Climatologia e Meio Ambiente no Brasil

Climatologia e Meio Ambiente no Brasil

No que tange à Geografia Física Geral, Meio Ambiente foi o tema mais cobrado em vestibulares nos últimos 10 anos, especialmente quando relacionado à Climatologia. A pauta não sai do noticiário nacional, internacional e não surpreende se esse assunto voltar a cair no vestibular.

E é sobre Meio Ambiente e Climatologia que vamos conversar neste artigo.

A atmosfera é a parte da Terra composta por diversos gases. Entre eles podemos destacar: vapor d’água, nitrogênio (N), oxigênio (O) e o ozônio (O3). É importante saber que quanto mais distante da superfície terrestre, menor é a concentração desses gases.

A atmosfera foi dividida em camadas e, para facilitar o entendimento, nós vamos conhecer quais são as características de cada uma delas. No que tange às questões ambientais, podemos destacar duas: a troposfera e a estratosfera.

Troposfera

A espessura dessa camada varia desde a superfície terrestre até em torno de 20 km de altitude. Na região da Linha do Equador, ela é aproximadamente o dobro mais espessa do que nos polos. Isso porque os raios solares incidem na Latitude 0º de forma perpendicular, fazendo com que as moléculas de ar se expandam e ascendam.

Sendo composta principalmente por nitrogênio, oxigênio e gás carbônico (CO2), nela ocorrem quase todos os fenômenos meteorológicos. A troposfera retém todo o vapor d’água oriundo da evapotranspiração (água que os seres vivos liberam), o que corresponde a 75% da massa gasosa do planeta.

Existe ainda a tropopausa, que é o ponto mais alto e frio da troposfera, e fica na divisa com a Estratosfera. Quanto mais elevado, menor a temperatura (estima-se que para cada 1 mil metros de altitude a temperatura cai cerca de 7º C).

Estratosfera

A Estratosfera está entre 10 e 50 km de altitude e concentra gás ozônio, que é responsável por barrar (filtrar) a radiação ultravioleta (emitida pelo Sol) tipo B (UV-B). Nessa camada, 90% do UV-B é absorvido pelo ozônio. A camada de ozônio (Ozonosfera) está entre 20 e 35 km de altitude.

Na década de 1980, descobriu-se uma queda acentuada de ozônio na Antártida, fenômeno conhecido como “buraco da camada de ozônio”. Isso ocorreu por conta da emissão do Cloro Flúor Carbono (CFC), componente que era utilizado como isolante em aparelhos de refrigeração, aerossóis e materiais plásticos.

Caças das forças aéreas e balões que auxiliam na previsão do tempo podem chegar nessa camada.

Buraco na camada de ozônio

Especialistas afirmam que o “buraco da camada de ozônio” deixará de existir entre 2060 e 2080. Graças ao Protocolo de Montreal (em 1989 vários países se comprometeram a substituir os compostos que empobrecem a camada de ozônio) a emissão de CFC foi reduzida significativamente. Ademais, o ozônio é um composto que se autorregenera {O3 ⇌ O2 + [O]}.

Quando o CFC é atingido pelo raio ultravioleta, ele se desintegra e libera cloro. O cloro reage com o ozônio sendo transformado em oxigênio, isto é, destruindo o O3. O “buraco da camada de ozônio” formou-se na Antártida porque a baixa temperatura dificulta a reposição do ozônio.

Efeito estufa

A dinâmica do balanço energético (quantidade de raio solar absorvido e refletido pela superfície terrestre) também remete ao efeito estufa (fenômeno natural que mantém o planeta aquecido nos limites de temperatura necessários para a manutenção da vida).

Os gases da atmosfera permitem a passagem do raio ultravioleta, absorvendo o calor. Cerca de 50% desse raio solar é barrado pela estratosfera e o restante atinge a superfície terrestre, aquecendo-a.

