O vestibular da Fundação Universitária para o Vestibular (Fuvest), responsável pelo ingresso de novos estudantes na Universidade de São Paulo (USP), é composto por duas fases. Na primeira, que dura cinco horas, os participantes respondem a 90 questões objetivas. Já a segunda fase do vestibular, é aplicada em dois dias.
No primeiro dia da segunda fase, os candidatos respondem a dez questões dissertativas e produzem uma redação, enquanto que no segundo dia é a vez de mais 12 questões dissertativas. Confira, a seguir, os temas de redação do Vestibular Fuvest nos últimos dez anos e saiba como se preparar para a dissertação:
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2024 — “Educação básica e formação profissional: entre a multitarefa e a reflexão”
Com citações do filósofo Byung-Chul Han, autor de “Sociedade do cansaço”, e do sociólogo Domenico de Masi, autor de “O ócio criativo”, a coletânea de textos de apoio contava ainda com imagens de obras de arte e postagens de internet, para ajudar os participantes a formularem um texto que tratasse sobre a exigência de um perfil multitarefa por parte da Educação Básica, em detrimento dos momentos de reflexão.
2023 — “Refugiados ambientais e vulnerabilidade social”
Em 2023, a Fuvest pautou como populações mais pobres são mais afetadas pelas mudanças climáticas, tendo que abandonar seus territórios de origem e se tornar refugiados ambientais. O conceito de refugiados existe há bastante tempo, graças às guerras, e o aquecimento global criou essa nova categoria de pessoas sem território. Os textos de apoio traziam textos de Graciliano Ramos e Ailton Krenak , além de uma foto de Sebastião Salgado.
2022 — “As diferentes faces do riso”
Com o tema proposto, a banca da Fuvest divulgou o que era esperado: “Os candidatos devem explorar os aspectos distintos do riso, que podem ser entendidos como característica universal do ser humano, crítica política, enquadramento social e, inclusive, como forma de resistência, dentre outras possíveis abordagens que sejam pertinentes ao tema” Para isso, a prova de redação apresentou cinco textos de apoio que passavam por reflexões acerca da existência do riso e da capacidade de rir em todas as culturas.
2021 — “O mundo contemporâneo está fora de ordem?”
Com uma coletânea de textos potente, a proposta de redação 2021 da Fuvest trouxe uma tirinha de Mafalda, uma música de Caetano Veloso, um poema de Carlos Drummond de Andrade, um discurso de Greta Thumberg e o trecho de um livro sobre neoliberalismo. A banca esperava dos candidatos uma análise crítica das desigualdades sociais e das mudanças climáticas que assolam o planeta na contemporaneidade.
2020 — “O papel da ciência no mundo contemporâneo”
Sem ao menos saber que estava diante de uma pandemia mundial que teria a ciência como protagonista, a prova de redação da Fuvest, aplicada em janeiro de 2020, esperava que os candidatos refletissem a respeito da importância dos avanços científicos frente aos crescentes movimentos que negam a Ciência, como os que acreditam que o planeta Terra é plano ou duvidam da eficácia de vacinas.
2019 — “De que maneira o passado contribui para a compreensão do presente?”
Os candidatos do Vestibular Fuvest 2019 precisaram produzir uma redação que refletisse sobre a importância de conhecer e preservar a História, a fim de entender seus reflexos na sociedade atual. Conhecer o passado escravocrata do Brasil, por exemplo, é essencial para entender as desigualdades sociais e o racismo que ainda se expressam hoje em dia.
2018 — “Devem existir limites para a arte?”
Para esta proposta de redação, quatro dos cinco textos disponibilizados na coletânea eram notícias a respeito de obras e instalações de artes vistas como não convencionais, seja por utilizar animais, sangue humano ou debater identidades queer, as criações geraram desconforto em seus contextos e trouxeram o debate se esse é o papel da arte ou se há necessidade de impor limites aos artistas.
2017 — “O homem saiu de sua menoridade?”
Diferente das outras edições da prova de redação, em 2017 a Fuvest apresentou aos candidatos apenas um texto de apoio. O escolhido foi o texto “Resposta à pergunta: O que é Esclarecimento?”, do pensador iluminista Immanuel Kant, publicado em 1784. A partir desta produção e do repertório próprio de cada concorrente, a banca esperava uma dissertação que respondesse à pergunta-tema.
2016 — “As utopias: indispensáveis, inúteis ou nocivas?”
O primeiro texto da coletânea de apoio apresentou a origem da palavra “utopia”, que nasceu do romance homônimo, publicado em 1516, pelo pensador inglês Thomas More. Os outros cinco excertos traziam reflexões acerca do conceito, estimulando o debate e a resposta à pergunta apresentada no tema.
2015 — “‘Camarotização’ da sociedade brasileira: a segregação das classes sociais e a democracia”
A banca apresentou o conceito de “camarotização da sociedade” em um dos textos de apoio e usou os outros três para desenvolvê-lo, a fim de que os candidatos pudessem refletir sobre como as desigualdades sociais que separam as classes são nocivas para o desenvolvimento democrático dos cidadãos e dos espaços de convívio.
2014 — “Envelhecimento populacional”
No Vestibular Fuvest 2014, os participantes tiveram apenas um texto de apoio. Tratava-se de uma notícia sobre as falas do então ministro de finanças do Japão, Taro Aso, que disse, entre outras coisas, que os idosos deveriam “apressar-se a morrer”.
A prova pedia que os candidatos respondessem em seus textos as seguintes perguntas: essas opiniões são tão raras ou isoladas quanto parecem ser? O que as motiva? O que elas dizem sobre as sociedades contemporâneas? Opiniões desse teor seriam possíveis no contexto brasileiro? Como as jovens gerações encaram os idosos?
Como é a redação da Fuvest?
Segundo o edital do vestibular 2024, a redação da Fuvest deve ser “obrigatoriamente, uma dissertação de caráter argumentativo, escrita em Língua Portuguesa, na qual se espera que o candidato, visando a sustentar um ponto de vista sobre o tema, demonstre capacidade de mobilizar conhecimentos e opiniões; argumentar de forma coerente e pertinente; articular eficientemente as partes do texto e expressar-se de modo claro, correto e adequado”.
Três aspectos são analisados: desenvolvimento do tema e organização do texto dissertativo-argumentativo; coerência dos argumentos e articulação das partes do texto e correção gramatical e adequação vocabular.
As redações são avaliadas por dois corretores e cada corretor atribui pontuação de 1 a 5 para cada aspecto avaliado. As notas são multiplicadas, o que faz com que a nota final varie entre 10 e 50. Caso os corretores tenham divergência maior que um ponto em um determinado aspecto, há uma terceira avaliação, que determina a nota final.
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