Figuras de Sintaxe (figuras de construção): o que são, classificação e exemplos

Figuras de Sintaxe (figuras de construção): o que são, classificação e exemplos

O que são Figuras de Sintaxe?

As Figuras de Sintaxe, também chamadas de figuras de construção, são recursos associados à organização e estrutura gramatical das frases. Elas são classificadas em assíndeto, polissíndeto, anacoluto, apóstrofe, elipse hipérbato, pleonasmo, silepse e zeugma.

A seguir, o Estratégia Vestibulares traz para você sobre cada uma das classificações e observar, através de exemplos, as características de cada uma das Figuras de Sintaxe. Vamos lá?

Figuras de Sintaxe: tipos

  • assíndeto
  • polissíndeto
  • anacoluto
  • apóstrofe
  • elipse hipérbato
  • pleonasmo
  • silepse
  • zeugma

Figuras de Sintaxe: Assíndeto

O assíndeto acontece quando as palavras ou orações se sucedem sem conectivos.

Exemplos

  • “Eu chorando, sofrendo, gostando, adorando, gritando” (Gonzaguinha)

As palavras aqui são encadeadas por vírgulas, omitindo os conectivos possíveis, nesse caso, o “e” entre “adorando” e “gritando”.

Outros exemplos

Ele vivia estudando, lendo, resumindo, praticando.
“- Almas tristes
, severas, resignadas,
De guerreiros
, de santos, de poetas.” (Camilo Pessanha)

Figuras de Sintaxe: Polissíndeto

O polissíndeto é a Figura de Sintaxe que vem em oposição ao assíndeto: quando um conectivo é reiterado muitas vezes na ligação entre palavras ou orações.

Exemplos

  • Ela trabalha e sofre e se cansa e recomeça.

Há aqui uma ausência de vírgulas, provocando a repetição do conectivo “e”. Outros exemplos: Não conseguiu nem dinheiro, nem reconhecimento, nem nada.

  • “Fui cisne, e lírio, e águia, e catedral!” (Florbela Espanca)

ATENÇÃO: mesmo com a presença de vírgulas nos exemplos acima, a repetição dos conectivos caracteriza como polissíndeto.

Assíndeto: ausência de conectivos.
Polissíndeto: reiteração de conectivos.

Figuras de Sintaxe: Anacoluto

O anacoluto ocorre quando há uma interrupção brusca do período, iniciado de uma maneira e terminado de outra. Desse modo, acaba por retirar a função sintática daquela palavra.

Exemplos

  • Homens, como brigam entre si!

Há aqui uma palavra que já não possui mais função: “homens”. O período se reorganiza ignorando “homens” como elemento essencial da sintaxe e passa a tratá-lo apenas como referência.

Outros exemplos

  • Eu, sempre que ele liga me conta novidades.
  • “Bom! bom! eu parece-me que ainda não ofendi ninguém!” (José Régio)

Figuras de Sintaxe: Apóstrofe

O apóstrofe ocorre quando há a invocação de alguém, um chamamento. Há o aparecimento do vocativo.

Exemplo:

  • Moça, você está bem?

Há aqui o chamamento de alguém. Muitas vezes, o chamamento pode interromper o fluxo do discurso nos textos literários.

Outros exemplos

Vida, por que és tão difícil?
“Liberdade, Liberdade, / Abre as asas sobre nós”
(Osório Duque Estrada)

Figuras de Sintaxe: Elipse

Entre as Figuras de Sintaxe, a elipse vai correr quando há omissão de um termo ou palavra sem prejuízo de sentido. A palavra omitida deve ser  reconhecida pelo contexto.

Exemplo

  • “Na sala, apenas quatro ou cinco convidados.” (Machado de Assis)

Supressão do verbo “haver”:“Na sala, [havia] apenas quatro ou cinco convidados.”

