Olá, pessoal… Tudo bem? Sou a profª. Alê Lopes, do Estratégia Vestibulares, e escrevo este artigo para lançar o Gabarito UEL 2020, da disciplina de História. Nesta página, você vai conferir a resolução comentada completa. Vamos nessa??
Analise a figura 1 a seguir e responda às questões 2 e 3:
Questão 2
Com base na figura 1 e nos conhecimentos sobre o reinado de Luís XIV, na França, assinale a alternativa correta.
a) Como fonte histórica, a pintura é considerada produção estética destituída de articulações com a sociedade do período.
b) Essa pintura representa, da perspectiva política, símbolos do Absolutismo, ao tornar reconhecida a figura do rei.
c) O monarca Luís XIV dispunha de autoridade limitada, recordando a divisão iluminista do poder em três esferas.
d) A extensão de direitos de cidadania ao Terceiro Estado foi um dos principais traços políticos do período.
e) A característica política do reinado de Luís XIV foi a separação entre a instituição religiosa e o Estado.
Resolução Comentada
- LETRA A – essa afirmação é falsa, pois as representações da vida em sociedade a partir da pintura acompanham a história das civilizações, sendo que as imagens reproduzidas – em geral – dialogam com o respectivo contexto. A exemplo, lembro das pinturas rupestres, as quais mostram cenas do cotidiano de determinado tempo. Além disso, a própria imagem de Luís XIV simboliza um rei em uma sociedade organizada a partir da monarquia absolutista. Ou seja, há uma articulação da obra com seu tempo histórico.
- LETRA B – alternativa correta, pois diversos elementos do quadro de Rigaud nos lembram o Estado absolutista francês. Vejamos: a coroa, o trono e o cetro. Aproveito para lembrar que Luís XIV, cujo governo foi de 1643 a 1715, ficou conhecido pela frase “ O Estado sou eu”. Esse monarca foi responsável por consumar o apogeu do Estado Absolutista na França. Segundo o historiador Perry Anderson, a “aristocracia, a partir de então, iria encontrar sossego sob o absolutismo consumado e solar de Luís XIV” . Ele herdou um Estado com um exército consolidado, com uma administração burocrática definida, com finanças regulares e sem grandes conflitos internos. Ou seja, o poder monárquico estava, praticamente, racionalizado e ampliado. Com isso, já podemos passar par ao próximo comentário.
- LETRA C – Autoridade limitada? Não, meus queridos, pois se ele era o rei Sol e a representação do Estado, nem de longe poderia ter o poder limitado. Limitado por quem? A teoria do direito divino do rei ainda estabelecia que o rei seria a representação de Deus na terra. A divisão iluminista do poder, aquela conceituada por Montesquieu (Executivo, Legislativo e Judiciário) só virá com a Revolução Francesa (1789) com a derrubada da monarquia absolutista na França.
- LETRA D – errado, pois o terceiro Estado, formado por camponeses, artesãos, plebeus e burguesia comercial, não tinham direito algum. Na verdade, é anacrônico falar em cidadania nesse momento da história, sob os Estados absolutistas. Sobre o terceiro Estado recaiam impostos e diferentes formas de opressões. A rigor, até as vésperas da Revolução Francesa, não existiam direitos, mas existiam privilégios, os quais eram exclusivos do clero e da nobreza.
- LETRA E – também está errado, basta lembrarmos de que os reis eram coroados pelos papas e da teoria do direito divino do rei.
Gabarito: B
Questão 3
Para proteger o seu patrimônio, o museu do Louvre, em Paris, transferiu para locais secretos grande parte de seu acervo mais valioso e representativo durante a Segunda Guerra Mundial. O Brasil participou dessa Guerra, como documentado no museu da Força Expedicionária Brasileira, no Rio de Janeiro. Os documentos registram o envio de mais de 25 mil integrantes, dos quais cerca de 12 mil foram feridos e, aproximadamente, 470 mortos.
Sobre essa guerra, é correto afirmar que os brasileiros combateram os
a) anarquistas.
b) comunistas.
c) fascistas.
d) monarquistas.
e) socialistas.
Resolução Comentada
Ótima questão que, ao mesmo tempo, cobrou o contexto da 2ª Guerra Mundial e a participação do Brasil nesse conflito. Porém, ela precisaria de um pequeno reparo. Vem comigo!!
