Quantidade de calor latente: conceito, fórmula e aplicações

Quantidade de calor latente: conceito, fórmula e aplicações

Entenda o conceito de calor latente, como aplicá-lo em cálculos, diferenças em relação ao calor sensível e exemplos

O calor latente explica como a energia térmica atua nas mudanças de estado sem variar a temperatura. Esse conceito aparece em fenômenos do dia a dia, como o suor, o ar-condicionado e até na formação das chuvas.

Durante as mudanças de fase, a energia é usada para romper ou formar interações intermoleculares, mantendo a temperatura constante. Esse princípio é essencial em cálculos de curvas de aquecimento e em aplicações práticas da termodinâmica.

Nesse texto, você vai entender os conceitos de calor latente, como aplicá-lo em cálculos, suas diferenças em relação ao calor sensível e exemplos práticos. Acompanhe abaixo.

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Conceito de calor latente

O calor latente é a energia térmica absorvida ou cedida por uma substância durante uma mudança de estado físico. Ao contrário do calor sensível, que altera a temperatura do corpo, o calor latente não provoca variação térmica.

Essa energia é empregada para romper ou formar ligações intermoleculares ao longo da transição de fase, e não para aumentar a energia cinética média das moléculas. Devido a isso é chamado de latente, isto é, “escondido”.

Estados e transições de fase

As mudanças de estado mais comuns são:

  • Sólido → Líquido: Fusão (absorve calor);
  • Líquido → Sólido: Solidificação (cede calor);
  • Líquido → Gasoso: Vaporização (absorve calor; inclui ebulição, evaporação);
  • Gasoso → Líquido: Condensação (cede calor);
  • Sólido → Gasoso: Sublimação (absorve calor); e
  • Gasoso → Sólido: Ressublimação (cede calor).

Para cada tipo de mudança existe um calor latente específico associado. Ex.:

  • Lf (fusão);
  • Lv​ (vaporização); e
  • Ls (sublimação). 

Em termos de entalpia, vale sempre que, à mesma temperatura, a entalpia de sublimação é a soma das entalpias de fusão e vaporização: Ls=Lf+Lv.

Fatores que influenciam o calor latente

Três grandezas controlam a quantidade de calor necessária para produzir uma mudança de estado físico:

  • Massa (m): quanto maior a massa que muda de fase, maior a energia necessária;
  • Natureza da substância: cada material tem valores específicos de L. Ex.: a água tem valores de Lf e Lv ​ relativamente altos; e
  • Pressão: altera as temperaturas de mudança de fase (ponto de fusão/ebulição) e pode influenciar os valores de L; em exercícios de ensino médio, normalmente usa-se valores tabelados à pressão atmosférica (1 atm).

Fórmula fundamental do calor latente

A quantidade de calor latente necessária para que uma massa m mude de fase é:

Onde: QL ​ é a energia trocada (em cal ou J), m é a massa (g se L em cal/g; kg se L em J/kg) e L é o calor latente específico (unidades: cal/g, J/kg, etc.).

Convenção de sinais:

  • QL>0 para processos endotérmicos (absorvem calor — fusão, vaporização, sublimação); e
  • QL<0 para processos exotérmicos (cedem calor — solidificação, condensação, ressublimação).

Obs.: é importante perceber que o valor numérico de L para o processo inverso tem sinal oposto.

Alguns valores típicos de calor latentes são:

  • Fusão do gelo: Lf ≈ 80 cal/g =334,8 kJ/kg (comumente arredondado para 334 kJ/kg); e
  • Vaporização da água (a 1 atm): Lv ≈ 540 cal/g = 2260,4 kJ/kg (≈ 2260 kJ/kg).

O Lv da água é muito maior que Lf porque separar totalmente as moléculas para o estado gasoso exige romper ligações intermoleculares com mais energia do que apenas enfraquecê-las para a fusão.