Outros exemplos:

  • [Eu] Andei a noite toda.
  • [Eu] Entrei em casa. A mesa [estava] posta. As velas [estavam] acesas.

Figuras de Sintaxe: Hipérbato (inversão)

O hipérbato (ou inversão) ocorre quando há inversão da ordem direta das palavras em uma oração ou da ordem das orações em um período.

Exemplo

  • Está pronto o almoço.

Na ordem normal, essa frase seria “O almoço está pronto”. Aqui, há uma inversão dos termos, sem no entanto prejudicar o entendimento do significado.

Outros exemplos

  • “Terminou o Carnaval”
  • “Ouviram do Ipiranga as margens plácidas de um povo heroico o brado retumbante” (Hino Nacional)

Figuras de Sintaxe: Pleonasmo

O pleonasmo é uma das Figuras de sintaxe que ocorre quando há repetição de uma palavra a fim de intensificar o significado.

Exemplo

  • A mim me parece que deveríamos ficar em casa.

Essa repetição serve para reforçar a ideia de que o que está sendo dito é uma opinião pessoal. Na construção comum seria: “Parece-me que deveríamos ficar em casa.”

Outros exemplos

  • “E rir meu riso” (Vinícius de Moraes)
  • “Ó mar salgado, quanto do teu sal. São lágrimas de Portugal!” (Fernando Pessoa)

ATENÇÃO: Quando repetição não acrescenta intensidade à expressão, ela é considerada pleonasmo vicioso, uma incorreção gramatical. É o caso, por exemplo de “Ele subiu para cima do prédio”: só se pode subir para cima, portanto, essa repetição é desnecessária.

Figuras de Sintaxe: Silepse

Esta é uma das Figuras de Sintaxe que acontece quando a concordância entre os termos se dá pelo sentido, pelas ideias, e não pela gramática. Pode ocorrer em três circunstâncias:

Número

Discordância entre singular e plural.

  • A maioria dos alunos reprovaram em matemática.

“maioria” é singular, mas representando um coletivo. Além disso, está acompanhado de “alunos”, no plural. Por isso, o verbo “reprovar” pode vir no plural.

Outros exemplos

  • O povo foi às ruas e manifestaram contra o governo.
  • O casal brigou, mas fizeram as pazes logo depois.

Gênero

Discordância entre masculino e feminino.

  • Vossa Excelência parece cansado.

“Vossa Excelência” e outros pronomes de tratamento são considerados femininos, porém quando se referem a uma pessoa do gênero masculino, o verbo deve concordar com esta.

Outros exemplos

  • São Paulo é muito populosa.
  • “Quando a gente é novo, gosta de fazer bonito.” (Guimarães Rosa)

Pessoa

Discordância entre pessoa e verbo.

  • Todos aqui somos brasileiros.

A palavra “todos” normalmente vem com o verbo flexionado na terceira pessoa do plural (“Todos aqui são brasileiros”), mas, neste caso, o falante se inclui no grupo de “brasileiros” e, portanto, o verbo vem na primeira pessoa do plural.

Outros exemplos

  • A gente precisa ir bem na prova para mostrar ao professor que somos estudiosos.
  • “Dizem que os cariocas somos pouco dados aos jardins públicos.” (Machado de Assis)

Figura de Sintaxe: Zeugma

A zeugma ocorre quando há supressão de termo mencionado anteriormente.

Exemplo

  • Eu fiz o trabalho de português, ele, o de matemática.

Supressão do verbo “fazer” e da palavra “trabalho”, que não são repetidas na segunda oração. É equivalente a “Eu fiz o trabalho de português, ele [fez] o [trabalho] de matemática”

Outros exemplos

  • Ela comeu salada, ele [comeu] pizza.
  • “A igreja era grande e pobre. Os altares, [eram] humildes.” (Carlos Drummond de Andrade)

ATENÇÃO: a zeugma sempre aparece em orações separadas por vírgulas ou outros conectivos.

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