Primeiro, a 2ª Guerra Mundial, dentre outros motivos, foi causada pela ascensão do nazismo na Alemanha e do fascismo na Itália. De um lado, houve a aliança dos países do Eixo (Alemanha, Itália e Japão) e, do outro, os Aliados (Inglaterra, França, URSS, EUA etc.).
No contexto da 2ª Guerra Mundial, podemos falar em monarquias? Difícil, hein? Logo, já descartamos a letra D. E Estados anarquistas, existiam? Também não e, por sinal, seria um contrassenso, pois os anarquistas defendem o fim do Estado. Então não seria possível os brasileiros terem combatido os anarquistas. Da mesma foram, letra A errada.
De fato, do ponto de vista ideológico, entre a década de 1940 e 1950, existiam os capitalistas (EUA, Inglaterra…), os comunistas e socialistas (URSS) e os fascistas (Itália). Como a frente dos Aliados reuniu EUA capitalista e URSS comunista/socialista, já podemos descartar as alternativas B e E. Sobrou a C, fascistas, e é o gabarito. Olha sóoo…
E o Brasil na 2ª GM? Bem, apesar da postura de neutralidade no início da guerra, o Governo brasileiro (Getúlio Vargas, período do Estado Novo) se posicionou contra os países do Eixo e entrou na guerra em 1942. Militarmente, os pracinhas – militares organizados na Força Expedicionária Brasileira, a FEB – combateram na Itália.
Segundo Regina da Luz Moreira, da FGV, a FEB uniu-se às tropas do V Exército norte americano com o objetivo impedir o deslocamento alemão para a França.
Opa, opa, opa! Se era um combate contra os alemães, era um combate contra os… NAZISTAS e não contra os FASCISTAS. Apesar de o fascismo ter se desenvolvido na Itália, Mussolini caiu em 1943 e, quando os brasileiros chegaram para combater na Itália o combate foi contra os nazistas e não contra os fascistas. Isso não é picuim não, fascismo é uma coisa e nazismo é outra, embora com semelhanças e embora Itália e Alemanha tenham ficado do mesmo lado na 2ª Guerra Mundial.
Dica da Profe! Aprenda se divertindo: filme Caçadores de Obras-Primas, sobre um grupo de soldados que, durante a 2ª Guerra Mundial, busca obras de arte roubadas pelos nazistas.
Gabarito: C
Questão 8
Analise a imagem a seguir.
Exposta no Museu do Louvre, a obra “Liberdade Guiando o Povo”, remete à existência de questão social ainda hoje debatida. Com base na imagem e nos conhecimentos sobre modernidade e vida social, é correto afirmar que a obra representa
a) a luta de estratos sociais em defesa da igualdade jurídica e pela conquista dos direitos de cidadania.
b) a primeira tentativa de revolução social do proletariado moderno contra a burguesia.
c) a participação popular na luta pelo direito de voto pelas mulheres e contra o trabalho infantil.
d) o repúdio ao caráter sangrento das revoluções populares, produtoras de regimes ditatoriais.
e) a democracia, que atinge a plenitude quando homens, mulheres e jovens pegam em armas.
Resolução Comentada
Temos que reparar bem na pintura, uma mulher com a bandeira tricolor das lutas sociais e dos processos revolucionários na França, pessoas com roupas populares, um homem mais bem vestido e com uma espingarda, uma criança, etc.
Em suma, o quadro remete a uma guerra civil, a uma insurreição popular. De fato, o tema de Liberdade Guiando o Povo é o levante de julho de 1830, na França. Algo perceptível pela data abaixo da imagem.
Somando essas informações ao nome da obra, Liberdade Guiando o Povo, logo podemos associar a mulher do quadro ao símbolo da Liberdade, em um contexto em que as lutas sociais combatiam os privilégios dos estratos sociais ligados à nobreza, às elites e às monarquias e, ao mesmo tempo, reivindicavam direitos. Diante disso, nosso gabarito é a letra A.
