A mudança de organização político social é uma das mais profundas marcas das Revoluções Inglesas. Esse movimento aconteceu durante o século XVII e culminaram na ascensão da burguesia e na criação da monarquia parlamentarista que perdura na Inglaterra até os dias atuais.
Neste artigo, você encontrará um resumo com o contexto histórico, as principais fases e características, com as dinastias próprias de cada época e efeitos das Revoluções Inglesas pela Europa.
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Contexto histórico e social das Revoluções Inglesas
As Revoluções Inglesas aconteceram no século XVII, em meio a Idade Moderna e as transformações próprias desse período. Socialmente, uma nova classe social ganhava poder frente à população e aos governos: a burguesia.
Durante o reinado da dinastia Tudor, quando a Reforma Protestante Anglicana aconteceu, os burgueses aproximaram-se da nobreza. Esse fato tem íntima relação com a questão religiosa, já que nesse período as terras passaram a ser privatizadas e vendidas, o que garantia a rentabilidade dos burgos com carvoarias ou plantações.
Com essas considerações, fica evidente que pouco a pouco a burguesia tornou-se parte do cenário econômico do país e, consequentemente, atingiu um novo patamar político, já que suas atitudes influenciariam no desenvolvimento da nação.
Apoiados no puritanismo, que também é chamado de calvinismo inglês, eles possuíam um ideal antiabsolutista radical e ameaçavam o poder dos nobres. Afinal, seu acúmulo de renda poderia ser crescente com as atividades mercantis, ao passo que a hereditariedade da nobreza talvez se mantivesse estagnada por gerações.
Nesse sentido, pode-se considerar que as Revoluções inglesas marcaram o primeiro movimento de caráter burguês que se fortaleceu e se expandiu. A busca da camada burguesa era alcançar legitimidade política, uma vez que, economicamente, eles tinham conquistado certo poder e domínio.
Revolução puritana
Diante das ameaças de enfraquecimento do poder, a dinastia Stuart, que deu sequência ao reinado inglês, optou por estabelecer maior controle sobre os burgueses. Por meio da cobrança de impostos e fomento dos negócios da nobreza, esperava-se um refreamento da ascensão burguesa.
Nessa época, o Parlamento, local onde ocorriam disputas entre nobres e pessoas “comuns”, foi dissolvido, como tentativa de impedir a força da burguesia. Tudo isso acontecia porque os componentes da Câmara dos Comuns se opunham às cobranças indevidas de impostos que os Stuart tentavam implantar.
Entretanto, durante essas disputas, ficava claro que o apoio econômico proveniente dos burgos era essencial para o financiamento das guerras e desenvolvimento do território. Por isso, muitas vezes o rei se via obrigado a convocar o Parlamento e a Câmara dos Comuns para a bancar os conflitos.
Dados apontam que o Parlamento Inglês foi dissolvido três vezes em um período de 4 anos de reinado dos Stuart.
Então, em uma das ocasiões de reconvocação parlamentar, os indivíduos puritanos e antiabsolutistas resolveram lutar por alterações sociais, pois sentiam que o absolutismo era exercido de maneira excessivamente autoritária.
Tais ideias estavam apoiadas no documento conhecido como Magna Carta, descrita em 1215, que regia a Inglaterra e previa um poder monárquico que se relacionasse efetivamente com o Parlamento, o qual deveria ser o órgão máximo de poder político na Inglaterra.
Quando o Rei Carlos I entra em disputa com as autoridades da Escócia e precisa de apoio financeiro para iniciar uma guerra, opta por colocar em votação o aumento dos impostos sobre a sociedade.
Diante disso, surgiu a questão que permeia essa primeira fase das Revoluções Inglesas: “O poder está nas mãos do rei absolutista, por ordem divina, ou o poder pertence a todos setores da nação que podem escolher as opções que melhor suprem suas necessidades?”
Ou seja, a principal reivindicação dos burgueses era pela dissolução do modelo absolutista, afinal essa organização social os engessava nas relações políticas. Por isso, buscavam um modelo mais aberto em que tivessem maior autonomia econômica e social.
