Lançado em novembro de 2025, o filme O Agente Secreto, dirigido por Kleber Mendonça Filho, consolidou-se rapidamente como um marco do cinema contemporâneo.
A obra acumula prêmios em festivais prestigiados como Gramado, Berlim, New York Film Critics Circle Awards, Cannes, com Wagner Moura sendo consagrado também com o prêmio de Melhor Ator, e foi selecionada para representar o Brasil na disputa pelo Oscar de Melhor Filme Internacional em 2026.
No entanto, para além da aclamação estética e crítica, a obra é um retrato complexo do Brasil. Ao revisitar o país na década de 1970, o filme oferece uma análise sobre autoritarismo, memória e identidade nacional, constituindo um repertório sociocultural rico para ser usado nas redações dos vestibulares. Confira abaixo!
+ 7 citações de Wagner Moura para usar na redação
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O Agente Secreto: contexto e sinopse
Ambientado principalmente no Recife, em Pernambuco, no ano de 1977, durante o auge da Ditadura Militar brasileira, o filme acompanha Marcelo (interpretado por Wagner Moura), um refugiado político que busca um local seguro e discreto para morar.
Marcelo se muda para uma antiga pensão,habitada por pessoas que também buscam refúgio ou que estão ligadas a esquemas de poder, esperando encontrar anonimato e paz. No entanto, o que ele encontra é uma atmosfera de paranoia e vigilância intensificada pela repressão estatal.
O filme explora como o autoritarismo e a luta de classes moldam as relações pessoais e comunitárias, e como a memória e o esquecimento são manipulados em um contexto de repressão.
Autoritarismo, repressão e vigilância estatal
Ambientado principalmente em 1977, o filme retrata a paranóia social instaurada pela ditadura militar brasileira. A narrativa mostra como o regime autoritário não afeta apenas a política, mas invade a vida privada dos cidadãos.
O cotidiano dos personagens, principalmente de Armando, transforma-se em um palco de tensão constante, exemplificando como o controle estatal gera medo e desconfiança nas relações interpessoais.
Apagamento e memória histórica
A obra aborda a dificuldade de lidar com o trauma coletivo da ditadura. O protagonista tenta “apagar” suas lembranças da repressão, o que dialoga com o conceito de esquecimento histórico.
No final, o filho do protagonista revela não lembrar de quase nada sobre o pai. Isso ilustra como o tempo e a falta de preservação da memória podem apagar a existência e a história de quem sofreu no passado.
Invisibilidade e registro civil
A busca de Armando pela certidão de nascimento de sua mãe, uma mulher pobre e escravizada, é um exemplo prático do problema do sub-registro no Brasil.
A falta de documentação nega a cidadania e perpetua a exclusão social, mostrando como o legado da escravidão e do racismo estrutural dificulta o acesso a direitos básicos até hoje.
Machismo e desvalorização do trabalho feminino
O filme expõe como a competência feminina é frequentemente diminuída. O personagem Ghirotti insiste em chamar a esposa de Armando de “secretária”, mesmo sabendo que ela é professora e pesquisadora.
Isso exemplifica o machismo estrutural, que ignora a autoridade intelectual da mulher e tenta reduzi-la a posições de subalternidade, independentemente de sua qualificação.
Xenofobia e regionalismo
O filme critica a tendência de desvalorização do Nordeste em comparação ao Sudeste ou ao estrangeiro. As cenas de Ghirotti na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) evidenciam um preconceito regional e uma centralização cultural, onde o conhecimento produzido fora do eixo Rio-SP é visto como inferior.
Desvalorização do trabalho acadêmico brasileiro
O ambiente hostil à pesquisa científica é retratado através da repressão universitária. No filme, sugere-se repetidamente que os professores abandonem a academia para trabalhar na indústria.
Isso reflete um projeto de desmonte do pensamento crítico, onde a universidade é vista como ameaça ao poder, e não como centro de desenvolvimento.
Cultura e folclore regional
A inclusão de elementos como a lenda da “Perna Cabeluda” demonstra como o folclore pernambucano e o sincretismo regional coexistem com a realidade política. Isso permite discutir a diversidade cultural e o papel das lendas como narrativas que refletem medos e tensões sociais.
Mídia, censura e “Cortina de Fumaça”
A lenda da “Perna Cabeluda” aparece não apenas como folclore, mas como estratégia de manipulação midiática. As reportagens sensacionalistas sobre a lenda serviam para distrair a população (a famosa “cortina de fumaça”), ofuscando notícias reais sobre mortes, torturas e desaparecimentos políticos do regime militar.
Comunidade e rede de apoio
Em contrapartida à repressão, o filme destaca a força da comunidade. A união dos moradores da pensão no Recife cria uma rede de afeto e proteção. Isso prova que a solidariedade e os laços comunitários são formas de resistência e sobrevivência diante do medo imposto pelo Estado.
O cinema como resistência e memória
O cinema é usado como cenário e metáfora para a história. O próprio filme de Kleber Mendonça Filho reinterpreta um período histórico, reafirmando o papel da arte e da cultura como ferramentas essenciais para a reflexão social, construção da memória e resgate histórico.
Além disso, o final, descobre-se que o local onde funcionava o cinema virou um banco de sangue. Essa analogia sugere que, assim como a medicina, a cultura é vital para a sociedade, ambas são responsáveis, à sua maneira, por “salvar vidas” e manter o corpo social pulsando.
Exílio e busca por sobrevivência
A presença de exilados políticos demonstra as consequências da repressão, destacando a necessidade de buscar refúgio e a importância da resistência em contextos autoritários.
No filme, a instituição dirigida por Elza desempenha um papel fundamental ao amparar tanto os perseguidos pelo regime militar quanto às vítimas de guerras internacionais.
Paralelamente, a pensão coordenada por Dona Sebastiana atua como um espaço de acolhimento, abrigando imigrantes angolanos e outras figuras marginalizadas durante a ditadura militar no Brasil.
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