Arnaldo Antunes é um dos artistas mais completos da cultura brasileira contemporânea. Poeta, cantor, compositor e artista visual, ele transitou do rock agressivo dos Titãs à MPB lírica dos Tribalistas.
Sua obra é fortemente influenciada pela Poesia Concreta, o que torna suas letras visuais, sintéticas e carregadas de crítica social. Ele discute desde a alienação midiática até o envelhecimento, passando pela desigualdade social e a identidade nacional.
Por isso, o Portal Estratégia Vestibulares listou 13 músicas de Arnaldo Antunes que podem enriquecer seu repertório sociocultural na redação. Acompanhe abaixo!
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Comida (Titãs – Composição: Arnaldo Antunes, Marcelo Fromer, Sérgio Britto)
A música questiona a hierarquia das necessidades humanas ao dizer “A gente não quer só comida / A gente quer comida, diversão e arte / A gente não quer só comida / A gente quer saída para qualquer parte”.
Embora a alimentação seja vital para a sobrevivência biológica, a letra argumenta que a dignidade humana exige mais: acesso à cultura, ao lazer e à liberdade (“saída para qualquer parte”).
É o repertório ideal para temas que envolvem cidadania, acesso à cultura e lazer, servindo para criticar políticas que focam apenas no assistencialismo básico, esquecendo que a população vulnerável também tem direito ao simbólico e ao intelectual.
Televisão (Titãs – Composição: Arnaldo Antunes, Marcelo Fromer, Tony Bellotto)
Com uma ironia ácida, a música aborda a passividade do telespectador diante da tela: “A televisão me deixou burro, muito burro demais / Agora todas coisas que eu penso me parecem iguais”. A repetição da ideia de “burrice” e a homogeneização do pensamento denunciam a capacidade da mídia de massa de limitar o senso crítico.
A música pode ser utilizada em temas sobre manipulação midiática, Indústria Cultural (dialogando com Adorno e Horkheimer) e formação da opinião pública. A letra ilustra como o consumo acrítico de informações pode levar à alienação social.
O Real Resiste
A letra de Real Resiste diz: “Autoritarismo não existe / Sectarismo não existe / Xenofobia não existe / (…) O real resiste / É só um pesadelo, depois passa / Na fumaça de um rojão”. Lançada em um contexto político recente, a música lista males sociais (como fanatismo e xenofobia) que são frequentemente negados por discursos extremistas.
O refrão “o real resiste” funciona como um lembrete de que a verdade factual persiste, independentemente das narrativas criadas para ocultá-la.
A canção funciona em redações sobre pós-verdade, fake news, negacionismo científico e crise democrática, já que defende a existência de uma realidade objetiva que não pode ser apagada pela desinformação.
O Pulso (Titãs – Composição: Arnaldo Antunes, Marcelo Fromer, Tony Bellotto)
“Peste bubônica, câncer, pneumonia / Raiva, rubéola, tuberculose, anemia / (…) E o pulso ainda pulsa”. A letra é uma enumeração de doenças graves, intercalada pelo refrão de resistência: “o pulso ainda pulsa”. Pode ser lida tanto literalmente (a fragilidade do corpo) quanto metaforicamente (a sociedade doente que sobrevive).
A canção pode ser aplicada em temas de saúde pública (o convívio com epidemias) ou, em um sentido figurado, para falar sobre a resiliência da sociedade brasileira diante de suas “patologias” sociais, como a violência, o preconceito e a corrupção.
Socorro (Arnaldo Antunes / Alice Ruiz)
A letra desta canção descreve a incapacidade de sentir prazer ou dor. O eu-lírico pede socorro não por estar sofrendo demais, mas por não sentir nada, um vazio existencial profundo. “Socorro, não estou sentindo nada / Nem medo, nem calor, nem fogo / Não vai dar mais pra chorar / Nem pra rir”.
Ela pode ser usada em temas sobre saúde mental, depressão e a “Sociedade do Cansaço”, estipulada por Byung-Chul Han, já que ilustra a apatia contemporânea, onde o excesso de estímulos ou a exaustão levam a insensibilização e ao desafeto.
Não Vou Me Adaptar (ft. Nando Reis)
Arnaldo Antunes e Nando Reis falam sobre o desconforto de crescer e mudar, mas também sobre a recusa em se moldar às expectativas alheias: “Eu não caibo mais nas roupas que eu cabia / Eu não encho mais a casa de alegria / (…) Não vou me adaptar”. O eu-lírico afirma que “não vai se adaptar”, mantendo sua essência mesmo que isso gere estranhamento.