Vale lembrar, que o efeito estufa é um fenômeno natural, o problema é o agravamento dele por meio dos gases do efeito estufa, tais como: CO2, CFC, metano (CH4), dióxido de enxofre (SO2) etc. Esse agravamento é o que nós conhecemos como aquecimento global.

Climatologia e Meio Ambiente Esquema que ilustra o efeito estufa
Esquema que ilustra o efeito estufa

Mudanças microclimáticas

Apesar de alguns cientistas negarem a influência antrópica (humana) no clima, não dá para negar que existe mudança microclimática graças a sua atuação, entre elas, podemos destacar:

  • Ilha de Calor: a zona urbana possui muitos elementos que fazem a temperatura ficar maior comparada à zona rural, tais como: o asfalto (baixo albedo) que absorve muita luminosidade, os poluentes liberados pelos transportes e indústrias, menor quantidade de árvores, vidraças que retém o calor por muito tempo etc.;
  • Inversão térmica: durante o outono ou inverno na zona urbana, o ar frio que é mais denso faz pressão sobre o ar quente, dificultando a circulação do ar quente poluído, o que faz com que agrave os problemas respiratórios;
  • Desmatamento: ao derrubar uma grande quantidade de árvore, a evapotranspiração é comprometida, fazendo com que o índice pluviométrico seja reduzido;
  • Queimada: o resultado da queima é o gás carbônico, contribuindo com o agravamento do efeito estufa e com a redução do pH da chuva ácida;
  • Hidrelétrica: para se construir uma, é necessário um reservatório de água (barragem). Nesse sentido, a área aquática exposta (espelho d’água) aumenta a evaporação, consequentemente a chuva;
  • Chuva ácida: toda chuva é ácida por causa do gás carbônico, mas a acidez pode aumentar devido aos óxidos de nitrogênio e de enxofre.
  • Desertificação: é a perda do potencial produtivo do solo, podendo ser causado por mau uso e/ou mudanças climáticas, deixando o ambiente mais árido;
  • Aquecimento global: apesar de não ter sido provado, ele é conteúdo do Ensino Médio. Também chamado de agravamento do efeito estufa, o aquecimento global é caracterizado pelo aumento da temperatura do planeta. Entre os responsáveis por isso, podemos citar o gás metano, o gás carbônico e os óxidos nitrosos. Quanto às consequências, temos: derretimento das geleiras, aumento do nível dos oceanos e maior ou menor quantidade de chuva.

El Niño e La Niña

Existem diversas mudanças climáticas provocadas pelo homem, tais como: agravamento do efeito estufa, ilha de calor, desmatamento etc. No entanto, existem 2 fenômenos que ainda são obscuros para os cientistas, o El Niño e a La Niña, uma vez que não se sabe ao certo o motivo das suas respectivas ocorrências.

Em condições normais, as águas da Costa Sul-Americana, próximas à Linha do Equador, possuem temperaturas baixas. Isso deve-se à atuação da Corrente Marítima Fria de Humboldt que vai até o fundo do mar e retorna para a superfície, trazendo plânctos e águas mais geladas. Esse fenômeno é conhecido como ressurgência.

Provavelmente, ocorre o El Niño porque não ocorreu ressurgência nessa área. Assim, as águas ficam mais quentes, provocando maior precipitação em algumas áreas e menor em outras. O El Niño ocorre em média a cada 3 ou 5 anos, durando cerca de 12 a 18 meses.

O nome El Niño faz uma referência ao Menino Jesus, pois o fenômeno foi percebido pela primeira vez em dezembro, mês do Natal. A La Niña é exatamente o contrário do El Niño, ou seja, as águas esfriam.

