Conquista das Américas: processo, impactos e consequências

Conquista das Américas: processo, impactos e consequências

Entenda como ocorreu a conquista das Américas, o encontro entre europeus e povos indígenas e os impactos desse processo

A Conquista da América, nos séculos XV e XVI, resultou da expansão marítima e do mercantilismo europeu. Espanhóis e portugueses dominaram civilizações e iniciaram um sistema colonial baseado na exploração econômica e no trabalho compulsório.

Esse processo transformou a demografia, a economia e as culturas do continente, ampliando o poder europeu e impulsionando o capitalismo. Também deu origem a sociedades marcadas por desigualdade e hierarquia racial.

Neste texto, você vai entender como ocorreu a Conquista das Américas, desde o encontro entre europeus e povos indígenas até os impactos desse processo. Acompanhe abaixo.

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O contexto europeu e as motivações da conquista

A Europa entre os séculos XIV e XVI vivia um período de transição. Esse momento foi marcado pelo renascimento urbano e comercial e pela centralização do poder nas monarquias nacionais.

As conquistas foram impulsionadas por  fatores econômicos, religiosos, culturais e tecnológicos. A crise do século XIV, somada ao renascimento comercial, levou os governos europeus a buscar novas rotas marítimas. 

O avanço da ciência náutica, como bússola, astrolábio, quadrante, caravelas e cartas de marear, permitiu viagens oceânicas longas. Com as novas rotas, buscavam escapar do monopólio árabe-italiano no Mediterrâneo e acessar diretamente as riquezas do Oriente.

Assim começou a Expansão Marítima Europeia, impulsionada por reinos pioneiros, especialmente Portugal e Espanha. O mercantilismo, doutrina baseada na acumulação de metais preciosos, o metalismo, também reforçou a busca por novas rotas e riquezas fora do continente. 

Além dos fatores econômicos, surgiram motivações religiosas e culturais. A Igreja Católica, ainda marcada pela Reconquista Ibérica, via a expansão ultramarina como chance de evangelizar “povos pagãos” e ampliar sua influência.

Além disso, a visão etnocêntrica europeia considerava suas técnicas, armas, religião e instituições superiores às demais culturas. Essa mentalidade, ajudou a legitimar a dominação violenta dos povos americanos.

Outro fator decisivo foi a revolução militar e tecnológica da Baixa Idade Média. Os europeus possuíam armas de fogo, canhões, armaduras metálicas e cavalos, desconhecidos pelos povos americanos.

As grandes civilizações Pré-Colombianas

Antes da chegada europeia, a América era habitada por sociedades extremamente diversas. Dentre elas, os Maias, os Astecas e os Incas são as três civilizações que se destacavam pela sofisticação cultural, política e econômica.

Os Maias, estabelecidos na Mesoamérica, desenvolveram uma civilização baseada em cidades-estado independentes, como Chichén Itzá e Tikal. Eram notáveis por seu profundo conhecimento em astronomia, matemática e escrita hieroglífica.

Pirâmide de Kukulcán no sítio arqueológico de Chichén Itzá.

Os Astecas, ou mexicas, formaram um poderoso império centralizado em Tenochtitlán, uma das maiores cidades do mundo no século XV. Eles dominavam outros povos submetidos a tributos, o que gerava tensões internas.

A conquista asteca, liderada por Hernán Cortés, só foi possível devido ao uso de armas europeias. Outro fator essencial foi a formação de alianças com povos inimigos dos astecas, como os tlaxcaltecas, além da captura do imperador Moctezuma II.

Cidade pré-colombiana de Teotihuacán, no México.

Os Incas, por sua vez, constituíram o vasto império do Tahuantinsuyu, nos Andes. Possuíam um Estado centralizado, uma administração eficiente e um impressionante sistema de estradas e pontes e instrumentos de contabilidade.

Francisco Pizarro foi o comandante da expedição responsável pela dominação dos Incas. Em sua chegada o império estava fragilizado por uma guerra de sucessão entre Huáscar e Atahualpa, o que facilitou seu avanço e posterior dominação.

Cidade de Machu Picchu, importante centro político e religioso do Império Inca.

Estratégias e fatores da conquista

A conquista europeia da América não pode ser explicada apenas pela força bélica, mas por um conjunto de fatores. Os fatores biológicos como varíola, sarampo, gripe e tifo trazidos pelos conquistadores, foram determinantes.

