Mia Couto
Foto: Jornal da Unesp

Mia Couto

António Emílio Leite Couto, conhecido por Mia Couto é um dos escritores contemporâneos mais importantes da literatura em língua portuguesa.

  • Local e Data de Nascimento: Beira, Moçambique (então África Oriental Portuguesa), 5 de julho de 1955.
  • Profissões: Escritor, Poeta, Cronista, Jornalista e Biólogo (especializado em Ecologia).
  • Prêmios Principais: Prêmio Camões (2013), Prêmio Internacional Neustadt (2014).

Mia Couto é o autor moçambicano mais traduzido e divulgado no mundo. Sua obra é fundamental para a Literatura Africana de Língua Portuguesa do período pós-independência de Moçambique (1975), sendo marcada por um estilo inovador:

  1. Invenção Linguística (Neologismos): Sua marca distintiva é a criação de palavras (neologismos) a partir da fusão de termos em português, tupi ou línguas bantas, ou da subversão das regras gramaticais. Essa “reinvenção” da língua portuguesa busca dar voz à realidade e à cultura moçambicana, resgatando a oralidade e o modo de falar local.
    • Exemplos de neologismos: “estórias abensonhadas”, “pensatempos”, “enviuvadamente”.
  2. Realismo Mágico e Prosa Poética: O autor mescla o realismo com elementos de fantasia, sonho e ancestralidade (influência do Realismo Fantástico latino-americano), criando narrativas que transcendem o sofrimento da guerra civil. Seus textos possuem uma forte dimensão poética, mesmo na prosa, utilizando metáforas e provérbios (“improvérbios”) inspirados na sabedoria popular africana.
  3. Temática e Crítica Social: Suas obras abordam a Guerra Civil Moçambicana e suas consequências (Terra Sonâmbula, considerada um dos 12 melhores livros africanos do século XX), a busca por identidade em um país pós-colonial, e a crítica à corrupção e à desigualdade social. Sua escrita valoriza a memória, a ancestralidade e a profunda ligação do homem moçambicano com a Terra.

Mia Couto iniciou sua carreira como jornalista após a independência de Moçambique (1975), sendo um ativista político da FRELIMO. Sua produção literária (iniciada com a poesia Raiz de Orvalho, 1983) é um esforço de “moçambicanização” da língua, buscando quebrar a herança cultural colonizadora e construir uma identidade literária nacional autônoma, dando dignidade e beleza à experiência africana. Sua formação em Biologia também influencia sua visão, com temas ecológicos e uma profunda consciência sobre a interligação entre o ser humano e a natureza.

Relevância para Temas Recorrentes no ENEM e Vestibulares:

  • Literatura: Literatura Africana de Língua Portuguesa; Pós-Colonialismo; Relação entre a oralidade e a escrita; Inovação e Invenção Linguística.
  • Sociologia/Redação: Fornece repertório sociocultural rico para abordar temas como identidade cultural, memória, impactos da guerra civil, crítica à desigualdade (“A maior desgraça de uma nação pobre é que em vez de produzir riqueza, produz ricos”) e a desconstrução do conceito de África (visto como um mosaico de culturas, e não como uma essência única).
  • Interdisciplinaridade: A união entre a Ecologia (sua formação) e a Literatura, tratando da gestão dos recursos naturais e da relação do homem com o meio ambiente.