Consequências do El Niño

Mudanças climáticas na pauta mundial

Entre as inúmeras conferências realizadas para discutir as mudanças climáticas, podemos destacar:

  1. Conferência de Estocolmo (1972): reduzir a poluição e a pobreza.
  2. Primeira Conferência Mundial do Clima (1979): cientistas alertaram os países sobre como as mudanças climáticas podem afetar a agricultura, os recursos naturais e a economia.
  3. Segunda Conferência Mundial do Clima (1990): divulgação de novas pesquisas sobre mudanças climáticas.
  4. Eco-92 (Rio-92): Em 1992, a Conferência das Nações Unidas sobre o Ambiente e o Desenvolvimento teve a participação de mais de 170 países. Foi assinado um acordo para estabilizar as concentrações de gases que agravam o efeito estufa.
  5. Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima: entra em vigor em 1994. Com quase 200 países membros, essa convenção estabeleceu conferências anuais para debaterem mudanças climáticas e foi definido o papel de cada nação no combate ao aquecimento global.
  6. Mandato de Berlim (1995): reforça o compromisso dos países industrializados para controlar as mudanças climáticas e 2 anos para negociarem a redução dos gases do efeito estufa.
  7. Protocolo de Kyoto (1997): pela primeira vez é definido o compromisso ambiental dos países industrializados com metas específicas para cada país.
  8. Rio+10 e Declaração de Johanesburgo (2002): atualiza as metas do Protocolo de Kyoto e o desenvolvimento sustentável é tratado de forma geral, não ficando restrito ao aquecimento global.
  9. Protocolo de Kyoto (2005): entra em vigor após a entrada da Rússia. As metas deveriam ser cumpridas entre 2008 e 2012.
  10. Flexibilização do Protocolo de Kyoto (2008): é criado o crédito de carbono. Aqueles países que atingiram suas metas de não poluir, com o oferecimento do crédito de carbono, poderiam fazer com que os países que não atingiram a meta continuassem poluindo até atingir a meta.
  11. Plataforma de Durban (2011): como as metas do Protocolo de Kyoto terminam em 2012, essa plataforma propôs um novo acordo. O Canadá saiu do Protocolo de Kyoto, pois EUA e China não assinaram, dessa maneira, o acordo se torna ineficaz.
  12. Acordo de Paris (2015): é o sucessor do Protocolo de Kyoto, incentivando compromissos voluntários, isto é, agora as metas não são mais exclusivas dos países industrializados. No ano seguinte, o Acordo de Paris entra em vigor e, mais uma vez, os EUA estão em processo para deixar o acordo.

Questão comentada

Vestibular Unicamp/2015

No mês de julho de 2014, uma chuva de granizo em uma praia do rio Ob, na cidade de Novosibirsk, na Sibéria, produziu duas vítimas fatais. Esse tipo de evento atmosférico é relativamente raro em latitudes médias e altas, sendo sua ocorrência mais frequente em regiões equatoriais, onde há maior incidência de formação de nuvem do tipo cumulonimbus. A ocorrência do mencionado fenômeno está associada

a) ao fenômeno do “El Niño”, que produz mais evaporação da água de rios, mares e canais, afetando também as regiões temperadas e polares.
b) a uma anomalia das condições atmosféricas locais, resultante da influência dos ventos quentes vindos do sul da Rússia.
c) ao período de verão, estação em que ocorre mais frequentemente o aumento da temperatura média e maior evaporação da água.
d) ao deslocamento de nuvens da Europa mediterrânea, de clima quente e úmido, produzindo chuvas torrenciais nas regiões polares.

Resolução

a) Incorreto. O El Niño não possui relação direta com a chuva de granizo. Ademais, praticamente não afeta as regiões polares.

b) Correto. Ocorre quando a superfície se superaquece. O vapor ascende rapidamente, chegando na tropopausa (região mais fria da troposfera), promovendo a sublimação (passagem do estado gasoso para o sólido).

c) Incorreto.<em> A chuva de granizo pode ocorrer em qualquer estação do ano.

d) Incorreto. Nas regiões polares não ocorrem chuvas torrenciais.

Gabarito: B

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