- LETRA B – interessante essa afirmação. Nem era o primeiro levante do proletariado, pois, desde 1789, por mais que o proletariado ainda fosse uma classe em formação, existiam levantes/insurreições pipocando; nem era uma revolução social contra a burguesia, pois, nesse momento, proletários e burguesas ainda estavam no mesmo campo da trincheira combatendo as monarquias. A rigor, na França, à luz da obra de K. Marx, O 18 Brumário de Luís Bonaparte, é nos levantes de 1848 que proletários e burgueses irão se enfrentar nas ruas. A propósito, repare que há uma espécie de burguês no quadro, o homem bem vestido com arma na mão e chapéu chique. Em suma, trata-se de uma luta geral (de burgueses, proletários, camponeses), pela liberdade e contra a restauração monárquica.
- LETRA C – essas bandeiras/reivindicações não estavam colocadas nesta luta social de 1830.
- LETRA D – não é possível falar em repúdio ao caráter sangrento das revoluções populares, já que a imagem do quadro está delineada com certo entusiasmo.
- LETRA E – liberdade não é sinônimo de democracia, tão pouco há elementos na obra para afirmar que a democracia se torna plena quando todos pegam em armas. É o contrário disso, pelo menos do ponto de vista teórico, isto é, a democracia não necessita de armas, mas de diálogos.
Gabarito: A
Questão 13
Como parte do acervo do Museu do Louvre, as obras Estátua Equestre e Espada Joiosa expressam o período de Carlos Magno, na alta Idade Média europeia (séculos VIII-IX). Sobre as características da dinastia carolíngia, assinale a alternativa correta.
a) Carlos Magno criou a Escola Palatina reunindo estudiosos de várias áreas e de diferentes regiões da Europa.
b) Sob o domínio dos carolíngios ocorreu uma separação entre o poder temporal e o poder espiritual.
c) O poder central do rei carolíngio se fortaleceu perante o enfraquecimento do poder local dos senhores feudais.
d) O Tribunal do Santo Ofício regulava de forma hegemônica os conflitos entre os senhores feudais carolíngios.
e) Carlos Magno manteve um período de paz permanente em seus domínios territoriais.
Resolução Comentada
Rapidamente, queridos e queridas, vamos lembrar que em 751 d.C. o rei Pepino,o Breve, iniciou a Dinastia Carolíngia, pondo fim à Dinastia Merovíngia. Em troca do decisivo apoio da Igreja, Pepino cedeu ao Papa imensas extensões de terra no centro da Península Itálica, que ficaram conhecidas como Terras de São Pedro – embrião do que hoje conhecemos como Vaticano. Depois da morte de Pepino, em 768, seu filho Carlos Magno assumiu o trono. Governou até 814 e foi considerado o maior rei da Alta Idade Média (lembre-se de que a Alta Idade Média compreende de 476 até o século XI), pois organizou um eficiente sistema administrativo capaz de suportar a expansão territorial e fez diversos investimentos em conhecimento. Conhecimento??? Sim!!
O período que Carlos Magno governou é conhecido na história como Renascimento Carolíngio. Renascimento porque Carlos Magno tentou um projeto para fazer renascer o antigo Império Romano do Ocidente. O “Renascimento Carolíngio” foi caracterizado pelo incentivo à cultura e ao desenvolvimento do saber, ou seja, ao conhecimento. O Imperador chegou a formar um círculo de eruditos em sua corte ao qual denominava de Academia ou Escola Palatina. Para fechar esses lembretes do período Carolíngio, com seu modo de administrar o reinado, Carlos Magno conseguiu reequilibrar as relações entre o poder do rei, o poder da Igreja e o poder da nobreza.
Feito esse breve resumo, vamos às alternativas.
- LETRA A – exatamente, as informações batem com os feitos de Carlos Magno, o rei dos Francos.
- LETRA B – pelo contrário, houve mais aproximações entre Igreja e reis.
- LETRA C – não, na Alta Idade Média os senhores feudais eram centros de poder importantes para manter a estrutura da sociedade. O enfraquecimento do modelo feudal de sociedade, e dos poderes senhoris ocorrerá no século XI. Saiba também que Carlos Magno impulsionou o uso das relações de vassalagem e, ao reequilibrar as relações de poder, ele dividiu o poder entre os nobres, tendendo à descentralização política. Ou seja, os senhores feudais não ficaram fracos.
