As relações de coordenação na língua portuguesa são cruciais. Elas permitem unir ideias de forma clara e independente dentro de um período composto, criando textos mais ricos e organizados. Para isso, é crucial entender e saber identificar a estrutura das orações coordenadas.
Pensando nisso, o Estratégia Vestibulares preparou este guia para te ajudar a compreender as orações coordenadas e como esse assunto pode cair no vestibular. Confira!
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O que é coordenação?
Coordenação consiste na união de orações dentro de um período composto a partir do seu sentido. Porém, há uma característica especial: as orações coordenadas são independentes sintática e semanticamente.
Independência sintática: o que isso significa?
A independência sintática é a capacidade de uma oração coordenada ser separada das demais sem perder sua estrutura ou significado. Pense nas orações coordenadas como blocos que se encaixam, mas se houver a remoção de um deles, os demais não desmoronam. Essa independência é a grande diferença em relação às orações subordinadas, que precisam de outra oração para se sustentar.
Independência semântica: o que isso significa?
Já a independência semântica significa que cada oração tem sentido completo por si só, ou seja, não depende de outra para ser compreendida.
Assim, cada oração mantém seu significado mesmo se estiver separada da outra. Elas podem ser ligadas por conjunções coordenativas (como e, mas, ou, portanto), mas não possuem uma relação de dependência sintática ou semântica como ocorre nas orações subordinadas.
Exemplo:
- “Eu queria sair, mas estava muito cansado.”
No exemplo acima, “Eu queria sair” e “estava muito cansado” são orações que poderiam ser frases separadas com seu sentido pleno e estrutura conservada: “Eu queria sair. Estava muito cansado.” Logo, elas estão unidas pela coordenação, mas não dependem uma da outra.
Assindéticas e sindéticas: qual a diferença?
Conforme Cereja & Magalhães, as orações coordenadas podem ser classificadas em sindéticas ou assindéticas, dependendo de como são introduzidas.
Assindéticas
As orações assindéticas não são introduzidas por síndeto (conjunção coordenativa) coordenativa e unem-se por justaposição à outra oração do período. Assim, são separadas apenas por vírgula ou ponto.
Exemplo: “Estudei muito, passei na prova.” Perceba que nesse caso a ideia de causa e consequência é implícita.
Sindéticas
Por outro lado, as orações coordenadas sindéticas são introduzidas por conjunções coordenativas, e são classificadas de acordo com o valor semântico das conjunções. A relação entre as orações pode ser de adição, contraste ou conclusão, por exemplo.
Exemplo: “Estudei muito, portanto, passei na prova.” Nesse exemplo, diferentemente do caso das assindéticas, a conjunção “portanto” deixa claro que uma coisa levou à outra.
Logo, nota-se que a assindética é mais fluida e direta, enquanto a sindética é mais explícita. A escolha entre os dois tipos depende de como se deseja transmitir a mensagem.
Relações de sentido nas orações coordenadas sindéticas
Tipos de conjunções coordenativas
As conjunções coordenativas se dividem em cinco categorias principais, de acordo com o sentido que pretendem expressar:
Aditivas
As conjunções aditivas expressam soma ou sequência, como “e” e “nem”.
Exemplos:
- “Fui ao mercado e comprei frutas.”
- “Não consegui pegar o ônibus nem o táxi.”
Adversativas
As adversativas mostram oposição ou contraste. Exemplos comuns dessas conjunções são “mas”, “porém”, “todavia” e “contudo”.
Exemplos:
- “Queria viajar, mas não tinha dinheiro.”
- “Estava cansado, porém contente com o trabalho.”
- “O filme era interessante, todavia o final decepcionou.”
Alternativas
As alternativas indicam escolha ou alternância. Exemplos dessas conjunções são “ou”, “ora…ora” e “seja…seja”.
Exemplos:
- “Posso estudar agora ou deixar para amanhã.”
- “Ora cantava ora dançava.”
- “Seja de dia, seja à noite, os alunos estudavam.”
Conclusivas
As conjunções conclusivas apontam uma conclusão ou resultado. Exemplos dessas conjunções são “logo” e “portanto”.