É um bom repertório em redações sobre comportamento, pressão social e bullying, podendo ser usada para defender a autenticidade do indivíduo contra a massificação e a necessidade de “encaixar-se” em padrões sociais rígidos.
Lava a Mão (Castelo Rá-Tim-Bum – Comp. Arnaldo Antunes)
Embora seja uma música infantil, usada principalmente na série “Castelo Rá-Tim-Bum, ela é um ótimo exemplo de educação lúdica. Arnaldo transforma conceitos de higiene e microbiologia em cultura pop, facilitando o aprendizado ao cantar: “A doença vai embora junto com a sujeira / Verme, bactéria, manda embora embaixo da torneira / Lava uma (mão), lava outra (mão)”.
Essa música pode ser usada para falar de temas como educação sanitária, medicina preventiva ou pandemias. Por ser uma música para crianças, pode surpreender o corretor, o que é algo positivo, já que foge dos padrões.
Além disso, a canção comprova a tese de que a arte e a cultura são ferramentas pedagógicas mais eficientes para a conscientização pública do que manuais técnicos burocráticos.
Diáspora (Tribalistas – Arnaldo Antunes, Carlinhos Brown e Marisa Monte)
A canção é um lamento pelos refugiados do mundo: “Onde está meu irmão? / (…) Atravessamos o mar Egeu / O barco cheio de fariseus / Com os cubanos / Sírios, ciganos/ Como os romanos sem Coliseu”.
Além de citar a travessia pelo “mar Egeu” com “sírios, ciganos”, a letra expõe a desestruturação familiar causada pela migração forçada. O eu-lírico narra o rompimento dos laços e a solidão ao descrever “o meu filho, sem pai / minha mãe, sem avó”.
A vulnerabilidade também é retratada na imagem de alguém “dando a mão pra ninguém”, mostrando a condição do apátrida: “sem lugar, pra ficar”, ou seja, a perda total do território e do pertencimento.
A música pode ser usada em temas que dialogam com crise migratória, xenofobia e refugiados, direitos humanos, a fragmentação das famílias, a perda da identidade cultural e a desumanização de quem não tem um Estado para lhe proteger.
Envelhecer
Ao cantar “A coisa mais moderna que existe nessa vida é envelhecer / (…) Pois ser eternamente adolescente nada é mais demodé” Arnaldo subverte a lógica do etarismo e das perspectivas do envelhecimento… alô, Enem 2025!
Em vez de ver a velhice como decadência, ele a apresenta como o auge da modernidade e da sabedoria. Ele critica a obsessão pela juventude eterna, chamando-a de “demodé” (fora de moda).
A música pode ser usada para falar sobre envelhecimento populacional, etarismo e longevidade. O argumento central é que, com o aumento da expectativa de vida, a sociedade precisa parar de idolatrar a juventude e começar a valorizar a experiência e a vida ativa na terceira idade.
Cabelo
A música retira o cabelo do lugar de simples adorno estético e o coloca como manifestação da identidade e do tempo: “Cabelo vem lá de dentro / Cabelo é como um pensamento / Que a gente penteia”
A canção pode ser usada em temas sobre racismo, estética negra e transição capilar. Assumir o cabelo natural é “pentear o pensamento”, ou seja, externalizar uma identidade que resiste aos padrões eurocêntricos. Também serve para discutir a passagem do tempo (“cabelo quando cresce é tempo”).
O Silêncio (ft. Carlinhos Brown)
A canção produzida por Arnaldo Antunes e Carlinhos Brown diz: “Antes de existir o computador existia a TV / Antes de existir a TV existia a luz elétrica / (…) antes de existir a voz existia o silêncio / (…) O silêncio foi a primeira coisa que existiu”.
A música propõe uma reflexão sobre a história da civilização e o ruído que o progresso gera. Ao traçar uma linha do tempo, Arnaldo situa a tecnologia como o estágio mais recente de um processo que nos afastou da paz original.
A letra sugere que, embora a evolução tecnológica preencha o mundo, ela não substitui a necessidade de introspecção. Ou seja, é na ausência do ruído digital que a verdadeira escuta acontece.
Pode ser usada para discutir temas sobre impactos da revolução tecnológica, hiperconectividade e saúde mental na era digital,e até para argumentar sobre o “paradoxo do progresso”: quanto mais evoluímos tecnologicamente (do computador à IA), mais somos bombardeados por informações e ruídos, perdendo o espaço de contemplação e silêncio necessários para o equilíbrio psíquico e o pensamento crítico.
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