Guerra civil
Em meio a esse período em que as tensões entre o monarca e o Parlamento se intensificaram, um líder radical e fervoroso surge entre os burgueses puritanos: Oliver Cromwell.
A disputa, além de todo caráter ideológico, trazia consigo as visões religiosas de cada um dos grupos. De um lado a nobreza católica, os reis e o clero e, do outro, uma burguesia calvinista, cercada de artesãos e pequenos comerciantes que aspiravam maiores direitos sociais.
Uma das peculiaridades do exército de Cromwell era a nomeação dos soldados conforme seu mérito e desenvolvimento militar. Com as estratégias corretas, essas tropas, formadas pelos “comuns”, foram capazes de vencer as investidas reais e conquistaram êxito em suas batalhas, com a prisão do rei Carlos I.
Com a radicalização do movimento, em 1649, foi ordenado que o rei fosse decapitado. Esse fato foi marcante pois demonstra um embate direto entre o Parlamento e o poder real que resultou em medidas drásticas contra a figura do absolutismo.
República de Cromwell
Com a morte de Carlos I, Oliver Cromwell assumiu o governo inglês com o título de “senhor protetor da república”. Um de seus principais atos político-econômicos foi a instauração dos Atos de Navegação.
Nessa ocasião, o transporte dos produtos ingleses deveria ser feito única e exclusivamente por navios da Inglaterra. Com isso, a indústria naval foi incentivada e fortaleceu-se, resultando na formação de uma poderosa Marinha e no domínio do comércio marítimo pelos séculos seguintes.
Com medo das reações populares, o líder optou por fechar o Parlamento e implantar uma ditadura no território inglês. Posteriormente se envolve no mandato de homicídios dos chefes de exército que ele mesmo havia formado.
Quando Cromwell falece e seu filho assume o trono, o poder da república já estava enfraquecido e, diante disso, a própria burguesia busca a volta do regime monárquico. Em uma atitude arriscada, o Parlamento retoma o poder às mãos da dinastia Stuart, com Carlos II, filho do rei que fora decapitado anos antes.
Restauração da dinastia Stuart
Na mesma linha dos embates religiosos que aconteciam anteriormente, observa-se que o Parlamento inglês do período de Restauração da Dinastia Stuart era predominantemente protestante.
O rei então se aproxima das lideranças francesas e das autoridades clericais já que esses possuíam certa influência social. A partir disso, Carlos II escolhe lutar contra os levantes calvinistas.
Apesar de períodos de aproximação e afastamento entre o rei e o Parlamento, observa-se que a insatisfação protestante era crescente nessa época. Os próximos reis da linhagem Stuart seguem os mesmos princípios e continuam a disputa entre parlamentares e monarca..
O irmão de Carlos II, Jaime II, se converteu ao catolicismo e forneceu privilégios aos indivíduos que seguissem essa vertente do cristianismo. Foi então que o Parlamento se revoltou e procurou adotar medidas mais drásticas contra o autoritarismo presente naquela situação.
Revolução Gloriosa
Para conseguir seus objetivos, o Parlamento Inglês chama a filha de Jaime II para reinar na Inglaterra, junto de seu esposo, que era rei dos Países Baixos. Com a invasão do território e a revolta de sua própria cavalaria real, Jaime II sai da nação e se exila na França, onde passou o resto de sua vida.
Dessa forma, Maria II e Guilherme de Orange (ou Guilherme III) assumem o poder inglês como prosseguimento da dinastia Stuart. Para regular o reinado, a estratégia parlamentar foi a criação da Declaração de Direitos de 1689 (Bill Of Rights).
Esse documento limitava o poder dos reis e subjugava suas ações às decisões do Parlamento Inglês, ou seja, o poder político estava descentralizado das mãos do monarca, o que afastava o retorno de uma gestão absolutista. Além disso, as questões religiosas foram solucionadas com a garantia das liberdades individuais.
Esse tipo de organização política e social é conhecida como “monarquia parlamentarista”, que é a base para o surgimento da forma de governo atuante no Reino Unido até os dias de hoje.
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