Curvas de aquecimento/resfriamento

Num gráfico temperatura T versus calor adicionado Q (ou tempo em aquecimento a taxa constante), identificam-se:

  • Segmentos inclinados: onde o calor é sensível (variação de temperatura dentro de uma fase). A inclinação relaciona-se à capacidade térmica da fase; e
  • Segmentos horizontais (patamares): onde ocorre mudança de fase; a temperatura permanece constante enquanto Q aumenta; a extensão do patamar é proporcional a mL.

Esses patamares correspondem aos momentos em que o calor é latente. Observe a representação esquemática abaixo:

Estratégia para resolver problemas

Para resolver questões sobre calor latente em provas e vestibulares, adote uma estratégia clara e sistemática. Siga este passo a passo prático:

  • Passo 1: Identificar os estados inicial e final, com suas respectivas temperaturas;
  • Passo 2: Dividir o processo em etapas: aquecimento ou resfriamento sensível dentro de cada fase e mudanças de fase com calor latente;
  • Passo 3: Aplicar Qs=m⋅c⋅ΔT nas etapas sensíveis e QL=m⋅L nas etapas de mudança de fase;
  • Passo 4: Somar algebricamente todos os valores de Q para obter o Qtotal. Em equilíbrio térmico, considerar ∑Q=0; e
  • Passo 5: Conferir unidades e sinais em todas as etapas para evitar erros.

Erros comuns

É comum cometer erros em questões de calor latente, por isso é importante atenção a alguns pontos como:

  • Esquecer de considerar o patamar de mudança de fase (QL);
  • Usar o valor de c ou L correspondente à fase incorreta (ex.: aplicar c da água líquida ao gelo);
  • Misturar unidades sem conversão adequada (g × J/kg, cal × J); e
  • Desrespeitar a convenção de sinais ao somar os calores.

Exemplos práticos e aplicações

Alguns exemplos práticos do calor latente podem ser observados em:

  • Refrigeração e ar condicionado: o refrigerante absorve grande quantidade de calor ao vaporizar e libera calor ao condensar, é o princípio do ciclo frigorífico;
  • Transpiração: a evaporação do suor retira calor do corpo porque a vaporização da água exige um grande Lv ​, promovendo resfriamento;
  • Conservação com gelo: o gelo derrete absorvendo o calor latente de fusão, mantendo a temperatura próxima a 0 °C enquanto houver gelo; e
  • Perigo de queimaduras por vapor: vapor a 100 °C pode causar queimaduras mais graves que água líquida a 100 °C porque, ao condensar na pele, libera seu elevado calor latente.

Questão do vestibular sobre calor latente

Universidade Regional do Cariri – URCA (2021)

O Calor Latente (L) é a quantidade de calor por unidade de massa (m) que uma substância deve receber ou ceder para realizar uma transição de fase (estado). Sua fórmula é QL=m.L.
Já o Calor Sensível é a quantidade de calor que é transferida entre os corpos, produzindo uma variação em sua temperatura (ΔT). A quantidade de calor sensível é Qc=m.c.ΔT,  onde c é o calor específico da substância.
Sabendo que para a água pura, o calor específico vale cH2O=4,2 kJ/kg.°C e o calor latente de vaporização vale LH2O=2,26 kJ/kg, e, para o mercúrio, o calor específico vale cHg=0,14 kJ/kg° e o calor latente de vaporização vale LHg=0,3 kJ/kg a uma temperatura de vaporização THg=357°C. 
Considere que as substâncias possuem as mesmas massas e as seguintes afirmações:

I. Partindo de uma temperatura inicial de 25ºC, é necessário menos calor para evaporar toda a massa de água do que evaporar toda a massa de mercúrio.

II. É muito mais difícil resfriar a água do que o mercúrio, que é um metal.

III. Seja a água a 25ºC e o mercúrio a 200ºC, a temperatura aproximada de equilíbrio térmico com as duas massas isoladas trocando calor entre si é 98ºC

É correto afirmar que.

A) Apenas a afirmativa I é correta.
B) Apenas a afirmativa II é correta.
C) Apenas as afirmativas I e II são corretas.
D) Apenas as afirmativas I e III são corretas.
E) Apenas as afirmativas II e III são corretas.

Alternativa Correta:

B

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