- LETRA D – para descartar essa alternativa, basta lembrarmos da fundação do Santo Ofício ou Inquisição: século XII, mais precisamente, 1184, no sul da França. A Inquisição combateu as heresias, de modo que, em 1231, o Papa Gregório IX a instituiu oficialmente, pois queria acabar com as seitas religiosas na Itália, França, Alemanha e Portugal. O Santo Ofício recebia as acusações contra pessoas que professassem práticas diferente daquelas do cristianismo oficial. Dessa forma, nada a ver “conflitos entre os senhores feudais carolíngios”.
- LETRA E – falso, pois ele expandiu territórios do reino franco e, não por menos, Carlos Magno foi coroado pelo papa Leão III como o Imperador do “Novo Império Romano do Ocidente”!
Gabarito: A
Questão 28
Analise a figura a seguir.
Com base na figura e nos conhecimentos sobre o período de transição da República para o Império Romano, assinale a alternativa correta.
a) Após a desestruturação da República, os imperadores romanos legitimaram sua posição sobre fundamentos políticos laicos.
b) Com o término da República e a ascensão do Império ao longo do primeiro século a.C., os imperadores passaram a ser considerados como escolhidos pelos deuses.
c) Durante o colapso da República, ocorreu inexpressiva participação popular, tendo em vista que a escravidão tinha sido abolida no período de Espártaco.
d) No Império, Roma iniciou sua expansão territorial para regiões mediterrânicas da atual Europa, do Oriente Médio e do norte da África.
e) No final da República, os atores históricos ligados aos triunviratos buscaram legitimar seu poder por intermédio do fortalecimento da liberdade do Senado.
Resolução Comentada
A palavra chave do enunciado da questão é “transição”, pois ele sugere comparações. Por isso, vamos resgatar a cronologia geral da Roma antiga:
Repare, ainda, que as alternativas fazem menção ou à República ou ao Império, de modo que a fase da Monarquia não foi cobrada.
- LETRA A – falso, pois os Imperadores, que eram comandantes do exército, passaram a ser divinizados, tal como Otávio Augusto, o primeiro Imperador. A partir dele, os imperadores passaram a receber o título de augustus (divino), próximo aos deuses.
- LETRA B – conforme comentário da alternativa A, essa afirmação está certa. É o nosso gabarito.
- LETRA C – falso, pois durante a crise da República a plebe e os homens livres, o povo, tiveram participação determinante. Da mesma forma, a segunda parte da frase é errada, pois a escravidão não terminou. O que ocorreu foram centenas de revoltas de escravos contra o sistema que os subjugava. A mais famosa dela, que inclusive inspirou filmes, foi a de Spartacus(Espártaco). A Revolta de Spartacus ocorreu entre os anos de 73 e 70 a.C. Esse período histórico está inserido no auge da escravização na República de Roma e nas mudanças político-sociais da época. No meio do fuzuê todo das tensões sociais em Roma, o que ninguém contava era com um simples gladiador na região de Cápua chamado Spartacus. Você não sabe, gente…. o cara já tinha uma tendência a ser “o loco das ideias” e ficava doutrinando contra a escravidão! A liderança de Spartacus, somada ao cansaço da vida humilhante como mercadoria, fê-lo virar um “mito”. Então, ele elabora um plano: primeiramente, organizou uma pequena revolta com os que compartilhavam da mesma realidade. Já o governo romano apenas mandou algumas tropas para abafar o caso, botando pouca fé nesse movimento. Assim, Espartacus e seus parceiros ganharam a batalha e ainda conseguiram mais marginalizados e descontentes para somar. É verdade que, logo mais, foram dizimados. De toda forma, queridos e queridas, alternativa errada.
- LETRA D – falso, conforme nosso esqueminha acima a expansão foi na fase da República.
- LETRA E – a partir da crise da República romano, o Senado foi perdendo espaço para as lideranças militares. Nesse sentido, na transição da República para o Império essa instituição foi se enfraquecendo a ponto de não controlar os imperadores. Na prática, durante o Império, o Senado adquiriu quase que uma condição de instituição figurativa. Por isso, não dá para afirmar que ele ganhou mais liberdade. Errada essa alternativa.
Gabarito: B
Com isso, queridos e queridas alunas, finalizo meus comentários sobre a prova e, quaisquer dúvidas, entre em contato comigo.
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