As mudanças no Ensino Médio não vão impactar só o dia a dia dos alunos com essa idade escolar, isso porque, o Ministério da Educação (MEC) e órgãos ligados a ele já preparam uma reformulação para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). A ideia é que o exame fique mais próximo do novo modelo educacional.
O Estratégia Vestibulares preparou um artigo que te conta todas as mudanças que já serão implementadas no Ensino Médio e as previstas para a prova do Enem. Confira a seguir.
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O que é o Novo Ensino Médio?
Ainda em 2014, a renovação do Ensino Médio foi incluída como uma das estratégias do Plano Nacional de Educação (PNE), que é uma lei que determina diretrizes, ações e metas para o desenvolvimento da educação no Brasil.
Três anos mais tarde, em 2017, a então chamada “Reforma do Ensino Médio” foi apresentada como uma medida provisória (MP) que alterava a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei nº 13.415/2017), aprovada pelo Congresso Nacional e sancionada pelo então presidente Michel Temer.
O que muda no Novo Ensino Médio?
Da carga horário às mudanças nas disciplinas, a Lei ainda implementa novos métodos de educação, que são o caso dos “Itinerários formativos” e do “Projeto de vida”. Confira:
Áreas do conhecimento
No novo modelo, as disciplinas tradicionais, como conhecemos hoje, serão substituídas por quatro áreas do conhecimento, como acontece no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Serão elas:
- Linguagens e suas tecnologias;
- Matemática e suas tecnologias;
- Ciências da natureza e suas tecnologias; e
- Ciências humanas e sociais aplicadas.
Dentro da grade curricular, apenas as disciplinas de Língua Portuguesa, Língua Inglesa e Matemática serão obrigatórias durante os três anos do Ensino Médio. E a divisão das quatro áreas do conhecimento na carga horária fica por conta da escola, segundo o MEC.
Itinerários formativos
Os estudantes poderão escolher entre os itinerários formativos disponíveis na sua instituição de ensino, que por sua vez se relacionarão com as áreas do conhecimento, substitutas das disciplinas, pela Formação Técnica e Profissional (FTP), ou ainda, por uma formação que envolva duas ou mais áreas e a FTP. Novamente, fica a critério das escolas decidirem por quais itinerários e FTPs serão oferecidos.
Os itinerários são baseados em quatro eixos estruturantes e complementares. São eles:
- Investigação Científica: ampliar a capacidade dos estudantes de investigar a realidade, compreendendo, valorizando e aplicando o conhecimento sistematizado;
- Processos Criativos: expandir a capacidade dos estudantes de idealizar e realizar projetos criativos;
- Mediação e Intervenção Sociocultural: ampliar a capacidade dos estudantes de utilizar conhecimentos relacionados a uma ou mais Áreas de Conhecimento, à Formação Técnica e Profissional e a temas de seu interesse para realizar projetos que contribuam com a sociedade e o meio ambiente; e
- Empreendedorismo: expandir a capacidade dos estudantes de mobilizar conhecimentos de diferentes áreas para empreender projetos pessoais ou produtivos articulados ao seu projeto de vida.
A partir dos quatro eixos, foram criados os cinco itinerários formativos disponíveis no Novo Ensino Médio. Quatro deles são um aprofundamento em uma das áreas do conhecimento e o quinto é a Formação Técnica Profissional (FTP).
Caso o estudante opte pelo itinerário formativo da área do conhecimento em Ciências da Natureza e Suas Tecnologias, por exemplo, ele estudará e terá aprofundamento nas disciplinas de Biologia, Química e Física, e também poderá escolher estudar uma FTP conjuntamente.
Carga horária
Até 2021, os alunos do Ensino Médio tinham uma carga horária de 800 horas anuais, contabilizando 2400 horas ao fim do seu ano de formação. Com o Novo Ensino Médio, o número anual sobe para 1000 horas, com o acúmulo de 3 mil horas ao fim do período escolar.
Entretanto, é importante também entender a divisão desses horários: 60% do conteúdo do Ensino Médio precisará ser destinado às áreas do conhecimento, não podendo exceder o tempo de 1800 horas totais ao fim dos três anos de estudo. Ou seja, uma carga que até 2021 era de 800 horas anuais, diminuiu para 600 horas.
Os outros 40% das horas, ficam destinados aos itinerários formativos, que fecharão as outras 1200 horas restantes ao fim do Ensino Médio. A Lei que estabelece o novo formato de ensino prevê que 30% do ensino médio noturno e 20% do diurno seja, mas não determina em que modelo (presencial ou a distância) todas as 3000 horas descritas serão aplicadas.
Projeto de vida
O objetivo dessa nova parte do Ensino Médio é fazer com que os estudantes observem suas possibilidades de estudo com o foco em uma carreira profissional, baseados no desenvolvimento de competências socioemocionais.
Até agora, essa etapa não tem uma carga horário mínima exigida das escolas e não há especificações sobre quais profissionais — psicólogos, por exemplo — farão o acompanhamento desse projeto com os estudantes.
Quando começam as mudanças do Novo Ensino Médio?
As mudanças estabelecidas passam a ser implementadas a partir de 2022, nas turmas do primeiro ano do Ensino Médio, até atingirem os três últimos anos do Ensino Básico até 2024.
Ou seja, as mudanças acompanharão os estudantes que cursarem o primeiro ano em 2022 até seu ano de formação, quando serão concretizadas nas três séries.
Novo Ensino Médio e Novo Enem
Com a implementação do novo modelo de Ensino Médio, o Ministério da Educação formou um Grupo de Trabalho (GT) que discute, desde dezembro de 2021, mudanças no formato do Enem.
Em nota, a pasta afirmou que participam da reformulação o Secretário da Secretaria de Educação Básica (SEB), representantes da sociedade civil, do Conselho Nacional de Educação (CNE) e do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep).
O grupo realizou 12 reuniões antes que o Conselho Nacional de Educação aprovasse o Novo Enem a ser aplicado a partir de 2024. Um dia depois da aprovação e divulgação das mudanças, o MEC anunciou que o formato ainda segue em discussão.
O relatório final do Grupo de Trabalho, que apresentará as alterações no Exame Nacional do Ensino Médio, será divulgado pelo Ministro da Educação, Milton Ribeiro, e pelo presidente do Inep, Danilo Dupas, em entrevista coletiva transmitida pelo canal do Ministério no Youtube, nesta quinta-feira, 17 de março.
Novo Enem aprovado pelo CNE
Conheça as mudanças no formato do Enem aprovadas pelo Conselho Nacional de Educação mas ainda não oficializadas pelo Ministério da Educação e pelo Inep:
O exame passará a ter duas fases, ao invés de uma, além da inclusão de questões dissertativas:
- 1ª fase: obrigatória e comum a todos e com aplicação da redação, além de avaliar o aluno a partir de questões interpretativas; e
- 2ª fase: prova com questões objetivas e dissertativas para avaliar os itinerários formativos do Novo Ensino Médio.
Saiba mais:
+Novo Enem: veja o que muda no Enem a partir de 2024
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