Os indígenas não possuíam imunidade e foram dizimados em proporções devastadoras, chegando a causar a morte de até 90% da população nativa em algumas regiões. Essa “epidemia microbiana” fragilizou a resistência indígena e acelerou a ocupação.

Fatores culturais também influenciaram, pois alguns povos interpretaram a chegada dos europeus por meio de antigas profecias. Muitos chegaram a vê-los como divindades ou presságios.

Primeira homenagem a Cristóvão Colombo, José Garnelo, 1892. Óleo sobre tela.

Ainda nesse contexto, vários grupos não compreendiam a lógica de guerra total usada pelos espanhóis. Os europeus lutavam pela aniquilação do inimigo, não pelo controle ritualizado comum em algumas culturas ameríndias.

Os conquistadores exploraram as divisões internas como grupos oprimidos que viram nos espanhóis uma chance de libertação e se aliaram a eles. Esses aliados forneceram guerreiros indígenas decisivos para a queda dos grandes impérios.

O estabelecimento do sistema colonial espanhol

Com a vitória militar, a Espanha implantou um sistema colonial estruturado para extrair recursos e controlar politicamente os territórios. No topo da administração estava o órgão metropolitano responsável por legislar e supervisionar.  

No continente, o território foi organizado em Vice-Reinos, que centralizavam o governo em amplas regiões. Também existiam as Capitanias-Gerais, responsáveis pelo controle político-militar de áreas estratégicas.

Havia ainda instâncias encarregadas da justiça e conselhos locais dominados pela elite colonial. Além disso, também as Audiências, encarregadas da justiça, e os Cabildos, órgãos locais dominados pelos criollos.

A exploração da força de trabalho indígena se dava por sistemas como:

  • Mita: trabalho compulsório e rotativo nas minas, especialmente em Potosí, onde milhares de indígenas morreram devido às condições exaustivas; e
  • Encomienda: grupos indígenas eram entregues a um encomendero, que devia “protegê-los” e cristianizá-los, mas, na prática, utilizava-os como mão de obra quase escrava.

A economia colonial era extrativista, com forte predominância da mineração de prata e ouro. A prata de Potosí e de Zacatecas foi fundamental para financiar o mercantilismo e dinamizar a economia global, inclusive o comércio com a Ásia.

Consequências e legados da conquista

A conquista da América provocou transformações profundas. A brutalidade do processo gerou denúncias célebres, como as de Bartolomé de las Casas, que originaram a chamada “Lenda Negra”, crítica à crueldade espanhola.

Formou-se uma sociedade colonial hierarquizada, marcada por critérios raciais: no topo estavam os chapetones (espanhóis nascidos na metrópole), seguidos pelos criollos, mestiços, indígenas e, posteriormente, escravizados africanos.

A prata americana impulsionou o desenvolvimento do capitalismo europeu e deslocou o eixo econômico do Mediterrâneo para o Atlântico. Isso inaugurou uma nova ordem econômica e geopolítica que influenciaria todo o período moderno.

Questão do vestibular sobre a conquista das américas

Enem 2018

O encontro entre o Velho e o Novo Mundo, que a descoberta de Colombo tornou possível, é de um tipo muito particular: é uma guerra – ou a Conquista -, como se dizia então. E um mistério continua: o resultado do combate. Por que a vitória fulgurante, se os habitantes da América eram tão superiores em número aos adversários e lutaram no próprio solo? Se nos limitarmos à conquista do México – a mais espetacular, já que a civilização mexicana é a mais brilhante do mundo pré-colombiano – como explicar que Cortez, liderando centenas de homens, tenha conseguido tomar o reino de Montezuma, que dispunha de centenas de milhares de guerreiros?

TODOROV, T. A conquista da América. São Paulo: Martins Fontes, 1991. (adaptado)

No contexto da conquista, conforme análise apresentada no texto, uma estratégia para superar as disparidades levantadas foi

A) implantar as missões cristãs entre as comunidades submetidas.
B) utilizar a superioridade física dos mercenários africanos.
C) explorar as rivalidades existentes entre os povos nativos.
D) introduzir vetores para a disseminação de doenças epidêmicas.
E) comprar terras para o enfraquecimento das teocracias autóctones.

Alternativa correta:

C

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