Nome

Nome

Nome, em Teoria Literária, é um elemento fundamental da construção ficcional que transcende a simples função de identificação de uma personagem, lugar ou objeto. Ele é analisado como um signo linguístico carregado de significados, conotações e potencial simbólico, que contribui ativamente para a caracterização, a estruturação da trama e a produção de sentidos na obra. O estudo dos nomes próprios em textos literários, conhecido como onomástica literária, explora como a escolha de um nome pode evocar tradições culturais, sugerir traços de personalidade, antecipar o destino de uma personagem ou estabelecer relações intertextuais.

As características de um nome literário podem ser analisadas sob diversas óticas. Um nome pode ser “transparente” ou “motivador”, quando seu próprio som ou significado (etimologia) aponta diretamente para as qualidades da personagem, como na personagem “Sofia” (do grego sophia, sabedoria) em obras que exploram o conhecimento. Inversamente, pode ser “opaco”, funcionando de maneira arbitrária ou até mesmo irônica, criando tensão entre a designação e a essência da personagem. Autores podem utilizar nomes para criar efeitos de realismo, inserindo suas personagens em um contexto histórico e social específico, ou para gerar estranhamento, com nomes incomuns ou simbólicos.

Diferentes correntes da teoria literária abordam o nome de maneiras distintas. Para o estruturalismo, o nome funciona dentro de um sistema de oposições e relações que ajuda a organizar o universo da obra. Já a crítica de orientação psicanalítica pode investigar os nomes como manifestações de desejos inconscientes ou complexos. A partir do pós-estruturalismo, questiona-se a capacidade do nome de fixar uma identidade estável, vendo-o como um ponto de instabilidade e pluralidade de sentidos, que desafia a ideia de uma correspondência direta entre a palavra e o ser.


Fontes:

  • BARTHES, Roland. S/Z. Tradução de Léa Novaes. 2ª ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2002.
  • GENETTE, Gérard. Figuras III. Tradução de Ivone C. Benedetti. São Paulo: Estação Liberdade, 2009.
  • ZILBERBERG, Claude. Ensaio sobre as modalidades tensivas. São Paulo: FFLCH/USP, 1993. (Para a análise do nome no contexto da semiótica).