Rachel de Queiroz nasceu em Fortaleza, Ceará, em 17 de novembro de 1910, e faleceu no Rio de Janeiro, em 4 de novembro de 2003. Foi uma escritora, jornalista, tradutora e dramaturga brasileira. Sua trajetória é marcada pelo pioneirismo feminino na literatura nacional: foi a primeira mulher a ingressar na Academia Brasileira de Letras (em 1977) e a primeira mulher a receber o Prêmio Camões (em 1993). Ela é uma das figuras centrais da Segunda Geração do Modernismo Brasileiro, também conhecida como o ciclo do Romance de 30 ou Regionalismo.
Principais Obras e Contribuições
A entrada de Rachel de Queiroz no cenário literário foi precoce e impactante. Aos 20 anos, publicou seu romance de estreia, “O Quinze” (1930), que causou espanto na crítica da época por ser uma obra de profunda maturidade social, estilística e de denúncia, escrita por uma mulher tão jovem.
- O Quinze: O livro narra o drama da grande seca de 1915 que assolou o Ceará. A narrativa se divide em dois planos paralelos: a luta de Chico Bento e sua família, retirantes que marcham fugindo da fome e da morte em direção a Fortaleza; e a história de Conceição, uma professora e intelectual que, apesar de pertencer a uma classe mais abastada e não sofrer fisicamente com a seca, possui uma consciência social aguçada e atua ajudando os flagelados nos campos de concentração da seca. A obra é fundamental por inaugurar a temática social crua no Modernismo, denunciando a miséria e o abandono do sertanejo sem cair no sentimentalismo.
- Memorial de Maria Moura (1992): Publicada já na fase madura da autora, esta obra é considerada sua outra obra-prima. Ambientada no século XIX, narra a saga de Maria Moura, uma mulher forte e destemida que, órfã e ameaçada por parentes ambiciosos, pega em armas e lidera um bando para defender suas terras e sua autonomia. A personagem quebra os estereótipos de gênero da época, impondo-se pela força e pela liderança em um ambiente rural e patriarcal.
- Estilo e Jornalismo: Rachel cultivou uma linguagem direta, enxuta e próxima da oralidade, características típicas do Neorrealismo de 30. Além dos romances, foi uma cronista prolífica e respeitada, escrevendo para jornais e revistas por décadas sobre o cotidiano, a política nacional e as memórias do Ceará.
Relevância
A relevância de Rachel de Queiroz para o ENEM e vestibulares é indiscutível nas provas de Literatura e Ciências Humanas. Ela é a porta de entrada para o estudo do Romance de 30 e da literatura de denúncia social sobre a seca e o Nordeste. “O Quinze” é leitura obrigatória frequente e serve como base para questões interdisciplinares que envolvem Geografia (o clima semiárido, a indústria da seca, os retirantes), História (o coronelismo, a República Velha) e Sociologia (migração, desigualdade social e o papel da mulher na sociedade patriarcal).
