das obras literárias (prosas, poemas e peças de teatro) relacioná-las com o período histórico no qual foram produzidas pode ajudar muito na compreensão: “Uma obra é contextualizada a partir do seu movimento literário. Então, ela vai assumir características dessa escola e a banca pode cobrar esses conhecimentos”, explica a professora Luana.
Luana ainda ressalta que os vestibulares não esperam que o candidato discuta o valor da ideia defendida naquela obra, se ela é verdadeira ou falsa, se os sentimentos ali expressos são válidos ou não. “Procure perceber quais polêmicas são representadas ou reapresentadas ao leitor”, diz.
“O estudo sistemático das obras de um autor passa pelo levantamento dos sentimentos e dos valores morais que animam os personagens ou a poesia”, explica a professora. Nas obras de Carlos Drummond de Andrade, percebe-se o desencanto e a angústia; em Álvares de Azevedo, sobressai o erotismo; por exemplo. “Muitas vezes, em um texto, o importante não é o que é dito, mas sim como se diz”, conta.
Já quando as questões de Literatura se voltam para uma abordagem de questões sociais, elas acabam se transformando em interdisciplinares, ou seja, que exigem conhecimentos de Literatura e História do período.
Como estudar prosas?
“[Nas prosas ficcionais] predominam verbos de ação, pois o protagonista vai se envolver em peripécias que acabam por revelar algo sobre ele ou sobre as circunstâncias em que vive”, conta Luana. Atente-se às características do gênero para a leitura:
- Enredo: narrativa de acontecimentos cuja ênfase recai na relação de causa e efeito;
- Narrador: pode ser em primeira pessoa (narrador ficcional, testemunha e alter ego) ou em terceira pessoa (narrador impessoal, condescendente ou crítico);
- Personagens: todos os seres fictícios construídos para figurarem dentro da história;
- Tempo: cronológico (tempo real, numérico) e psicológico (as percepções subjetivas da personagem);
- Espaço: local onde a história (ação) acontece;
- Conflito: oposição que causa tensão na história;
- Clímax: momento culminante do enredo, no qual há maior tensão; e
- Desfecho: solução do conflito.
Dentro do gênero, há ainda a “prosa poética”, que pode aparecer na estrutura de prova ou de uma versificada. Há prosa poética quando existem as seguintes características: conteúdo lírico emotivo, recriação lírica da realidade, utilização artística do poético ou linguagem conotativa.
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Como estudar poesias?
A professora explica que a poesia é um texto encadeado por versos. “É o principal elemento estrutural que diferencia a poesia da prosa. Um verso geralmente vem acompanhado de mais aspectos, como ritmo, metro, melodia”. Veja como fazer a leitura:
- Utilize conceitos de forma e conteúdo;
- Entenda as métricas que o poeta, qual é o tipo de poema;
- Considere temas mais frequentes do autor estudado (normalmente, a crítica aponta isso);
- Leia o texto e faça a interpretação usando as informações anteriores.
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Como estudar peças de teatro?
Mesmo que sejam menos exploradas que a prosa e a poesia, alguns vestibulares também exigem o estudo de peças de teatro. O gênero surgiu na Antiguidade Clássica, e a professora Luana conta que a ideia moderna de teatro vem desta época: “O teatro grego nasceu de cultos e rituais dedicados aos deuses e ocupava um lugar de destaque na civilização. Encenados no teatro de arena”.
Entenda as características do teatro para estudá-lo:
CATEGORIA | DEFINIÇÃO |
Drama | Texto de ficção, peça teatral ou filme de caráter sério, que apresenta um desenvolvimento de fatos e circunstâncias compatíveis com os da vida real. Um texto dramático se classifica como tragédia ou comédia. |
Ato | O ato está para o teatro como o capítulo está para uma narrativa. Consiste na divisão geral da peça. |
Cena | Subdivisões da peça, em que cabe uma unidade de ação. Geralmente, marca a entrada/saída de atores. Exemplo: ato III, cena 2: “Ser ou não ser, eis a questão” (Shakespeare – Hamlet). |
Personagens | No teatro, as personagens são como personae, isto é, uma máscara, uma ficcionalização, uma teatralização. Elas vestem a indumentária, um vestuário específico que condiz com seu caráter, personalidade etc. |
Tempo | O tempo pode ser cronológico (tempo real, numérico ou histórico) ou psicológico (as percepções subjetivas da personagem). O tempo ainda pode não ser caracterizado |
Espaço | No teatro, o espaço é uma cenografia, um lugar criado. Lugar no qual se passa a história e o enredo (a ação) se articula. |
Rubrica | O teatro apresenta toda uma técnica diferenciada. No início, geralmente, há uma espécie de ficha catalográfica com algumas informações sobre a peça. Ao longo do texto, também há orientações sobre gestos, posturas etc., geralmente, em relação a personagens. São como intromissões do dramaturgo e normalmente vêm antes das falas entre parênteses. |
Músicas
Quando a obra a ser estudada é uma canção, vale lembrar que não é necessário decorar a letra, já que muitas vezes a própria prova irá trazê-la. Assim como em todos os outros produtos culturais, é fundamental saber o contexto histórico em que a letra foi escrita, bem como o que ela significa — se usa figuras de linguagem, por exemplo.
Também é necessário analisar se a música dialoga com alguma questão social, se faz uma denuncia, exalta um movimento, expressa o cotidiano de um povo, de forma que se relacione com a Filosofia e a Sociologia.
“Músicas são escritas em forma de poesia, mas os aspectos técnicos da melodia e da harmonia também podem ser analisados, bem como instrumentação”, complementa a professora Luana.
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Artes plásticas/visuais
Ainda dentro do leque das Linguagens e Códigos estão as obras artísticas. Veja como interpretá-las.
- Descreva para si o que a imagem desperta em você;
- Observe aspectos técnicos: cores, tons, linhas;
- Observe a composição: se há perspectiva, o que há no fundo, o que há na frente,
- o jogo de claro e escuro;
- Descreva o que é a imagem — seu tema;
- Procure informações sobre a época em que ela foi pintada; e
- Relacione ao Movimento Artístico da época e faça a interpretação.
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O que não fazer durante os estudos das obras obrigatórias?
Um ponto de atenção ao estudar as obras obrigatórias do vestibular é saber que consultar apenas um resumo ou uma aula sobre o livro, filme ou quadro pode ser um grande risco para a compreensão daquele produto cultural.
De acordo com a professora Luana, as bancas dos vestibulares podem formular questões mais específicas, que o material resumido não é capaz de suprir, como detalhes sobre personagens e enredo. “Pode custar a questão da vaga”, ela alerta.
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