Função conativa: o que é essa função da linguagem?

Função conativa: o que é essa função da linguagem?

As funções da linguagem são classificações gramaticais que tratam sobre o objetivo da fala. No caso da função conativa, por exemplo, a ideia principal é convencer o leitor a respeito de algo que é trazido no texto. 

Diante disso, é uma função da linguagem muito utilizada em publicidade e propaganda, no sentido de atrair a atenção e também atitudes do leitor: como comprar um produto, aderir a uma campanha específica, entre outras. 

O que é função da linguagem?

A função da linguagem é classificada conforme a intenção que o falante tem diante daquele enunciado. Por exemplo, os autores de poemas podem se dedicar em expressar os sentimentos do eu lírico em seus textos e, para isso, utilizam uma função específica da linguagem. 

Em outros momentos, o foco é a informação. Como nas notícias jornalísticas, que buscam informar e transmitir dados precisos para a população. A função de linguagem também pode dedicar a abrir o canal da conversa, como nas curtas conversas desenvolvidas em um elevador. 

Diante disso, são cinco os aspectos que podem ser enfatizados dentro da linguagem: canal, mensagem, emissor, receptor e contexto. Podem aparecer ao mesmo tempo dentro de um texto, mas haverá a predominância de um desses elementos. 

Função conativa

No caso da função conativa, então, o foco principal é o receptor do conteúdo. Essa ênfase é tão pronunciada que alguns autores preferem chamar a função de apelativa, pela inclinação em se dirigir ao interlocutor, como apelando ou clamando por alguma ação. 

É uma função da linguagem típica de convencimento do leitor, então é explorada em situações que requerem essa persuasão. Por exemplo, em campanhas publicitárias, discursos políticos, propagandas comerciais, cartazes de informação, chamadas para ações públicas, ações de conscientização, entre outros exemplos.

Características da função conativa ou apelativa

Uma das características mais marcantes da função conativa é o foco na segunda e terceira pessoas do discurso, seja em número singular ou plural. Isso se dá ao fato de que, para se referir ao interlocutor, utiliza-se pronomes pessoais dessas classificações. 

Ao mesmo tempo, os verbos assumem um modo que identifica esse aspecto apelativo. Em específico, é o modo imperativo, que busca persuadir, dar ordens ou indicar instruções para o leitor, ouvinte ou quaisquer outras classes de interlocutores. 

Outro ponto linguístico observado na função conativa é o termo sintático conhecido como vocativo. Trata-se das palavras que utilizamos para chamar a atenção do receptor da mensagem, então são úteis para trazer o foco e, depois, trazer o conteúdo mais persuasivo. 

Exemplos de função conativa

Como foi mencionado anteriormente, a função apelativa é típica de alguns textos, porque eles tem a função objetiva de trazer a atenção do receptor e incentivá-lo ou instruí-lo dentro de um contexto específico. 

Manuais de instrução

Os manuais de instrução são ótimos exemplos disso, como está mostrado abaixo — leia e observe os verbos imperativos, as pessoas do discurso escolhidas e a construção do texto em formato de ordens e indicações do que fazer e do que não fazer.

Mantenha a porta de seu refrigerador aberta apenas o tempo necessário;

É importante não obstruir a circulação do ar com a má distribuição dos alimentos nas prateleiras;

Deixe um espaço de, no mínimo, 5 cm entre a parte traseira do produto (dissipador serpentinado) e a parede.” (texto retirado de uma questão do Enem 2020)

“Ao utilizar a fonte de alimentação, acomode adequadamente o cabo que vai conectado à tomada, evitando dobrá-lo.

Ao conectar ou desconectar o computador da tomada elétrica, segure o cabo de alimentação pelo plugue e não pelo fio.” (texto retirado de uma questão do Enem 2011)

Campanhas publicitárias

Tipicamente, as campanhas publicitárias e de conscientização também exploram muito bem a função conativa, note a seguir.

exemplo de função conativa

Essa imagem foi retirada de uma questão do Enem 2014 e, apesar de possuir um conteúdo com uma linguagem figurada, que está associada ao desenho gráfico de um monstro; também apresenta indicações do que o interlocutor deve fazer diante de determinadas situações. Tais fatos estão em “Denuncie qualquer caso de violência sexual infantil. Ligue 100.” 

Receitas e propagandas

As receitas são, essencialmente, um passo a passo de como fazer um determinado alimento, substância, mistura de limpeza, material artesanal e outros. Como o objetivo é instruir o leitor, o principal foco está nele, ponto que demonstra a função conativa.

No texto abaixo, que estava em uma questão do Enem de 2016, você observa uma linguagem figurada que aparece na interpretação do texto ao associar filhos com ingredientes. Ao mesmo tempo, no “preparo” a função linguística predominante é a apelativa. 

Receitas de vida por um mundo mais doce
Pé de moleque

Ingredientes 

2 filhos que não param quietos
3 sobrinhos da mesma espécie
1 cachorro que adora uma farra
1 fim de semana ao ar livre

Preparo

Junte tudo com os ingredientes do Açúcar Naturale, mexa bem e deixe descansar. Não as crianças, que não vai adiantar. Sirva imediatamente, porque pé de moleque não para. Quer essa e outras receitas completas?

Entre no site cianaturale.com.br.
Onde tem doce, tem Naturale.

Revista Saúde, n. 351, jun. 2012 (adaptado).

Uma leitura mais atenta permite entender que trata-se de um texto publicitário, o que também se associa com a função apelativa. Então, de certa forma, é uma mistura de gêneros textuais e funções da linguagem, mas com foco em palavras mais apelativas.

Questão sobre função conativa

(Enem/2018)

 “Escrever não é uma questão apenas de satisfação pessoal”, disse o filósofo e educador pernambucano Paulo Freire, na abertura de suas Cartas a Cristina, revelando a importância do  hábito ritualizado da escrita para o desenvolvimento de suas ideias, para a concretização de sua missão e disseminação de seus pontos de vista. Freire destaca especial importância à escrita pelo desejo de “convencer outras pessoas”, de transmitir seus pensamentos e de engajar aqueles que o leem na realização de seus sonhos.

KNAPP, L. Linha fina. Comunicação Empresarial, n. 88, out. 201

Segundo o fragmento, para Paulo Freire, os textos devem exercer, em alguma medida, a função conativa, porque a

atividade de escrita, notadamente, possibilita

a) levar o leitor a realizar ações.
d) falar da própria linguagem.
e) repassar informações.
b) expressar sentimentos do autor.
c) despertar a atenção do leitor.

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