A referenciação está entre as ferramentas essenciais para a construção de um texto coeso e claro, em que a mensagem é transmitida de maneira fluida, o que facilita a compreensão do conteúdo apresentado.
Conhecer a referenciação, saber identificá-la em diferentes contextos e aprender sua aplicação em redações pode ser um diferencial para leitores e escritores da Língua Portuguesa. Do ponto de vista de vestibulares, tais habilidades conferem uma interpretação mais clara dos enunciados e textos apresentados, bem como permitem a escrita de redações de excelente qualidade.
Neste artigo, o Estratégia Vestibulares apresenta um compilado de informações sobre referenciação, com exemplos dessa técnica de escrita. Confira também questões de vestibulares que tratam sobre o tema respondidas e comentadas.
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O que é referenciação?
A referenciação pode ser compreendida como uma forma de organizar o texto, estruturá-lo para garantir que a mensagem seja transmitida da melhor maneira possível. Essa técnica permite que os textos não fiquem tão prolixos ou repetitivos.
Uma leitura fluida do texto, que prende a atenção do leitor, depende que o material esteja escrito com coesão. Ou seja, as frases e parágrafos devem se conectar, criando um fluxo de pensamento lógico, que facilite a compreensão do conteúdo.
+ Veja também: Valores dos conectivos: semântica das palavras
Exemplo de referenciação
Por exemplo, ao divulgar um evento que será realizado em uma cidade, é necessário que as informações estejam dispostas de forma que horário, data e localização fiquem próximos e acessíveis ao público. De maneira semelhante, uma síntese sobre o que vai acontecer no evento pode ser apresentada, para atrair o leitor e informá-lo corretamente sobre como chegar à celebração. Veja um modelo abaixo:
“Amanhã, dia 25 de janeiro de 2024, ocorrerá a Primeira Festa do Morango na cidade de Julinqueira. O evento ocorrerá na praça principal da cidade, ao lado da Igreja Matriz de Nossa Senhora do Rosário, com início às 19h. A entrada é gratuita e os ingressos são limitados, por isso é importante que os espectadores cheguem cedo ao espectáculo.
A comemoração também contará com bandas locais de diversos gêneros musicais, diferentes preparos de morango, como coxinha, hambúrgueres, doces recheados, morango do nordeste, entre outras iguarias culinárias.”
Observe que as informações que se conectam estão muito próximas umas das outras, garantindo que desde o início o leitor esteja ciente de como, onde e quando ocorrerá o evento. Note também que o termo “Primeira Festa do Morango” é substituído por vários outros vocábulos ao longo do anúncio, que estão marcados em negrito. Esse recurso, que é uma forma de referenciação, é utilizado para evitar a repetição fonética das palavras, que pode deixar o texto cansativo e prolixo.
Anáfora e catáfora
Ao aplicar a referenciação, as palavras podem ser referenciadas por meio da:
- Anáfora, quando um vocábulo é inserido para se referir a uma palavra que já foi utilizada no texto. Geralmente é uma forma de fugir da repetição de termos; e
- Catáfora, se o termo referenciado vai aparecer um pouco mais a frente no texto.
“Ana Clara saiu de casa às sete horas da manhã, em sua moto, e se dirigia para mais um dia cansativo no hospital. Depois de enfrentar o trânsito caótico, chegou ao local de trabalho. Embora fosse um ambiente caótico, estar ali despertava o valor mais genuíno de seu ser: ajudar ao próximo.”
Nesse trecho, é possível perceber uma anáfora que faz referência ao hospital, na expressão “chegou ao local de trabalho”. Depois, há uma catáfora que em que o termo “valor” se refere a “ajudar ao próximo.”
Como interpretar referenciação?
Para interpretar a referenciação, é importante levar em consideração todo o contexto da frase. Avaliar como cada palavra se relaciona com a outra. Uma pista importante é pensar que as referências geralmente concordam em gênero e número com as palavras de origem.
Ainda, quando uma frase parecer ambígua, é relevante ler todo o parágrafo e buscar entender qual sentido está mais coerente com a mensagem que está transmitida em todo o texto. Por fim, o processo de referenciação acontece naturalmente no cotidiano, então, a vivência social e o hábito de leitura permitem que essas conexões ocorram de forma automática, com o passar do tempo.
+ Veja também: nterpretação de textos teóricos e científicos: como fazer?
Questão de vestibulares sobre referenciação
Universidade do Estado do Amazonas – UEA (2024)
Só o nome da casa metia medo. O hospício! É assim como uma sepultura em vida, um semienterramento, enterramento do espírito, da razão condutora, de cuja ausência os corpos raramente se ressentem. A saúde não depende dela e há muitos que parecem até adquirir mais força de vida, prolongar a existência, quando ela se evola¹ não se sabe por que orifício do corpo e para onde.
Com que terror, uma espécie de pavor de coisa sobrenatural, espanto de inimigo invisível e onipresente, não ouvia a gente pobre referir-se ao estabelecimento da praia das Saudades! Antes uma boa morte, diziam.
No primeiro aspecto, não se compreendia bem esse pasmo, esse espanto, esse terror do povo por aquela casa imensa, severa e grave, meio hospital, meio prisão, com seu alto gradil, suas janelas gradeadas, a se estender por uns centos de metros, em face do mar imenso e verde, lá na entrada da baía, na praia das Saudades. Entrava-se, viam-se uns homens calmos, pensativos, meditabundos, como monges em recolhimento e prece.
De resto, com aquela entrada silenciosa, clara e respeitável, perdia-se logo a ideia popular da loucura; o escarcéu, os trejeitos, as fúrias, o entrechoque de tolices ditas aqui e ali.
Não havia nada disso; era uma calma, um silêncio, uma ordem perfeitamente naturais. No fim, porém, quando se examinavam bem, na sala das visitas, aquelas faces transtornadas, aqueles ares aparvalhados, alguns idiotas e sem expressão, outros como alheados e mergulhados em um sonho íntimo sem fim, e via-se também a excitação de uns, mais viva em face à atonia de outros, é que se sentia bem o horror da loucura, o angustioso mistério que ela encerra, feito não sei de que inexplicável fuga do espírito daquilo que se supõe o real, para se apossar e viver das aparências das coisas ou de aparências das mesmas.
(Triste fim de Policarpo Quaresma, 2010.)
¹ evolar: voar para longe.
“quando ela se evola não se sabe por que orifício do corpo” (1º parágrafo).
No contexto em que se encontra, o pronome sublinhado refere-se à palavra
A) “saúde”.
B) “existência”.
C) “casa”.
D) “sepultura”.
E) “razão”.
Alternativa correta: E.
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