- “Estava muito quente, portanto abrimos as janelas.”
- “Ele não respondeu às mensagens, logo deve estar ocupado.”
Explicativas
As explicativas, como o próprio nome indica, explicam ou justificam algo. Alguns exemplos típicos de conjunções são “pois”, “porque” e “visto que”.
Exemplos:
- “Não entendi o que ela falou, pois estava barulho.”
- “Não saí, porque estava estudando.”
- “Acordei cedo, visto que precisava trabalhar.”
Como identificar orações coordenadas?
Para identificar as orações coordenadas em um texto, siga estes passos:
- Separe as orações: divida o período e veja se cada parte tem sujeito e verbo próprios.
- Analise a relação de sentido: as orações se somam, opõem-se ou explicam algo? Isso ajuda a entender o vínculo entre elas.
- Verifique a conjunção: se houver, ela indica o tipo de relação (aditiva, adversativa, etc.). Se não houver, a oração é assindética.
+ Veja também: Orações Subordinadas na Sintaxe do Período Composto: entenda como funcionam
Agora que você conhece os tipos de orações coordenadas, as conjunções e as relações de sentido, que tal praticar?
Questão de vestibular sobre relações de coordenação
UEA (2025)
Leia o trecho do romance Ciranda de pedra, de Lygia Fagundes Telles.
Virgínia subiu precipitadamente a escada e trancou-se no quarto.
— Abre, menina — ordenou Luciana do lado de fora.
Virgínia encostou-se à parede e pôs-se a roer as unhas, seguindo com o olhar uma formiguinha que subia pelo batente da porta. “Se entrar aí nessa fresta, você morre!”, sussurrou soprando-a para o chão. “Eu te salvo, bobinha, não tenha medo”, disse em voz alta. E afastou-a com o indicador. Nesse instante fixou o olhar na unha roída até a carne. Pensou nas unhas de Otávia. E esmagou a formiga.
— Virgínia, eu não estou brincando, menina. Abre logo, anda!
— Agora não posso.
— Não pode por quê?
— Estou fazendo uma coisa — respondeu evasivamente.
Pensava em Conrado a lhe explicar que os bichos são como gente, têm alma de gente, e que matar um bichinho era o mesmo que matar uma pessoa. “Se você for má e começar a matar só por gosto, na outra vida você será bicho também, mas um desses bichos horríveis, cobra, rato, aranha…” Deitou-se no assoalho e começou a se espojar angustiosamente, avançando de rastros até o meio do quarto.
— Ou você abre ou conto para o seu tio. É isto que você quer, é isto?
Virgínia imobilizou-se. Ser cobra machucava os cotovelos, melhor ser borboleta. Mas quem ia ser borboleta decerto era Otávia, que era linda. “E eu sou feia e ruim, ruim, ruim!”, exclamou dando murros no chão. Ergueu a cabeça num desafio:
— Pode contar tudo, tio Daniel não me manda, quem manda em mim é meu pai, ouviu? Meu pai.
(Ciranda de pedra, 2009.)
“— Ou você abre ou conto para o seu tio.” (9º parágrafo). Em relação à primeira, a segunda oração expressa uma
a) Causa.
b) Explicação.
c) Consequência.
d) Alternativa.
e) Finalidade.
Resposta:
A relação entre as orações coordenadas apresentadas é de alternância, pois Luciana dá duas possibilidades para Virgínia. A conjunção “ou” indica essa relação de escolha entre duas opções excludentes, característica das orações coordenadas alternativas.
Vamos analisar outras relações abordadas nas demais alternativas:
- Causa: está incorreta, pois conectivos de causa são “pois”, “visto que”, “já que”, “porque”, “uma vez que” e “dado que”.
- Explicação: conectivos comuns para explicação são “de tal forma que”, “em virtude de”, “já que” e “pois”.
- Consequência: se a segunda oração fosse um efeito da primeira, deveria ter “por consequência”, “por conseguinte” ou “por isso”.
- Finalidade: se expressasse um objetivo, alguns conectivos possíveis seriam: “a fim de” e “com a finalidade de”.
Portanto, o gabarito é a alternativa D.
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