Envolvidas em tensões desde, pelo menos, 2014, as ex-repúblicas soviéticas Rússia e Ucrânia estão em guerra desde o dia 24 de fevereiro deste ano, quando tropas russas invadiram o território ucraniano.
As justificativas de Moscou para a invasão vão desde defender os interesses de regiões separatistas no leste da Ucrânia até manter o país afastado de qualquer possibilidade de ingresso na Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).
Até agora os dois governos já se reuniram três vezes para fechar acordos de cessar-fogo. Entretanto, nada foi definido, e as consequências econômicas do conflito já começam a aparecer em vários países do mundo, inclusive no Brasil. Acompanhe mais sobre os efeitos da guerra por aqui no texto a seguir.
Navegue pelo conteúdo
Por que a Rússia e a Ucrânia estão em guerra?
Os conflitos entre os dois países tiveram início em 2014, quando o governo russo reivindicava a anexação da Península da Criméia, então território ucraniano. Apesar da identificação étnica da região com a Rússia, o governo de Kiev não reconheceu o referendo em que a população escolheu pela anexação do local ao território russo.
Já em 2022, a Rússia cobra que a Ucrânia reconheça a autonomia das regiões de Luhansk e Donetsk, que estão no leste do país e reivindicam sua independência. E mais do que isso, o governo russo não admite a ocidentalização da Ucrânia com sua possível entrada para a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) e para a União Europeia (UE).
Saiba mais
- Por que a Rússia invadiu a Ucrânia? Entenda a tensão
- Otan: o que é a Organização do Tratado do Atlântico Norte?
- Blocos econômicos e alianças militares: veja os principais e seus tipos
Como a guerra da Ucrânia afeta o Brasil?
Do abastecimento de alimentos e insumos de combustíveis, a uma possível elevação dos juros, entenda o que muda na economia brasileira com o conflito europeu:
Exportações e importações
A Rússia é a maior fornecedora de fertilizantes para o Brasil. Segundo o Indicador de Comércio Exterior (Icomex), pesquisa feita pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), o País importou dos russos 23,3% de todos os fertilizantes comprados em 2021.
Com o conflito no leste europeu, as negociações podem ser afetadas e aumentar o preço desses produtos. Outras mercadorias — ou commodities — que podem ver os seus preços subirem são as relacionadas à agricultura e ao petróleo.
O barril de petróleo do tipo Brent encerrou a primeira semana da guerra valendo US$ 105, o maior preço desde 2014. O gás natural, produto que a Rússia é a maior exportadora do mundo, pode chegar a US$ 30 o BTU (unidade de medida de energia), segundo Rodrigo Costa, diretor de Refino e Gás Natural da Petrobras.
Já as exportações, o cenário pode ser de alta. O Brasil está ao lado de Rússia e Ucrânia como os maiores exportadores de milho, por exemplo, e com o fornecimento dos dois países comprometidos, o mercado mundial tende a procurar mais as ofertas brasileiras.
Em contrapartida, a melhora nas exportações do cereal pode comprometer o abastecimento interno, gerando alta não só nesse produto mas também nos preços das carnes — cujos animais dependem do milho na alimentação —, no bolso dos brasileiros.
Combustíveis
Apesar de ser um produtor de petróleo, o Brasil consome mais do que fabrica e, por isso, precisa importar de países como a Rússia o produto e alguns derivados. No dia 11 de março, apenas duas semanas depois do início do conflito na Europa, a Petrobrás anunciou reajustes de 18,8% no preço da gasolina, 16,1% no gás de cozinha e 24,9% no diesel.
Segundo dados do Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP), os russos são o terceiro maior produtor e exportador de petróleo do mundo. O preço do barril de petróleo subiu durante a guerra devido às sanções econômicas adotadas por Estados Unidos e União Europeia contra a Rússia. Os países tentam diminuir o petróleo e o gás natural russos no mercado internacional.
A alta chega ao bolso dos consumidores finais devido ao chamado Preço de Paridade de Importação (PPI), medida adotada pela Petrobras durante o governo do presidente Michel Temer, em 2016.
Alimentos
A Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO, na sigla em inglês) anunciou durante as primeiras semanas da guerra na Ucrânia que o conflito poderia elevar o preço dos alimentos no mundo entre 8% e 20%.
A Ucrânia é um importante país para a agricultura global, ela é responsável pela produção de 17% do milho disponível no mercado mundial. Além disso, Rússia e Ucrânia produzem juntas 15% e exportam 30% do total de trigo consumido mundialmente.
A alta de preços no Brasil, especificamente, se deve também às questões já citadas no matéria. Com a diminuição da importação de fertilizantes, algumas culturas ficam comprometidas, e o preço dos combustíveis mais caro aumenta o custo de transporte dos alimentos, fazendo com que eles cheguem com elevação de preços aos consumidores finais.
Câmbio
Os efeitos da guerra no leste europeu ainda não são considerados grandes na área de câmbio do Brasil. Ao fim da semana da invasão russa ao país vizinho, o dólar fechou o dia valendo R$ 5,15, entretanto, a economia brasileira ainda se beneficiava de uma queda de quase 10% do dólar no acumulado de 2021.
De acordo com a Sondagem da América Latina, divulgada pela Fundação Getulio Vargas (FGV), a continuidade do conflito deve mudar o quadro otimista. E em caso de comprometimento do crescimento econômico nacional, combinado a alta do dólar e da inflação, o Banco Central seria obrigado a aumentar a taxa de juros básicos da economia, a Selic.
Estude com o Estratégia Vestibulares
Fique por dentro de atualidades, Geopolítica, História e tudo o que você precisa para se dar bem na hora do vestibular.
Além disso, tenha à disposição vídeo aulas e PDFs elaborados por professores especialistas nas maiores bancas de vestibular do País. Conte com revisões de véspera, monitorias, correções ilimitadas de redações e muito mais!